“A felicidade pode existir apenas com aceitação” (George Orwell)
Olá amigos!
No vídeo abaixo – Aceitação: Psicologia da Atenção Plena – eu menciona que a meditação nos ajuda a aprender a aceitar. Neste texto, gostaria de compartilhar com vocês as razões, os motivos, os porquês de aprender a aceitar mais o que acontece. Também esclarecerei a diferença entre a aceitação e a passividade.
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Vídeo – Aceitação: Psicologia da Atenção Plena
5 Razões para aceitar mais o que acontece
1) Inevitabilidade
Como digo no vídeo, existem muitas e muitas situações que são totalmente inevitáveis, como estar chovendo em um dia em que você gostaria que fizesse sol ou ter que acordar cedo em uma segunda-feira se o seu horário de trabalho exigir.
Ir contra o que é inevitável é manter uma postura infantil (no mal sentido) de espernear e ficar de birra quando não se consegue o que se deseja.
2) Diminuição do sofrimento
Quando não aceitamos algo que já está acontecendo, nós criamos uma resistência que faz com que o sofrimento seja duplicado. Por exemplo, uma dor nas costas é o que é: uma dor física. Se eu não aceitar o que está acontecendo, vou criar um outro sofrimento. Além da dor física estarei vivenciando a dor emocional, mental que aparece como irritação, raiva, ódio, tristeza…
Portanto, ao aceitar o que está acontecendo, uma dor ou um desentendimento, um problema ou uma dificuldade, estaremos diminuindo o sofrimento. Não que o sofrimento vá acabar de uma vez por todas. Mas, ao menos, não estaremos duplicando ou até multiplicando-o.
3) Clareza sobre o que fazer
No que se relaciona com o poder, com o poder fazer, nós podemos dividir a realidade em duas situações básicas:
– circunstâncias em que podemos fazer algo para alterar a circunstância;
– circunstâncias em que não podemos fazer algo.
Sobre a última, nós falamos no tópico 1, sobre inevitabilidade, agora vamos tratar a primeira. Até para mudarmos alguma coisa, precisamos aceitar como está, ou seja, precisamos saber de onde partimos.
Talvez acordar às segundas-ferias não seja inevitável, talvez possamos mudar isso. Porém, antes de mudar, teremos que avaliar aonde estamos e como estamos. E, para tanto, precisamos aceitar a realidade como está dada – aqui e agora.
A dor nas costas pode não passar, mas teremos que aceitar que existe para procurar um médico.
De modo que ao aceitar, estaremos tendo muito mais visão e clareza sobre o que pode ser feito. Se não aceitarmos, se afastarmos o que está acontecendo, se negarmos apenas ou resistirmos, não conseguiremos sair do lugar.
O exemplo clássico é da pessoa que tem um problema de saúde, mas nega que tenha o problema e, portanto, não vai fazer uma avaliação apropriada. O resultado é que o problema tende a piorar.
4) O presente do agora
Nunca é demais dizer que o agora é tudo o que é. O passado já foi e é outra coisa inevitável. Não podemos fazer nada ontem ou no mês passado porque este tempo já foi, enquanto que o futuro ainda não é e, portanto, não podemos realizar uma ação ano que vem. Só agora!
E é interessante que a palavra presente, em português, signifique tanto o momento atual como um brinde, uma dádiva (quando recebemos um presente de alguém). No latim, a palavra praesente significava:
- em presença de
- à vista de
- ante
- diante de
Consequentemente, o presente é a dádiva do que está diante de nós, à nossa vista. E, ao percebermos de verdade, o presente do presente, passamos a agradecer mais, pela oportunidade de estar aqui e realizar o que temos que realizar.
5) Aceitação e Empatia
Imagine que você tem a sorte de conhecer alguém que te aceita como você é. Te ouve profundamente e realmente. Está ali para te ouvir, quando você precisa ser ouvido e aceita o seu jeito de ser totalmente. Maravilhoso não é?
Então, da mesma forma que podemos ter a sorte de encontrar alguém assim, nós também podemos criar, conscientemente, empatia com as outras pessoas. Como dizia Rogers: “Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.
Se não aceitamos a outra pessoa como ela é, nós não estamos sendo empáticos. Isso significa aceitar também os defeitos e imperfeições (porque afinal ninguém é perfeito), mas, evidente, não significa concordar com os erros que possam prejudicar a ela e aos outros.
A preocupação sobre as falhas é curiosa. Sabemos que só a partir da aceitação é que se pode mudar um comportamento equivocado. É preciso aceitar que se tem um vício, um problema emocional, uma perturbação para mudar. Sem aceitação dessa parte que a psicologia analítica chama de sombra, não teremos como mudar e melhorar.
De modo que a aceitação do outro também gera uma mudança positiva. Ainda que não tenha este propósito, a aceitação é benéfica igualmente sobre este ponto de vista. Lembrando que a ideia da relação da empatia com a aceitação é possibilitar relacionamentos mais harmônicos.
Conclusão
Para concluir, acho importante falar mais sobre a diferença entre aceitar e ser passivo. Vamos pegar um exemplo extremo. Imagine que você descubra que alguém da sua família está sofrendo violência física em casa.
Você pode: aceitar ou não aceitar.
Se não aceitar, você estará negando e recalcando, reprimindo, aquela informação e, portanto, não fará nada. “Isso não existe. Isso não está acontecendo”. Resultado: nenhuma ação.
Se você aceitar a informação, poderá investigar se é isso mesmo. Poderá conversar com as pessoas envolvidas ou encontrar uma forma de ajudar.
Aceitação não é sinônimo de passividade, de não-ação. Muitas vezes, como no exemplo acima, é a aceitação que proporciona a ação. Aceitação deve ser entendida como abertura para o que está acontecendo, ainda que o que esteja acontecendo não seja positivo.
“A maioria das pessoas nunca está presente completamente no agora, porque inconscientemente as pessoas acreditam que o próximo momento deve ser mais importante do que este. Mas assim você perde a vida inteira, que nunca é não-agora” (Eckhart Tolle).
Felipe, você não faz ideia de como eu estava precisando ouvir isto hoje. Acho que foi até uma providencia divina.
Valeu, muito obrigada.
Que legal Marildes! Fico feliz que o texto e o vídeo tenham vindo em boa hora! :)
Boa noite professor!
Essa questão do “Aqui agora” é extremamente importante pois como o senhor mesmo menciona o que se acaba vivendo é o “não-agora”.Ex: O sujeito vai à padaria comprar pão no caminho ele tira o foco do que estava fazendo para observar uma Ferrari que acaba de passar já perdeu-se o “aqui agora” pois quando ele se distraiu além de perder o foco no presente automaticamente deu um salto para o sonho de como seria ele dirigindo aquele carro. Viver o momento o presente essa é a chave ,porém desprende muita energia, ficar “adormecido” é mais confortável e necessita de menos energia para isso.
Um grande abraço professor.
Sergio.
Olá Sérgio!
Então, a ideia de estar no aqui-agora também inclui o aqui-agora dos pensamentos, sentimentos e sensações internas (não só as externas). No caso, ao atentar para o fato de que se sonha com uma Ferrari estaremos tendo um momento mindful, um momento de atenção plena no presente (que é o sonho).
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Ótimo texto!. gostando cada vez mais! :)
Muito bom o texto,
Mas fico um pouco confusa em relação aos “sonhos”, nos desejos que temos.
Se devemos focar no presente, estarmos livres para aceitar o que não podemos controlar, e o que nos faz frustrar é justamente a idealização de um desejo que talvez não se realize.
O “sonho” perde a função, não?
Obrigada!
Beijos
já dizia Franz Kafka ” de um certo ponto adiante não há mais volta. Esse é o ponto que deve ser alcançado”. Devemos ”alcançar o ponto”, aceitar que temos um problema e a partir daí , agir para encontrar uma saída.
Filipe , seu texto foi de grande valia,obrigada.
Olá Rachel!
Veja aqui – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2014/08/felicidade-como-mais-nada-pra-fazer.html
Obrigada! Muito interessante!