O behaviorismo ou psicologia comportamental difere da psicanálise e da psicologia humanista no que se refere à sua relação com a ciência. O objetivo principal da psicologia comportamental é fazer da psicologia uma ciência, mudando o foco da mente para o estudo científico e matematizado do comportamento. Em muitos aspectos, critérios da medicina são utilizados como a pesquisa em laboratório, com testes e análises estatísticas.

Neste texto, você poderá saber mais sobre a relação da ciência e o comportamento humano, bem como você encontrará a definição das cinco principais características de uma investigação científica.

Antes de falarmos especificamente da relação do behaviorismo com a ciência, convém descrever primeiro o que é a ciência, ou melhor quais são suas principais características:

As cinco características de uma investigação cientifica são:

1) Tratar de eventos empíricos

A ciência trata de fenômenos naturais (objetos e eventos que podem ser verificados através de observação e experimentação) que produzem os dados, sendo considerados adequados aqueles que são confiáveis, objetivos e quantitativos.

Os dados são objetivos se os eventos relevantes podem ser observáveis por pessoas diferentes, enquanto os subjetivos são aqueles que não podem ser observáveis. São considerados confiáveis quando há concordância ente os observadores acerca da ocorrência dos eventos e quantitativos se permitem ser escalonados em unidades físicas ao longo de uma ou mais dimensões (denominadas como parâmetros).

2) A compreensão científica se faz principalmente na revelação das relações de ordem entre classes e eventos

O que caracteriza a análise científica é a maneira como as informações são coletadas e organizadas. Compreender um evento freqüentemente envolve a especificação das variáveis que o permitiu ocorrer, a relação existente entre variáveis dependentes e independentes,

3) Previsão e controle são os objetivos da análise cientifica

Ao se constatar que uma variável independente está funcionalmente relacionada com uma variável dependente, é possível que se obtenha a previsão e o controle dessa variável dependente.

O valor da variável independente determina o valor da variável dependente, possibilitando assim a sua previsão. Se A ocorreu, então é provável que B ocorra. Saber disso permite que se preveja quando B ocorrerá. Além disso, o valor da variável independente pode ser controlado pela seleção do valor da variável independente.

A relevância prática da ciência está, em grande parte, no isolamento das variáveis independentes possíveis de serem manipuladas e que alteram partes importantes do mundo (i.e., variáveis dependentes) de modo a beneficiar a humanidade.

4) A ciência pressupõe uma realidade organizada e determinista

A previsão científica só é possível graças a um mundo organizado, no qual as relações reveladas no passado recorrerão. Além disso, ela requer um mundo determinista, no qual o valor de alguns eventos dependa do valor de outros eventos.

5) As asserções científicas são experimentais e testáveis

As observações dos eventos reais são a base da ciência. As relações entre tais observações são consideradas a base das leis científicas. A relação entre as leis ocorre através de princípios e conceitos de ordem mais elevada.

Entretanto, os cientistas reconhecem que as observações são necessariamente inexatas e que as relações importantes entre as variáveis não são fáceis de detectar ou resumir significativamente. Desta forma, as asserções científicas não refletem a verdade absoluta; elas são, portanto, experimentais e sujeitas à revisão.

De modo que estas são as principais características da ciência.

B. F. Skinner, um dos principais autores da psicologia comportamental, dá a sua definição de ciência e a relação com a disciplina que ajudou a estabelecer:

“A ciência é mais que a mera descrição dos acontecimentos à medida que ocorrem. É uma tentativa de descobrir ordem, de mostrar que certos acontecimentos estão ordenadamente relacionados com outros.

Nenhuma tecnologia prática pode basear-se na ciência até que estas relações tenham sido descobertas. Mas a ordem não é somente um produto final possível; é uma concepção de trabalho que deve ser adotada desde o princípio.

Não se podem aplicar os métodos da ciência em assunto que se presume ditado pelo capricho. A ciência não só descreve, ela prevê. Trata não só do passado, mas também do futuro. Nem é previsão sua última palavra: desde que as condições relevantes possam ser alteradas, ou de algum modo controladas, o futuro pode ser manipulado.

Se vamos usar os métodos da ciência no campo dos assuntos humanos, devemos pressupor que o comportamento é ordenado e determinado. Devemos esperar descobrir que o que o homem faz é o resultado de condições que podem ser especificadas e que, uma vez determinadas, poderemos antecipar e até certo ponto determinar as ações” (Skinner, 1998, p. 7).

Estas palavras foram escritas por B. F. Skinner no livro Ciência e Comportamento Humano. Através do que foi dito, fica claro que a psicologia comportamental considera que é possível fazer da psicologia uma ciência como as demais: como a física, a química, a biologia.

O método científico, com suas características, é então utilizado na psicologia comportamental. Assim como na medicina, animais de laboratório são utilizados para experimentos, na psicologia comportamental também são utilizados animais como pombos e ratos – por exemplo.

Do mesmo modo como na física e na química são utilizados gráficos e estatísticas, o psicólogo comportamental faz uso destas possibilidades da ciência para confirmar ou negar uma hipótese de trabalho.

Com isto, notamos que a psicologia comportamental considera-se ciência. Diferentemente da psicanálise que não vê esta possibilidade e descreve o seu saber não como científico, mas como estando no campo da ética.

Veremos logo em seguida, o modo como a psicologia humanista entende a sua relação com a ciência – que é diferente ainda da psicanálise e da psicologia comportamental.

Referência Bibliográfica

Skinner, B. F. Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes, 1998