Olá amigos!
Ontem a nossa querida amiga Rosana Augusto publicou o texto sobre O processo de cura para C. G. Jung. Hoje gostaria de conversar com vocês sobre os 3 principais motivos para fazer terapia com um profissional da psicologia.
Infelizmente, até os dias atuais, muitas pessoas associam a psicologia e a necessidade de fazer terapia com a loucura. Ou seja, se alguém vai ao psicólogo é porque está louco ou tem uma doença mental. Claro que é uma ignorância esta concepção, porém, nós profissionais da área temos que divulgar mais os benefícios de um tratamento psicoterapêutico. É com este objetivo, portanto, que escrevo este texto.
Motivo 1 – Livrar-se de um sofrimento
Desde a época da faculdade que eu me simpatizo com as concepções da psicologia humanista a respeito da clínica. Por exemplo, ao invés de falar em paciente, os humanistas falam em cliente. Para o humanismo, também, não há classificação das doenças mentais como vemos em outras linhas. Quer dizer, não se fala em neurose, psicose, transtorno disso ou daquilo. Ao invés, a psicologia humanista busca com o tratamento o que se chama de autorrealização, a capacidade de cada um de encontrar o seu próprio caminho e se realizar enquanto pessoa única.
E é justamente este ponto que gostaria de comentar aqui. Muitas pessoas que fazem terapia querem ter um diagnóstico. Como um rótulo para definir quem são. “Eu sou bipolar” ou “Eu tenho transtorno pós-traumático” ou “Eu tenho síndrome do pânico”. Em um primeiro momento, pode até ser um alívio encontrar uma explicação, uma definição sobre os próprios sentimentos. Mas em um segundo momento, isto pode causar paralisia e fazer com que a pessoa se fixe no seu próprio sintoma.
Por isso, sempre prefiro falar em sofrimento. Cada pessoa tem o seu sofrimento. Este sofrimento pode ser passageiro e representar uma fase da vida ou um período ou se prolongar por mais tempo. De forma que o motivo principal que leva as pessoas ao consultório é tentar se livrar de um sofrimento.
Sabemos que a terapia é eficaz. Evidente que cada caso é um caso, mas de modo geral podemos dizer que em poucas sessões a compreensão das causas, das razões, o assumir a responsabilidade, enfim, compreender o porquê e o para quê do sofrimento vivenciado fazem com que o sofrimento diminua ou até desapareça.
Assim, é frequente encontrarmos pessoas que chegam ao consultório com uma queixa, por exemplo, brigas no relacionamento amoroso. Em algumas sessões, a queixa inicial simplesmente desaparece e outras questões passam a tomar o lugar principal das sessões.
Motivo 2 – Autoconhecimento
Em princípio pode parecer estranho imaginar que temos que fazer consultas com um profissional da psicologia para podermos nos autoconhecer. Mas a psicoterapia é como um lugar seguro, fechado pelo sigilo do profissional, e um dos poucos locais em nosso mundo moderno no qual podemos falar, sem ser interrompido ou ser ter que concordar ou discordar de conselhos alheios.
Em outras palavras, em nossa sociedade aprendemos milhares de informações, conhecimentos, verdades que são externas. É útil saber o binômio de Newton ou o movimento rococó ou o átomo de Bohr, sem dúvida que é útil e interessantíssimo tudo o que aprendemos na escola. Contudo, tudo isto é externo. Não diz respeito a quem somos, o que sentimos e pensamos…
Por isso, não é raro encontrarmos pessoas que não tem a mínima ideia de quem são ou do que querem. O que mais acontece, porém, é termos uma parte de nós mesmos totalmente inconsciente. Com isso, a terapia assume o lugar da possibilidade do autoconhecimento. Podemos fazer terapia para clarear as ideias sobre que profissão seguir (na Orientação Profissional), se é melhor começar ou terminar certo relacionamento, até questões religiosas reaparecem na medida em que a busca pelo autoconhecimento também é a busca pelo sentido da vida.
Motivo 3 – Criar uma habilidade
Há um tempo atrás, publicamos um texto sobre a diferença entre a terapia e o coaching. O Coaching (literalmente – treinamento) é mais moderno, digamos assim, e virou uma febre nos Estados Unidos. Apesar de serem diferentes, eu ousaria dizer que a terapia é mais completa e, na verdade, já desenvolvia trabalhos de treinamento – como criar uma nova habilidade – há décadas.
Por exemplo, alguém pode procurar a terapia para conseguir conduzir uma equipe (habilidade de liderança) ou para falar melhor em público ou para conseguir ser mais dedicado e perseverante para escrever uma monografia, TCC ou dissertação. Enfim, este terceiro motivo é bem específico. Não tem relação com superar uma dificuldade sentimental e não tem um sentido tão amplo como o autoconhecimento. Criar uma habilidade X faz com que a terapia tenha um alvo, um foco, uma meta. Ao atingirmos aquela meta, a terapia perde a razão de ser e as sessões são descontinuadas.
Para complementar o texto, gostaria de lembrar para já leu ou indicar para quem ainda não leu, o nosso texto 9 razões para fazer terapia
Tenho estado muito satisfeita pela oportunidade que estou tendo através de seus textos, das informações que trazem nova visão, esclarecendo dúvidas e confirmando algumas experiências vividas. Inclusive, tenho divulgado entre amigos. Parabéns pelo trabalho.
Solange Sales- Itaperuna, RJ.
Olá Solange,
Fico extremamente feliz com o seu comentário!
Obrigado por compartilhar com seus amigos!
Sempre estaremos postando novos textos, relacionadas à psicologia e ao que eu gosto de chamar de Dicas Práticas.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Oi Felipe os seus textos tem me ajudado bastante e repasso também para meus amigos.
Tenho 28 anos e 2 filhos, sou frustrada na minha parte profissional pois tenho um sonho de estudar,não tenho profissão e nem sei a minha vocação direito, já trabalhei em escritório de secretaria e assistente administrativa, Nao sou boa com os números, minha família substima minha capacidade sempre, tem algum tempo que me interessei por fazer psicologia, mas tenho receio de estar longe da minha realidade por ter quase 30 anos, filhos…e de não conseguir encontrar um perfil para ter uma profissão.Sou comunicativa, me interesso pelas histórias das pessoas, sou boa conselheira e gosto de ser solidaria com problemas alheios.Poderia me ajudar a avaliar se tenho possibilidade de realizar meu sonho e entrar na faculdade?
Parabéns pelo trabalho. E desde já obrigada.
Olá Daniela,
Bem, tudo na vida é uma questão de sentido, ou seja, o modo como organizamos o sentido, o significado para as nossas experiências. Do jeito que você coloca parece que você está muito velha… se você for parar para pensar (considerando a média de vida da população no Brasil hoje) você tem uma expectativa de viver mais 47 anos, quase o dobro do que você viveu, rsrs.
Sugiro o texto – A idade influencia a entrar no mercado de trabalho?
Algumas mulheres vivenciam entre os 18 aos 35 a fase em que estão focadas na carreira. Depois disso, pensam em ter filhos. Outras, como você fazem o inverso, tem filhos primeiro e depois buscam a realização profissional. Não devemos pensar que as primeiras estão mais certas, ok? Cada um tem o seu momento e a sua vida, que é única e incomparável.
Com relação à questão da escolha profissional, eu recomendo a Orientação Profissional.
Veja aqui – Porque fazer Orientação Profissional?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
OLá Dr. Felipe, estou um tanto indecisa, já fiz uma faculdade de letras, mas por já ser funcionária pública, acabei não exercendo minha graduação, me acomodei, por isso ando bastante frustrada e insatisfeita. De algum tempo pra cá, depois de ler muitos livros de um escritor muito conhecido, Augusto Cury, tem me influenciado muito, e despertado para fazer uma outra faculdade, que é Psicologia. Então, já tenho quase 39 anos, mas, tenho ficado incomodada, buscando algo, e tenho me encontrado nos textos que vc escreve. Poderia me ajudar, falando algo que me orientasse? Desde já obrigada.
Olá Fátima,
Veja este texto – A idade influencia a entrar no mercado de trabalho?
Os comentários, abaixo do texto, também são muito interessantes!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá, dr. Felipe!
Mais uma vez, parabéns pelo trabalho! recebo as atualizações por e-mail e sempre que posso estou por aqui. rs.
Comecei a fazer terapia e estou na quinta sessão. Meus principais objetivos à principio são: Agregar esta vivência ao currículo, pois pretendo cursar psicanalise; Auto conhecimento; Descobrir porque tenho visões perturbadoras e me tornar uma pessoa melhor, me superar como ser humano.
Você mencionou que:
“Por exemplo, alguém pode procurar a terapia para conseguir conduzir uma equipe (habilidade de liderança) ou para falar melhor em público ou para conseguir ser mais dedicado e perseverante para escrever uma monografia…”
Eu cheguei a comentar com minha analista sobre algumas habilidades que eu gostaria de desenvolver fazendo terapia, mas, como eu disse, estou na quinta sessão e, não ficou claro ainda para mim em que momento eu passarei do auto conhecimento para esse desenvolver de algo que acredito que não tenho e, se tenho, está oculto em mim, em meu subconsciente, enfim.
Como saberei? Exercícios? Apenas na livre associação?
Espero ter conseguido me expressar claramente!
Desde já agradeço, abraço.
Olá Aline!
Fico feliz que esteja acompanhando o site e gostando dos textos!
Então, cada abordagem terapêutica possui suas especificidades. A melhor maneira é você perguntar diretamente para quem está conduzindo o tratamento, ok?
No seu caso, que parece ser com psicanálise, os objetivos ou desejados podem vir a ser tema da associação livre.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Há alguma outra forma na psicanálise de se obter o autoconhecimento além da associação livre? Já faço terapia há cerca de 7 meses e sinto que deveria ter evoluído mais. Há algum método mais ‘objetivo’, que foque possíveis traumas do passado que fazem repetir ações no presente?
E em um comentário vi que você escreveu um texto sobre a confusão de querer cursar psicologia com a necessidade de fazer terapia, estou certo? Gostaria de ler este texto, se você puder me enviar o link, agradeço.
Obrigado desde já, Felipe!
Olá Rikardo,
Existem outros tipos de psicoterapia:
https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2015/02/psicoterapia-conheca-os-8-principais-tipos.html
Com relação ao texto, é este:
https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2013/02/porque-fazer-a-faculdade-de-psicologia.html
Atenciosamente,
Felipe de Souza