Saiba como é a graduação em psicologia em uma universidade pública (federal ou estadual) e veja as principais diferenças com relação às faculdades particulares.

Olá amigos!

Uma curiosidade muito comum em nosso site é a respeito de como é a faculdade de psicologia. Temos, por conta disso, diversos textos que procuram explicar a grade curricular, a estrutura, as mensalidades em faculdades particulares, bem como o mercado de trabalho, salário, áreas de atuação (veja a lista de textos no final deste).

O nosso querido colunista Bruno Almeida escreveu para nós um texto sobre como é a faculdade particular de psicologia. E, eu, Felipe de Souza, como tive a minha formação em uma universidade pública, na Universidade Federal de São João del-Rei, na Universidade de São Paulo e na Universidade Federal de Juiz de Fora, gostaria de compartilhar a minha experiência também. Atendo especialmente ao pedido do nosso leitor Weslley Costa.

O início da faculdade de psicologia

Comecei minha faculdade em 2002. Sem querer entrar em questões políticas, mas já entrando um pouco, no ano anterior 2001, houve um greve que durou cerca de seis meses. Isto afetou quem estava por entrar e, ao invés de as aulas começarem em fevereiro ou março, começaram em junho de 2002.

Assim, a estrutura dos períodos seguiu um cronograma totalmente diferente do comum. O primeiro período acabou em outubro, tivemos férias em novembro e as aulas retornaram em dezembro. E, deste modo, foram os anos seguintes até que conseguimos colocar em ordem o calendário acadêmico.

Se, por um lado, este tipo de problema foi negativo, por outro, acabou que para mim – particularmente – significou fazer a faculdade em menos tempo. Fiz os 9 períodos da graduação (4 anos e meio) em exatos 4 anos, pois como tivemos que enxugar as férias, tive mais aulas do que seria o normal. Apesar de que foi cansativo, para a minha estrutura na época, acabou sendo uma vantagem nesse sentido ter tido esta greve.

Nos anos que estive na graduação (2002 a 2006), os investimentos na graduação e pós-graduação começaram a aumentar. Vi a então FUNREI (Fundação do Ensino Superior de São João del Rei) se transformar em UFSJ (Universidade Federal de São João del Rei) e passar de 9 faculdades para mais de 26. Também vi o surgimento de mestrados e doutorados, a construção de novos prédios e a expansão da biblioteca.

A biblioteca de psicologia da UFSJ

Como sempre gostei muito de ler, passei grande parte do meu tempo durante a graduação na biblioteca. Peguei tantos livros que não saberia contar, mas como certeza ultrapassaram a marca de 1000 livros. A biblioteca desde o princípio do meu curso já era muito boa, com as Obras Completas de Freud e Jung e um bom acervo de todas as áreas da psicologia.

Como disse, com o tempo, vi a expansão da biblioteca com a criação das pós-graduações foram chegando livros em língua estrangeira (especialmente inglês, francês e espanhol). E frequentemente, o governo federal liberava verbas para a compra de novos livros e, em certos casos podíamos até indicar o que estávamos precisando mais.

O material didático são os livros, artigos de periódicos, slides, pesquisas online. Cada professor tem a sua didática. Muitos pedem para que os alunos apresentem trabalhos orais, outros preferem provas escritas e, outros, ainda gostam mais de trabalhos em grupo.

As aulas e a cantina

Neste texto – Faculdade particular ou privada – eu falo sobre as diferenças entre os dois tipos de formação existentes hoje no Brasil. Argumento que a principal vantagem das faculdades públicas (federais e estaduais) reside no fato de que os professores são concursados. Na medida em que a educação é um investimento de longo prazo, os professores que são concursados sabem que poderão realizar pesquisas que durarão dois, três anos. Sabem que poderão acompanhar os alunos desde o primeiro período até a colação de grau.

Desta forma, o planejamento fica mais fácil e o professor tem segurança e estabilidade na carreira para ensinar melhor. Evidentemente, a estabilidade na carreira tem dois lados: os professores que realmente se dedicam e ajudam os alunos e os professores que encontram-se desmotivados, desinteressados ou são displicentes mesmo.

Pelo menos na graduação na UFSJ, a grande maioria dos professores com quem tive contato eram de excelência. Não só eram e são apaixonados pela psicologia (e por uma das abordagens que adotaram) como foram sempre comigo muito solícitos para responder a dúvidas, indicar leituras e orientar no futuro profissional.

Tão importante quanto as aulas, nesse sentido, foram as conversas que tive com os professores e colegas e amigos na cantina ou no pátio do campus. Dúvidas, perguntas, questões, reflexões, ideias tudo debatido de maneira menos formal e até mais divertida e engraçada.

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Campus da Universidade Federal de São João del-Rei (Dom Bosco)

Algumas vezes, uma única frase de um amigo ou de um professor me ajudou a entender um problema com o qual estava me debatendo. E muitas vezes, um professor(a) cria laços verdadeiros de amizade.

Muitos professores são homenageados – de coração – na hora da formatura e todos se emocionam porque são anos (4, 5, 6 anos) que passamos juntos.

A dificuldade e a facilidade da faculdade

Em minha opinião, aprender é como subir uma escada, ou seja, temos que dar um passo por vez e subir um degrau por vez. Se compararmos o primeiro passo com o último veremos que a distância representará um salto. Para ir do primeiro para o último teríamos literalmente que saltar.

Mas se formos acompanhar o progresso de passar o primeiro para o último degrau, passo-a-passo, veremos que é um processo lento e gradual. Às vezes, passar do degrau de conhecimento que está logo abaixo para o degrau que está logo acima é um esforço grande. Às vezes nem percebemos que passamos.

Quer dizer, passar do Ensino Médio para o Ensino Superior é um salto na qualidade e dificuldade de Ensino. Especialmente, porque podemos vir a ter contato com autores que não necessariamente são claros.

Por exemplo, você começa a ler um autor como Freud e ele cita centenas de médicos, neurólogos e psiquiatras logo no primeiro capítulo da Interpretação dos Sonhos. Como é muita informação de uma vez, você poderá ter constantemente a sensação de que não sabe nada.

Mas o que você não sabe é que, em uma pesquisa como a de Freud, ele também levou um bom tempo para ler, analisar, fichar e comentar aquele tanto de autores. Assim como ele, você levará um tempo para assimilar as ideais de vários autores. Um passo por vez. Devagar, mas sempre.

Os professores, geralmente, sabem desta dificuldade de ler certos textos e ajudam selecionando textos mais simples e claros ou indicando bibliografia complementar como biografias, análises históricas das obras ou do contexto de produção, artigos que resumem as ideias, etc.

Conclusão

Para concluir, gostaria de mencionar uma outra diferença grande que existe entre as faculdades públicas e privadas. Como os professores tem dedicação exclusiva, muitos cursos (de graduação e pós-graduação) são oferecidos no período da manhã e da tarde. Embora isto possa dificultar para quem tem um trabalho, existem vantagens evidentes.

Em São João del Rei, a minha graduação foi integral, ou seja, tinha aulas pela manhã, a tarde e a noite. Isto não só facilita o ensino e a aprendizagem como aproxima o professor do aluno e permite o que podemos chamar de imersão total no conteúdo a ser assimilado.

E, como o aluno pode ter dedicação integral, disciplinas optativas são criadas, estágios são elaborados, projetos de pesquisa que levam em conta a disponibilidade do aluno de estudar o tempo todo.

Na USP, onde fiz uma disciplina do doutorado em Psicologia, pude observar – o que foi igual na UFJF – que esta possibilidade de aulas pela manhã e a tarde (e não só a noite) é excelente para todos.

É claro que as universidades públicas possuem o regime noturno e as universidades privadas podem ter atividades matutinas ou vespertinas, mas digo que esta possibilidade é mais frequente nas federais e estaduais. Em muitos casos, os alunos conseguem bolsas de estudo como bolsas de iniciação científica ou, nos níveis seguintes, bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, o que, por sua vez, permite com que o aluno não trabalhe ou tire licença para estudar dependendo do seu cargo.

Veja também:

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Você se arrepende de ter feito a faculdade de psicologia?

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