Olá amigos!
Freud disse que educar é impossível. Esta frase pode ser interpretada em vários sentidos, e é especialmente útil para pensarmos a adolescência, fase na qual parece que a educação (por parte dos professores e pais) se torna impossível. A impossibilidade da educação, ou de parte dela – que fique bem claro desde já – não reside na incapacidade dos educadores. Podemos dizer que a educação se torna impossível porque existe a individualidade, porque existe o desejo, porque existe a vontade de se conhecer, porque existe a individuação, porque existe a tendência à autorrealização.
Assim, neste processo de crescimento, a adolescência não é a única fase de grandes mudanças. No primeiro ano de vida, nós passamos pela maior transformação física, de um bebẽ que quase não abre os olhos, para alguém que consegue falar e andar. Aos trinta, começa uma nova grande fase de mudança, com o gradual declínio da vitalidade e metabolismo. Certas pessoas começam a sentir estas mudanças já aos 29, 30 anos, mas o mais comum é entre os 35-40 anos. Muitos casamentos terminam, muitas pessoas mudam de trabalho, mudam de cidade. Apesar de ser considerada uma “crise da meia-idade”, ela também pode ser um momento muito criativo. As maiores obras de artes foram elaboradas quando os artistas tinham esta idade.
E a adolescência, mesmo sendo pensada como uma fase difícil, também pode e deve ser uma fase criativa. Na verdade, é a fase na qual o sujeito começa a se livrar de seus pais, da dependência emocional deles e começa ser o seu si-mesmo. Porém, para fazê-lo, é preciso ir contra a educação recebida, é como um movimento natural de rebeldia, de sombra que faz com que possam ser criados diversos conflitos familiares.
Para os pais, isto pode ser muito complicado, porque eles estão assistindo à mudança de seus bebês para seres independentes e diferentes de quem eles são e, muitas vezes, diferentes do que eles pensam e acreditam. Nesse sentido, é como um rompimento com o narcisismo, a tendência de ver os filhos como um reflexo de si mesmo. Este medo pode transformar-se em controle excessivo, que, gerará, por sua vez, mais rebeldia.
Leia também – O que você pode e o que você não pode controlar
Como lidar com a adolescência rebelde
Bem, acho que o primeiro passo é entender o processo de mudança que acontece nesta idade. Todos sabemos que o corpo passa por outra transformação incrível, visando à capacidade reprodutiva. Em termos culturais, morais e religiosos isto pode ser escondido, escamoteado, engambelado mas no final das contas o que acontece é simples de entender, no nível do corpo.
Minha bisavó casou e teve seu primeiro filho com 13 anos. Hoje, fala-se muito em gravidez na adolescência mas, biologicamente, à partir do momento em que há a primeira menstruação há a possibilidade de reprodução. Quer dizer, se tirarmos todas as concepções culturais, morais e religiosas veremos que nesta fase há a mudança para que seja possível iniciar uma nova geração, certo?
Claro que podemos imaginar que será mais fácil e mais tranquilo se a pessoa tiver filhos mais tarde, quando tiver mais condições financeiras e estabilidade. Porém, também precisamos ver a verdade de que, neste nível físico, o que acontece é a mudança com fins reprodutivos.
Psicologicamente, as mudanças são mais mais variadas e podem ir do isolamento social e depressão, passando pela ligação a um grupo determinado até a tentativa de fugir de casa. Enfim, como se diz, cada caso é um caso. É comum que as famílias não vejam as mudanças que estão ocorrendo para quem é mais introvertido e sofre as mudanças em silêncio, dentro do seu quarto. Muito diferente de quem quer sair, briga para poder ter mais liberdade e veste roupas inusitadas.
Muitos pais me fazem esta pergunta do título: “Como lidar?” ou “O que fazer?”
Eu diria que, depois de entender que é um processo de mudança físico e psicológico profundo, no qual o sujeito está começando a se conhecer, o segundo passo é ter paciência. Pois existe um período mais crítico, que geralmente vai dos 14 aos 16 anos e que tende a passar depois disso. Os orientais dizem que a paciência é a maior das virtudes e ela se baseia neste simples pensar: “Isto vai passar”.
O que é mais recomendado por psicólogos de todo o mundo é ter abertura para o diálogo. Isto pode ser muito difícil para ambas as partes, ou seja, conversar com sinceridade sobre o que cada um está passando. Mas ao menos deixar a porta aberta para quando o adolescente quiser conversar, já é um bom começo.
Mas o que eu mais recomendaria é diminuir o controle. Lembrando da frase do Freud, educar é impossível, nós podemos pensar que a educação torna-se impossível porque é impossível controlar o outro. Uma criança é mais simples de fazer obedecer, de estabelecer limites, de impor disciplina até porque é a fase em que a pessoa está imitando e aprendendo sobre o que pode e o que não pode ser feito.
Um adolescente, por outro lado, já sabe de tudo isso e está tentando sempre descobrir como romper estes limites e, mais do que isso, está tentando descobrir quem ele ou ela é. Porque começa a ficar claro que não se deve imitar o pai ou a mãe. Os ídolos, os heróis não são mais os pais, mas pessoas muito diferentes, como cantores, atores, escritores. Como é o momento de separar um pouco de seu meio familiar e encontrar o seu próprio meio, é possível se perder um pouco. Quem educa deve deixar o processo acontecer, porém, sempre de olho no que está acontecendo para ajudar no que for preciso.
E se você é um adolescente que está a ler o texto, o caminho é sempre procurar ser você mesmo, aceitar quem você é independente da opinião dos outros. Recentemente eu vi esta frase do Oscar Wilde e achei sensacional: “Seja você mesmo, todos os outros já existem”.
Dúvidas, sugestões, críticas e ideias para novos textos, por favor, comente abaixo!
Tenho 19 anos e desde os 14 anos não converso mais com ele sobre coisas pessoais, tanto que nunca apresentaria uma namorada minha pra ele… Aos 15, ele me disse que quando as crianças viram adolescente, perdem a graça, talvez seja por que não consegue mais controlar os filhos que já tem uma ideia, fato que me fez sair de casa aos 18, mas regressando após um ano morando sozinho… Como dito neste texto, os filhos crescem e tem suas ideias, e raramente a influência familiar muda este fato…
Parabéns por este texto Felipe, através dele consegui identificar algumas partes do meu eu…
Obg
Me identifiquei bastante com este texto… Parabéns Felipe por compartilhar seu conhecimento…
Uma dúvida, vc ouve Paramore?
Olá Allan,
Fico feliz que tenha gostado!
Talvez este texto lhe ajude – Perdão: técnica para perdoar
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Não conheço o Paramore a fundo, Allan. Porque você se lembrou?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Foi por causa da imagem da menina rebelde do tema deste texto, que é a calpa do álbum desta banda, sendo ela a vocalista…
Olá, Felipe!
Sempre dou uma lidinha nos seus textos, mas gostaria de saber se vc dá palestras tbm!
beijos
Parabéns pelo teor do texto; penso que grande porcentagem de conflitos da adolescência são criados pelo excessso de importância que lhes é dada. Viver é difícil; as crises podem nos imobilizar ou alavancar para melhor! Acredito que e alguma forma os adolescentes percebem isto, mas infelizmente os adultos que os acompanham não! Bom senso é tudo que foi propagado neste texto. Parabéns.
Olá Allan,
Então, não conheço muito bem esta banda, para ser sincero.
Em 1999, quando tive a minha fase de rebeldia, ouvia nirvana.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Jéssica,
Já participei de diversos cursos e programas de tv.
Você pergunta com o interesse de me convidar para palestrar?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Tereza,
Eu vejo que é mais difícil para os pais enfrentar este momento do que é para os filhos.
Existe não só o medo de perder aquele ser da infância que se criou com tanto carinho, como preocupações com assaltos, sequestros, drogas e muitas outras tragédias da nossa sociedade.
É um pouco difícil controlar a preocupação totalmente, mas a melhor dica é mudar o foco e, ao invés de imaginar o filho ou filha em perigo, imaginar cenas positivas, em que tudo está correndo bem, assim como muitas pessoas ainda fazem orações de proteção (o mecanismo psicológico é o mesmo).
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Ta certo Felipe… Sou rockeiro e adoro essas bandas mais antigas (até os anos 90)… Paramore é uma banda atual, não ouço eles, novas bandas NUNCA serão tão veneradas como os clássicos dessa época…
OBS: Não sou fã de Paramore…
Vai ainda uma curiosidade, não sei se vc sabe, mas Kurt era bipolar…
Inclusive vai uma sugestão… Que tal um texto sobre inteligência bipolar baseado em artistas?
Valeu…
Sempre muito bons seus textos! Considero que fui feliz, sou, em relação a educação de meus filhos, e, soube lidar bem com as mudanças de fazes deles que são dois, uma menino e uma manina. Já não são crianças!! Acontece que o garoto que fez 18 anos em janeiro é ansioso, muito ansioso. Eu tento dizer a ele, (com cuidado) para ele buscar ajuda, me ofereço como ouvinte…ele sempre diz: estou bem, se eu realmente precisar te falo… Ele tem dificuldade para dormir, é agitado o tempo todo desde pequeno, me liga no meio da madrugada dizendo que teve um mau pressentimento, pergunta várias vezes se eu realmente estou bem…Se por acaso, eu não perceber uma mensagem dele no meu celular, ele liga achando que eu ignorei… E por ai vai. É complicado! Ele é esforçado, estudioso, não é preguiçoso… Você tem alguma dica para eu ajudá-lo Felipe? Obrigada, um abração, sucesso sempre…
Olá!
Então, você é de Campinas? A faculdade que eu estudo abre sempre para palestras durante uma semana dedicada ao dia do psicólogo. Eles são super abertos, se você tiver interesse… Mas, na verdade, perguntei também porque gostaria de assistir. Aqui na minha cidade dificilmente ocorre esses eventos. Se você souber de algo pode me convidar!
Beijos
Olá Allan,
Bem, devemos desconfiar um pouco destes diagnósticos de famosos, ok?
Isto porque um diagnóstico – se for feito por um profissional sério – será sempre sigiloso. Podemos tentar fazer um perfil através das obras do artista, mas mesmo assim não será o mesmo que um diagnóstico clínico.
Mas sobre o tema da bipolaridade, já temos diversos pedidos e em breve escreveremos sobre.
Grande Abraço!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Fran,
Sempre um prazer ler seu comentário por aqui!
Para a ansiedade, o melhor caminho – além da terapia – é a meditação. Mas a meditação exige constância e disciplina que nem sempre estarão presentes no começo. Então, se não for pela terapia ou pela meditação eu recomendo o livro “O Poder do Agora”.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Jéssica,
Interessante!
Bem, se for possível para ti, você poderia passar o meu contato para eles. Quem sabe podemos combinar uma palestra para logo mais, não é mesmo?
Sobre eventos é um pouco difícil na estrutura atual do site de divulgarmos tudo o que acontece. Mas é fácil, é só você pesquisar por congressos de psicologia no google.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
olá. tudo de bom para si. gostaria que me ajudasse com conteúdos de psicologia de educação, visto o senhor é bom nesta área. Nâo só o meu País carece muito de Bibliografia. por outro lado gostaria de estudar a Psicologia sexuais em online. sucesso nos seus afazeres.
Olá, Felipe!
Gostei muito do texto, pois estou pesquisando sobre a adolescência, já que vou apresentar um trabalho sobre esse tema. Obrigada! Muito bom!!!!!
Att,
Miriam
Olá Avelino!
É um prazer para mim receber o seu comentário ai de Angola.
Estaremos sempre publicando novos textos sobre psicologia da educação e sobre sexualidade, ok?
Basta você se cadastrar para receber os novos textos por email.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Miriam,
Fico muito feliz que tenha gostado do texto!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Ha uma tese nos ditos populares q diz: “se não puder vencer o inimigo, se alie a ele”. Apesar de todos problemas q vivenciamos em nossa existencia; nao podemos esquecer q a vida sempre segue seu curso normal. Podemos comparar com um diamante: Ate podemos lapidar; mas nao, mudar drasticamente.Eu observo muito a natureza por q vejo o manual da vida. Nela encontramos uma caracteristica natural de compararmos segmentos diferentes sobre tudo q existe.
Olá Domingos,
A frase do ditado popular é muito verdadeira no caso da educação de adolescentes.
Ficar contra eles, não é a melhor estratégia.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa tarde Felipe gostaria que vc colocasse temas como lidaar com adolescentes em conflito com a lei
Olá Maria!
Boa sugestão!
Já está anotado e em breve escreveremos sobre o tema, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
bom dia amigo, um amigo sabendo que sou estudante de psicologia perguntou se eu poderia ajuda-lo com um probleminha com o seu filho, e eu disse se estiver dentro do que já estudei posso tentar, ou procurar me informar com pessoas mais experientes no assunto ao qual você quiser saber. Então ele me contou que seu filho assistindo televisão em um horário em que estava passando uma novela viu dois homens se beijando e foi perguntar sua professora a mesma a respeito dessa cena que ele presenciou e ela respondeu que era normal nos dias de hoje. Bem eu não sei mas o que seja normal respondi pra ele para essa professora pois todos aqueles que não procuram o conhecimento tendem a não saber dar uma informação que pode até mesmo mudar a vida de alguém. E tentei explicar que o primeiro passo seria ele conversar com o seu filho e tentar aconselhar ele das mudanças sociais que estão acontecendo, e tais mudanças podem ser benéficas ou maléficas dependendo do caminho que seguirmos, e sim devemos saber como lidar pois são elas que vão mudar a nossa concepção de educação continuada para os nossos futuros filhos.
Olá Francisco!
Interessante seu comentário!
Estou programando um texto sobre novas famílias e relações de gênero.
Em breve estará online, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
gostei muito do texto , pois tenhouma filha que nao gosta de estudar , e rebelde quer sair com amigos punks moicanos chinga muitotodo mundo, sabe as vezes acho que vou enlouquecer do lado dela detalhe ela so tem treze anos, lendo textos como o seu paro e consigo refletir pelo menos … obrigada acho que muitas maes tristes tambem gostaram se saber que isso um dia vai passar e quem sabe nossos filhos sejam bem falados tb ne ?
Olá Vania,
Obrigado por comentar!
Sim, é uma fase que tende a passar.
Felicidades para você e para a sua filha!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Felipe , vc atende em consultório ?
Olá Renata, no momento atendo online.
Olá Felipe, obrigada pelo texto tão fácil de acompanhar. Estou repassando-o a uma mãe que me procurou pelo trabalho socio-jurídico-assistencial que faço na Holanda. Já havia falado a ela algumas de suas observações e agora com o texto completo acredito que ela ficará melhor orientada. Boa sorte e saúde.
Corrigindo meu nome e o site de nossa ong, na Holanda