Olá amigos!
No último texto, falamos a respeito de Como lidar com as críticas. O medo de errar está intimamente relacionado com o medo de receber críticas. E se pensarmos quantos sonhos, quantos projetos – realmente positivos, construtivos, engrandecedores – deixam de ser realizados pelo simples fato de se ter medo de errar, de não desejar ouvir uma ou outra crítica!
Enquanto estava pensando no tema deste texto, me lembrei do Silvio Santos orientando uma apresentadora de TV, que estava recebendo muitas críticas. Ele disse apenas: “- pare de pensar nestas críticas! Todo mundo erra. Siga em frente”. Claro, não exatamente com estas palavras, mas o sentido era este.
É interessante ouvirmos este pensamento de um dos maiores empresários do Brasil. Óbvio que ele foi (e é) criticado… se ele fosse paralisar, por querer ser só elogiado, ele não teria conseguido atingir os objetivos que tinha para si. E você? Está com medo de errar? Bobagem! Siga em frente!
Medo de errar
Pode parecer estranho colocar desta forma, mas nós aprendemos errando. Se lembrarmos da escola, veremos quantas contas erradas de matemática fizemos até acertar, quantas horas tivemos que errar, treinando a nossa caligrafia até a letra ficar bonita… e em todas as matérias foi assim. As questões erradas nas provas também chamam muito a atenção, e, se formos espertos, aprenderemos nas questões erradas o que estamos precisando estudar mais.
Ora, se aprendemos errando (além da observação e imitação dos comportamentos de outras pessoas que tomamos como ideal), para que ter medo de errar? Olhando desta forma, vemos que ter medo de errar seria igual a ter medo de aprender.
Thomas Edson, um dos maiores inventores e gênios que a humanidade já viu, disse certa vez o seguinte quando estava tentando encontrar uma solução para a criação da lâmpada elétrica. Sim, antes não existia a lâmpada, rsrs. O criador dela, depois de tentar milhares de vezes, disse:“Eu não falhei, encontrei 10 mil soluções que não davam certo”.
A bobagem de não seguir em frente
Quando eu me formei, trabalhei durante 1 semana em um asilo. Por uma série de motivos, eu pedi para sair. O trabalho seria para ser por 4 meses – para cobrir uma licença maternidade. Fiquei um pouco chateado de não ter dado continuidade. Afinal, talvez pudesse ter avaliado melhor o fato de que, ao substituir uma outra pessoa durante tão pouco tempo, não teria muito espaço para desenvolver o meu próprio trabalho. Ou seja, teria apenas que fazer do jeito como era feito e seria feito depois.
Enfim, estava chateado com isso e uma grande amiga me disse: “Felipe, agora você já sabe o que você não quer”… Eu segui em frente e fui trabalhar com Recursos Humanos. Fiquei seis meses e saí. Foi um outro “erro” profissional, mas outra oportunidade que tive de saber o que eu não quero.
Será que eu poderia ter aprendido sem errar? Na oportunidade do asilo, penso que sim. Com Recursos Humanos, penso que não. Até hoje eu gosto da área. Às vezes ainda fico pensando de estudar administração, economia, marketing (todas estas áreas tem íntima relação com RH). Às vezes fico pensando, mas sei que voltar a trabalhar na área seria errar de novo… Portanto, só pude aprender errando e seguindo em frente.
Também aprendemos por comparação, por contraste. Quando saí do asilo, saí do trabalho com idosos e fui trabalhar com jovens em busca de oportunidades profissionais. Fui, então, acumulando experiências em outros trabalhos (esses não foram “erros”): o tempo do mestrado, do doutorado, os pacientes do consultório e os pacientes da psicologia online.
Olhar para o passado e ver os nossos caminhos, é interessante. Foram erros? Às vezes duvido. Devo me criticar por ter “errado”? Penso que não. Aprendi sempre muito.
Olhar para frente
Embora olhar para o passado possa ser uma oportunidade de reflexão, é o futuro que importa. É para lá que vamos, não é mesmo? Sempre mantendo a maior parte do tempo nossa mente no presente (e imaginando projetos positivos, construtivos e até grandiosos) para o nosso futuro, podemos tranquilamente deixar de lado o erro – certo – de ter medo de errar. Críticas virão, muito provavelmente. Vamos deixar elas virem e irem com o vento…
Para concluir, gostaria de deixar um pensamento do autor que estudo no Doutorado e estudamos no Curso Jung:
“Quando seguimos o caminho da individuação, quando vivemos nossa vida, é preciso também aceitar o erro, sem o qual a vida não será completa: nada nos garante – em nenhum instante – que não possamos cair em erro ou em perigo mortal. Pensamos talvez que haja um caminho seguro; ora, esse seria o caminho dos mortos. Então, nada mais acontece e em caso algum ocorre o que é exato. Quem segue o caminho seguro está como que morto” (JUNG, 1975, p.337)
Querido professor, muito bom este tema e o anterior. Acho que me enquadro na tipo, não só por medo de errar, mas por medo de não dar certo. Talvez por isso não me empenhe como deveria em aviar meus projetos. Pensarei em suas palavras e buscarei a coragem que setá me faltando. Obrigada em meu e em nome de todos os medrosos.
Olá Eliane,
Na Ética a Eudemo, o Aristóteles tem um pensamento muito interessante sobre a coragem:
Há cinco espécies de coragem, assim denominadas segundo a semelhança: suportam as mesmas coisas, mas não pelos mesmos motivos. Uma é a coragem política: provém da vergonha; a segunda é própria dos soldados: nasce da experiência e do facto de conhecer, não – como dizia Sócrates – os perigos, mas os recursos contra eles; a terceira brota da falta de experiência e da ignorância, e por ela são induzidas as crianças e os loucos, estes quando enfrentam a fúria dos elementos, aquelas quando pegam em serpentes. Outra espécie é a de quem tem esperança: graças a ela, arrostam os perigos aqueles que, muitas vezes, tiveram sorte (…) e os ébrios; o vinho, de facto, excita a confiança.
Outra ainda dimana da paixão irracional, por exemplo, do amor e da ira.
Se alguém está enamorado, é mais temerário que cobarde e enfrenta muitos perigos, como aquele que no Metaponto matou o tirano, ou o cretense de que fala a lenda; o mesmo se passa com a cólera e com a ira. Pois a ira é capaz de nos pôr fora de nós. Por isso, se afiguram também corajosos os javalis, embora não sejam; quando fora de si, têm uma qualidade semelhante, de outro modo, são inconstantes como os temerários. Todavia, a coragem que nasce da ira é a mais natural: a ira é, efetivamente, algo de invencível, e é por isso que os jovens lutam melhor. A coragem cívica, pelo contrário, brota da lei. Nenhuma destas espécies é, na realidade, coragem, mas todas são úteis para encorajar nas situações de perigo”.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Querido Felipe de Souza….
Não sei se no meu caso é o medo de errar que predomina ou o medo de tentar e desistir como sempre acontece. Já comecei três faculdades e desisti de todas, no começo sinto-me empenhado, decidido e feliz pela ideia de começar “algo” e quando começo logo sinto vontade e desanimo o suficiente para desistir do que estou fazendo. Agora por exemplo to super animado para fazer psicologia ano que vem e ao mesmo tempo que faço planos, já penso em nem tentar fazer psicologia ano que vem. Tenho muita dificuldade em fixar em algo, ir em frente, e ao mesmo tempo desespero por não conseguir dar continuidade. Observando alguns amigos fico admirado com o foco e a determinação deles, o que falta pra mim, ou então os perco em algum momento e não consigo resgatá-los. Já estou meio frustrado por algo que nem se quer comecei. Existe uma fórmula para manter o foco e a determinação?
Olá Marcos,
Neste caso eu sugiro que você procure fazer Orientação Profissional com um psicólogo ou psicóloga, ok?
A Orientação vai te ajudar a manter o foco e, antes disso, ajudar a compreender qual é ou quais são os melhores caminhos para ti. Embora você possa mudar ao longos dos meses, no longo prazo é natural que você mantenha a tendência de gostar das mesmas coisas. Por isso, a Orientação Profissional é recomendada, para que você descubra em si mesmo o que é permanente e mais constante, do que é apenas uma paixão momentânea.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Geralmente gosto de escrever de maneira correta, a não ser quando estou entre os mais íntimos, ou pessoas que admiro, mas costumo tentar não parecer que não sei usar a gramática. Feita a introdução, já posso me expressar melhor: kra, tu é sinistro! manero! Curto muito teus textos! E tu é jovem! Queria saber tua idade. Eu quando li as coisas que você diz, parece de uma sabedoria tão grande, porém de uma calma e jovialidade tão enormes, que achei que tu tinhas 60 anos de idade! Eu tenho 28, e não sabia que eu conseguiria encontrar alguém tão sábio, e que esse alguém fosse tão jovem! Parabéns, eu tinha perdido minha fé na humanidade e em psicólogos, você realmente é incrível como ser humano e como psicólogo! Desejo que cresça cada vez mais em tudo na tua vida! ^^
Olá Diego!
Obrigado meu caro!
Fico muito feliz com o seu feedeback. Então, eu nasci em 1984. Só fazer as contas, rsrs.
Desejo-lhe igual sucesso e felicidade!!!
Atenciosamente,
Felipe de Souza