Olá amigos!
Ontem foi um dia bastante interessante. Publiquei o artigo 10 sinais de que o profissional da psicologia não é bom aqui no site e, em um grupo grande do facebook, as reações foram as mais diversas, indo do elogio até à desconsideração, passando pelas críticas. O engraçado é que o texto não era de minha autoria, mas, mesmo assim parece que as pessoas não conseguem distinguir realmente o portador da mensagem do autor da mensagem e da mensagem.
De toda forma, como as reações foram as mais díspares, comecei a pensar sobre como as pessoas criticam e como, em geral, não sabemos lidar muito bem com as críticas. Portanto, decidi escrever um texto completo sobre como superar as críticas negativas e também gravar um vídeo:
O que é crítica?
Imanuel Kant, filósofo que sugiro que todos estudem um dia, define a crítica como um processo através do qual a razão empreende o conhecimento de si mesma, pois o objetivo das investigações críticas – na Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática e Crítica do Juízo – era o de fazer com que a razão encontrasse os seus limites, quer dizer, a crítica é da razão “contra” ela com o intuito de desvendar o que se pode e o que não se pode conhecer.
Eu fiz questão de trazer esta definição filosófica porque ela nos ajuda a entender que uma boa crítica é uma crítica baseada no pensamento. Não só a crítica é feita tendo por base um pensar prévio, como se fundamenta em um argumento que possa ser defendido logicamente.
Curiosamente, se formos investigar as críticas que mais nos afetam, veremos que elas quase nunca são críticas deste nível. Normalmente, as críticas negativas são criticas emocionais e que visam afetar e atacar a pessoa. Com um exemplo, podemos ver esta diferença de forma bastante clara:
Imagine que você esteja começando a estudar a história da Primeira Guerra Mundial. Ao ser avaliado na pergunta sobre o porquê e quando ela teve início, o professor te critica e diz que a resposta está incompleta e que você se esqueceu de mencionar que a Itália acabou não entrando no conflito. Esta é a crítica do pensamento. É como se o professor dissesse: “Olha, querido aluno(a), você se esqueceu de uma informação importante em sua linha de raciocínio. Para se aperfeiçoar, entenda que você deve também mencionar e compreender esta parte da história”.
Agora, imagine que você deu resposta idêntica e o professor, ao invés de de criticar o seu pensamento, vai e critica você, dizendo: “Você é muito burro(a)! Como pode se esquecer de um detalhe tão importante? Parece que você não tem memória! Creio que você nunca vai conseguir aprender de verdade a história!”
Veja como é grande a diferença entre um tipo de crítica e outra. A primeira é uma crítica do pensamento e é válida porque nos faz avançar no conhecimento, corrige os erros e nos ajuda a aprender mais, portanto. Já o segundo tipo de crítica é uma crítica emotiva, valorativa, e o pior: pessoal, além de fazer uma generalização sobre a capacidade de conhecimento do aluno.
Como superar as críticas negativas
Bem, o primeiro passo para superar as críticas negativas é entender a diferença entre os tipos extremos:
– A crítica lógica, do pensamento
– A crítica emocional, pessoal
Entre os dois tipos de crítica, podemos encontrar alguns outros tipos. Para não nos estendermos demais, podemos dizer que o tipo principal, entre os dois extremos, é o tipo de crítica que visa desvalorizar, descaracterizar o pensamento nele mesmo, porém sem nenhum tipo de argumento válido.
Por exemplo, eu escrevo este texto sobre as críticas e alguém vem e diz: isto é só um blá, blá, blá.
No fundo, a pessoa não está criticando pessoalmente, está apenas desvalorizando o que foi dito, sem apontar uma falha ou uma falta ou sem tentar contribuir ou construir mostrando o que deveria ser dito ou como seria melhor dizer.
Para este tipo intermediário de crítica, basta responder: “Eu gostaria de ver como você faria melhor”. Aqui no site, diversas vezes eu recebo este tipo de crítica que diz que o texto X é um blá, blá, blá, que o texto é fraco, que o texto não está bom, etc. Eu sempre respondo dizendo que eu adoraria ver um texto novo, da pessoa, que fosse melhor e que desse uma visão mais ampliada da questão tratada. Resultado: nunca recebi um novo texto da pessoa que está criticando.
O que mostra que criticar é fácil. Fazer melhor, não.
Com relação às críticas mais pesadas, criadas praticamente com o intuito de machucar afetivamente o outro (o que na internet os blogueiros chamam de haters – há a frase “haters gonna hate”, em tradução minha, algo como os que odeiam vão odiar), é relativamente simples de superar também.
Como a crítica pessoal visa afetar a pessoa, o eu de quem está dizendo, fazendo, escrevendo, de modo geral, a forma de superar é simples: encontrar um jeito de se proteger, elevando a auto-estima.
Se o professor diz – “Você é muito burro(a)! Como pode se esquecer de um detalhe tão importante? Parece que você não tem memória! Creio que você nunca vai conseguir aprender de verdade a história!” – o aluno (talvez depois de denunciar o professor ao conselho escolar) deve procurar ver que os adjetivos: burro, esquecido, incapaz de aprender não são verdadeiros e a melhor forma de saber que o contrário é verdade é levantar muitas histórias pessoais em que se foi inteligente, capaz e um grande memorizador.
Como se o aluno dissesse: “Olha você diz que eu sou burro, incapaz de aprender e esquecido, mas eu tenho provas que dizem o contrário. Em tal e tal situação, eu fui elogiado como o mais inteligente, em tal e tal situação eu fui elogiado como tendo uma grande capacidade de memória, nesta e naquela disciplina eu sempre tirei nota máxima, em tal e tal situação…”
De forma que todos os exemplos, trazidos da memória, visam a comprovar o exato oposto. E comprovam!
Para o primeiro tipo de crítica, a crítica do pensamento, nós temos que fazer um processo um pouco diferente e “sair do nosso eu” e deixar o pensamento pelo próprio pensamento. Se alguém vier aqui no site e dizer que o conceito de inconsciente está incompleto e que é preciso também considerar a segunda tópica do Freud, eu devo sair do meu eu, digamos assim, e ver se a pessoa não está com a razão. Se estiver, eu mudarei a minha perspectiva, alterarei o meu pensamento e vou complementar o que sei.
Se a pessoa não estiver certa, poderei agradecer a crítica e argumentar que ela está equivocada, por este e por aquele motivo. Nos dois casos, a crítica apenas do pensamento pelo pensamento, nos faz pensar e sempre nos faz avançar em termos do conhecimento pelo conhecimento.
Para concluir, gostaria de encerrar o texto com a frase de Lincoln: “Tem o direito de criticar, quem tem o coração para ajudar”.
AMEI O TEXTO! Me ajudou a ampliar minha visão quanto a critica, e ate mesmo me ajudou a saber criticar com o intuito de ajudar o próximo e não com maldade ou inveja!
Olá Jéssica!
Fico muito feliz que tenha gostado!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Muito interessante. aprender sobre como lidar com as críticas, afinal todos os dias estamos expostos a elas….um abraço.
Perfeito, Felipe! Esse é um texto que merece ser lido, relido e divulgado quantas vezes for possível… pra que todos (inclusive eu) não se esqueçam de que levar para o lado pessoal qualquer situação que seja, geralmente não leva a nada… Parabéns! Gostei realmente muito! Um abraço!
Muito interessante seus textos. Leio todos com muita atenção e eles tem me ajudado bastante e ampliado meus conhecimentos. Muito, obrigada.
Muito bom o texto.
Muito bom! Como seria bom se soubéssemos receber as criticas desta foma, achei inspirador, valeu!
Muito bom o texto, parabéns… não é fácil o exercício de superar as críticas, nenhum tipo delas
Parabéns pelo texto, gostei muito.
Amei o texto, muito esclarecedor e objetivo. alias gosto muito do seu trabalho Felipe.
amei aprendi muinto no que diz respeito as criticas agora sim posso criticar com uma intenção que ñ tinha antes…. e eide partilhar e trasmitir este texto para os meus amigos….. obrigado…
Olá Felipe!
Boa colocação! Eu considero a crítica bem vinda, quando a intenção é a de acrescentar algo, para ampliar a ideia do texto original, mas quando vira uma espécie de ataque pessoal, é triste pois não acrescenta nada ao conhecimento em si, parece exalar uma certa maldade e, creio não faz bem a ninguém.
Abraço,
Malu
Mais um ótimo texto. Muito obrigado!
Ola Felipe
Sou psicologa, e sempre espero teus textos ansiosamente.
Posso te dizer que gosto muito deles. Sempre me levam a reflexões
importantes. Esse em especial, adorei.
Olá Vera!
Muito obrigado!
Fico muito feliz que esteja gostando do site! Ainda mais por se tratar de uma colega de profissão!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Malu!
Obrigado por comentar!
Concordo contigo – até por este motivo (ao virar um ataque pessoal) – é que as críticas não levam uma fama muito boa, rsrs.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Felipe, você já pensou em escrever algum texto sobre ”Psicologia Reversa”?!
Olá Jonatha!
Não tinha pensado, mas agora estou pensando!
Obrigado pela sugestão!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá,
Acho muito complicado quando recebemos uma critica que nós destrói por dentro. E mais complicado ainda é não levar a critica a sério e destacar o que temos de melhor para provar ao outro que ele está sendo equivocado, pois naturalmente nós mesmos só nos destacamos somente quando erramos, é muito difícil a pessoa falar “hoje eu acertei fiz um bom trabalho” pode ter-se realizado mil coisas e todas certas, mas quando acontece uma coisa errada fica de martirizando o tempo inteiro. E é ai que mora a nossa fraqueza e é onde o outro ataca.Talvez se não fossemos tão críticos com nós mesmos viveríamos melhor e receberíamos estas criticas de maneira neutra, acho que deveríamos mudar a nossa postura de pensar com relação a nós mesmo e naturalmente o outro verá a nossa força.
Olá Renata!
É verdade!
Temos que manter o nosso centro para lidar cada vez melhor com as críticas.
O que não devemos nunca fazer é paralisar porque críticas foram feitas ou podem ser feitas.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá prof. Felipe, meu ponto de vista em relação a critica é : Critique quando o objetivo é a ajudar seu próximo, caso contrario pense antes, e por favor, pense com amor. E quando receber criticas construtivas agradeça a quem lhe criticou, ele possui empatia e altruísmo. Porem, as criticas pessoais com objetivo de desvalorização, ignore-as e tente mostrar a quem lhe passou, a maneira saudável e construtiva de criticar.
Acredito que disse o que já esta no texto, porem,com minhas palavras, pois queria compartilhar meu ponto de vista com você.
Excelente texto, desejo-te muito sucesso com eles, alias, são construtivos e bem elaborados.
Abraço.
att Andrieli
Obrigado por comentar Andrieli!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Excelente texto.