A ideia de que o “Inconsciente está estruturado como linguagem” é do psicanalista francês J. Lacan.

Embora, evidentemente, esta noção já esteja presente na obra de Freud e outros psicanalistas, o modo como ele definiu o inconsciente nessa frase ficou mundialmente conhecido.
Na época de Freud, a linguística como ciência estava em seus primórdios. Por isso, Freud não fala em significante e significado ou signo, mas sim em representações inconscientes. Os atos falhos (erros na fala, esquecimentos) os chistes (ou piadas) e os sonhos possuem uma forte relação com a linguagem.
Na obra de C. G Jung, podemos encontrar também a importância da linguagem. No começo do século passado, Jung criou o teste de associação de palavras. Funcionava assim:
Jung pegava uma lista grande palavras. A cada palavra, o sujeito tinha que associar outra palavra. Se a pessoa demorava para dizer a palavra ou se falava a mesma palavra ou a palavra contrária, era indício de que aquela palavra era importante para a vida do sujeito.
Naquelas palavras importantes, poderíamos ver os complexos. Os complexos são a reunião de uma palavra com o afeto, com emoções. Complexo = afeto + palavra.
J. Lacan, por sua vez, frisou a importância da linguagem na psicanálise, retomando a linguística de Saussure (o criador da ciência da linguagem conhecida como linguística).

Um signo é composto de significante e significado. O significante é o som, a imagem acústica. Pense na palavra russa Тоска, que dizem ser “a palavra mais intraduzível do mundo”. Тоска (o som é Toská), segundo o escritor Nabokov:

“Nenhuma palavra em inglês transmite todas as nuances da тоска. Por mais profunda e dolorosa, ela é ainda uma sensação de angústia espiritual, frequentemente sem uma causa específica. Em níveis menos mórbidos, é uma dor boba na alma, uma sensação de falta sem ter do quê, um definhamento doentio, uma inquietação vaga, espasmos mentais, um desejo ardente. Em casos particulares, pode ser o desejo por alguém ou alguma coisa específica, uma nostalgia, uma dor de amor. Em um nível mais simples, é um enfado, um tédio”.
O som Toská é apenas um som, ou seja, é um significante. O significado é o que Nabokov tentou transmitir.
Simplificando, quando você não sabe o que é o significado (o sentido) de uma palavra, você tem o significante.
“O inconsciente estruturado como linguagem” de Lacan não é, como muitos pensam, um poço escuro, escondido, algo que está por baixo da consciência… o Inconsciente está na linguagem.
Aparece quando falamos, na importância que damos a certas palavras, conceitos, ideias. Naquela palavra que se for mencionada em uma conversa te deixará triste, nervoso, com raiva, com saudade, com Toská…