“A pior solidão é não estar confortável consigo mesmo” (Mark Twain)

Olá amigos!

Ontem, pela primeira vez, vi um vídeo de um dos criadores da PNL. Por incrível que pareça, é relativamente raro vermos entrevistas ou palestras de Richard Bandler ou John Grinder em pesquisas em vídeo no youtube. O vídeo que vi trata do tema: como aumentar a autoconfiança e superar a baixa auto-estima?

Como o vídeo está em inglês e não foi legendado, comentarei o seu conteúdo (o vídeo está disponível no final do texto).

O problema da definição de conceitos

Sempre quando vamos responder uma pergunta, temos que ter em mente o conceito com o qual estamos trabalhando. Nas faculdades de humanas, isso é um grande problema nas aulas porque os debates podem se estender justamente porque não se tem um conceito unívoco. Por exemplo, falar de simbólico é uma coisa em Lacan e falar de conteúdo simbólico em Jung é totalmente outra.

Então, precisamos saber como definir um conceito, para começo de conversa. No vídeo, Bandler começa questionando o que é autoestima.

Vamos parar por um segundo. O que é autoestima? Todos nós parecemos ter um conceito sobre autoestima. Ouvimos falar de pessoas com baixa autoestima, vemos notícias na TV, talvez lemos uma artigo ou um livro. Mas o que é autoestima?

Bem, autoestima é uma palavra para designar um grupo de comportamentos. Na psicologia, o termo é utilizado para descrever o que uma pessoa pensa e sente sobre o seu valor próprio. Para muitos teóricos, a autoestima deve ser entendida como um traço de caráter, já que existe a tendência de ser estável ao longo do tempo, ou seja, se uma pessoa tem alta autoestima tenderá a ter alta autoestima também no longo prazo. Além disso, a autoestima envolve a avaliação da própria aparência, habilidades, emoções, crenças, etc.

Ora, temos uma definição geral. Mas como vamos definir em detalhes o que é autoestima? Em outras palavras, como podemos observar a autoestima?

Esse é um problema frequente em todas as ciências humanas, que, na filosofia, aparece com clareza a partir do século XI com o nominalismo. Para o nominalismo, não existem conceitos universais. Os conceitos universais (como justiça, autoestima, inteligência) são apenas nomes para descrever grupos de coisas particulares.

No vídeo, Bandler pega este argumento e afirma que os psicólogos tem falado de autoestima e as pessoas ficam presas nessa palavra. Para o criador da Programação Neurolinguística, às vezes nos sentimos mal e às vezes nos sentimos bem – a respeito de quem somos. E o fato de nos sentirmos bem e nos sentirmos mal não é algo ruim. Ele argumenta que é até importante se sentir mal ou sentir medo em certas ocasiões.

O problema reside na visualização do passado, do que não foi feito e na junção de sensações corporais desagradáveis com o que não foi feito ou não foi bem feito e aí, passamos a falar em autoestima. Ou seja, o foco da atenção do que é lembrado visualmente ou auditivamente não é o que conseguimos fazer, e sim o que não conseguimos.

E o que a escola tem a ver com isso?

A escola que fomos quando crianças e a escola para a qual vão nossos filhos não mudou muito desde que foi criada. A estrutura medieval é a mesma. O que é algo excessivamente triste. Esses dias fui em uma reunião de pais e a diretora estava falando com orgulho que era proibido usar celular nas aulas, que eles tinham criado um sistema de proibição total, no qual os alunos tinham que ou não levar o celular ou guardar em uma caixa até a saída. Uma perspectiva incrivelmente idiota. E em um colégio com um sistema de ensino tido como um dos melhores do pais.

Digo incrivelmente idiota porque seria o mesmo que não usar uma caneta esferográfica e ter que ficar limitado a uma pena. Ou ter que usar papiros e não poder usar livros. O objetivo é excluir a tecnologia? Adotar a perspectiva dos amish?

Então, é fácil de ver que a escola parou no tempo. Embora tenha sido excluída a palmatória, pouca coisa mudou. Os alunos ainda são avaliados pelo que memorizam e são sistematicamente punidos com notas. O que o sistema faz, e nisso concordo com Bandler, é frisar o tempo todo o que não está bom. Ora, não é a toa que as crianças se sintam mal consigo mesmas e queiram sair correndo da escola e fiquem “hiperativas” e não queiram prestar atenção no que o professor está falando de maneira monótona por horas.

Portanto, existem consequências desse processo de escolarização. A que vejo ser a mais impactante é no ensino das matérias de exatas. Como é preciso responder com exatidão cada pergunta em uma prova ou em um trabalho, uma boa parte dos alunos acaba recebendo só feedbacks negativos e passam a acreditar que não são bons em matemática, física, química.

Os 20, 30, 40% de respostas “erradas”, entretanto, não são ensinadas depois, pois é preciso passar para a matéria adiante…

Segundo Bandler: “Nós passamos 12, 15 anos na escola e eles marcaram todo e cada erro que nós fazemos. E esta não é a maneira com a qual o cérebro humano foi desenhado para aprender… [de modo que ensinam]…’eu não sou bom nisso, eu não sou bom naquilo… Deveríamos, portanto, reforçar o que funciona e não punir o que não está funcionando, ainda”.

Conclusão

É engraçado observar como, a certa altura do processo de escolarização, as crianças deixam de gostar de ir para escola. Talvez, muitas ainda gostem de ir por causa dos colegas, mas é praticamente unânime o desprazer de assistir as aulas. Imagino que isto reflita o ponto exato no qual o processo de aprendizagem deixa de ser divertido e reforçado (quando a tia colocava “Parabéns”) para deveres intermináveis que vem cada vez mais marcados com os erros em vermelho. Para quem não sabe, o vermelho é a cor que vemos com mais rapidez e que mais se destaca.

Por isso, não é a toa que a escola se torne um fardo, a faculdade se torne um fardo. O pior, porém, é confundir um comportamento dito por uma pessoa de suposta autoridade (o professor ou a professora) com a avaliação de si mesmo.

Veja também – O Sucesso vem do que você faz melhor

Vídeo de Richard Bandler (em inglês)

 

Psicólogo Clínico e Online (CRP 06/145929), formado há 16 anos, Mestre (UFSJ) e Doutor (UFJF), Instrutor de Mindfulness pela Unifesp. Como Professor no site Psicologia MSN venho ministrando dezenas de Cursos de Psicologia, através de textos e Vídeos em HD. Faça como centenas de alunos e aprenda psicologia através de Cursos em Vídeo e Ebooks! Loja de Vídeos e Ebooks. Você pode também agendar uma Sessão Online, Terapia Cognitivo Comportamental, Problemas de Relacionamentos, Orientação Profissional e Coaching de Carreira , fazer o Programa de 8 Semanas de Mindfulness Online. E não se esqueça de se inscrever em nosso Canal no Youtube! - no TikTok -, e Instagram! Email - psicologiamsn@gmail.com - Agendar - Whatsapp (11) 9 8415-6913