A entrevista psicológica é utilizada em todas as áreas da psicologia. Em especial, na psicologia clínica e na psicologia organizacional – aonde encontramos a entrevista psicológica para os candidatos a uma vaga de emprego.

Neste texto, você conhecerá mais o que é a entrevista psicológica e as principais definições. Leia também sobre a entrevista na psicanálise.

A entrevista é definida por Bleger (1991) como um instrumento de investigação, um dos procedimentos que o profissional, no caso, o psicólogo, dispõe em seu trabalho a fim de alcançar objetivos como investigação de um problema ou elaboração de diagnóstico.

Basicamente, as entrevistas podem ser de dois tipos: abertas ou fechadas, sendo que as variações ocorrem em grau (mais ou menos abertas ou fechadas).

Nas entrevistas fechadas, ou estruturadas, como também são conhecidas, as perguntas são previamente formuladas e ordenadas e o entrevistador não pode alterar esta disposição.

Na entrevista aberta (não-dirigida ou não-estruturada) o entrevistado tem ampla liberdade para discorrer sobre um assunto, e o entrevistador, liberdade para formular e/ou alterar as perguntas de acordo com o fluxo da entrevista, bem como para fazer intervenções (o que não é possível nas entrevistas fechadas).

A entrevista, em geral, não deve ser confundida com uma anamnese. A anamnese é apenas uma compilação de dados da história do sujeito, e a entrevista vai além, configurando um campo de investigação de um problema e seus entornos.

Na entrevista, o problema apresentado é delineado por variáveis que dependem do entrevistado, por isso uma única entrevista não é suficiente para esgotar um assunto: muitos fatores estão em jogo na situação de entrevista, por exemplo a ansiedade e o fator tempo, fazendo com que seja necessário um prosseguimento. Ainda assim não se objetiva esgotar um assunto, mas ampliá-lo ao máximo.

Além disso, leva-se adiante uma entrevista pela suposição de que o entrevistado/paciente possui uma organização histórica de sua vida e um esquema representativo daquilo que está vivendo.

Nas entrevistas iniciais o paciente deve ter liberdade para dizer livremente de seus problemas, a partir do ponto que preferir e incluindo os pontos que desejar (Ocampo, 1981). Embora a entrevista seja pautada basicamente em cima da fala do sujeito, há algumas coisas que ele não é capaz de transmitir sob a forma de um conhecimento, mas as deixa emergir de outras maneiras, através de lapsos, comportamentos não-verbais, contradições no discurso.

O entrevistador deve intervir o mínimo possível. Segundo Ocampo (1981), isto deve ocorrer apenas quando o sujeito não sabe como começar ou continuar um assunto, quando ocorre uma paralisação do discurso em função do aumento de ansiedade, ou para pedir que o sujeito fale mais sobre o assunto. Essas intervenções devem ser feitas da maneira mais ampla possível.

Os teóricos da abordagem não diretiva foram os primeiros a sistematizarem o que ocorre numa entrevista. Para Mucchieli (1978), a entrevista é uma forma de indução, cujo objetivo é levar o cliente a expressar seu problema.

Benjamin (1978) analisa os tipos de perguntas e os efeitos das mesmas sobre o cliente. Miranda e Miranda (1986) atentaram que a pessoa do entrevistador é elemento fundamental – este precisa possuir qualidades pessoais para estabelecer uma relação interpessoal com o cliente. Rogers & Rosenberg (1977) dizem que o terapeuta é apenas um facilitador, ou seja, que a entrevista sempre deve ser centrada no cliente.

Balau (1980) diz que entrevista é uma interação verbal entre duas ou mais pessoas. Desta forma, deve-se centrar um estudo sobre a entrevista de forma a evidenciar as variáveis que controlam o comportamento do entrevistador e do entrevistado.

Já Hermansson (1988) acreditava na interferência de inclinações posturais. Pois a “imagem” que o terapeuta passa seu cliente, é acima de tudo muito importante, uma vez que o cliente pode se sentir influenciado por esta imagem.

Autores comportamentais vêem na entrevista um instrumento para coleta de dados a ser utilizada na avaliação comportamental. Do ponto de vista comportamental, a entrevista consiste em habilidades que podem ser aprendidas.

Nas ciências sociais, mais especificamente em atividades de pesquisa, a entrevista vem sendo amplamente utilizada, como instrumento que possibilita a coleta sistemática de dados.

Já na realidade clínica, a entrevista se encontra envolvida em questões que ultrapassam a simples instrumentalidade da coleta de dados, uma vez que esta serve para se poder levar adiante uma intervenção desta natureza e, para a precisão diagnóstica necessária ao bom andamento do atendimento psicológico online ou presencial.