Uma pessoa muito especial me pediu que escrevesse sobre mudança de fase. O tema é muito interessante, e como tal, daria para escrever um livro sobre ele.


A lua, a cada 7 dias – e algumas horas – muda de fase, seguindo seu curso de 29 dias e meio entre lua nova, crescente, cheia e minguante. O nosso corpo também segue seu curso entre a infância, adolescência, maturidade e velhice.


Mudar de fase é algo natural e, por outro lado, inevitável. Gosto muito da frase de Ennio Flaiano: “Estamos em uma fase de transição. Como sempre”.


O que você pensa disso? Estamos em uma fase de transição e mudança de fase, como sempre. Sempre estamos em uma fase de transição.


Epiteto, um filósofo estoico que vale a pena ler, escreveu: “As pessoas não são perturbadas pelas coisas, mas pela visão que as pessoas tem das coisas”.


A história O que é sorte e o que é azar? recriada pelo meu amigo Rafael Senra, descreve os sucessos e insucessos de um homem comum. Eu gosto de pensar nesta história, não somente como um pensamento da relatividade entre o otimismo e pessimismo. Para mim, esta história nos coloca face a face com a transitoriedade de todas as coisas.


Por exemplo, o gerente da maior empresa do mundo é um homem bem sucedido, certo? (Isso é avaliado como bom por ele, provavelmente). Mas ele também será sucedido: alguém, inevitavelmente, tomará o seu lugar dentro de alguns anos.


O problema central da mudança de fase é a não-aceitação. Afinal podemos mudar muita coisa, mas temos controle apenas dos nossos atos (quando temos). As oportunidades e desafios, dificuldades e limitações surgem o tempo todo.


Mas você pode me perguntar: como podemos aceitar algo que não queremos? Há outra saída? Podemos fazer alguma coisa? Se a resposta é sim é importante agir. Se não, podemos ter um milhão de sentimentos ou ficar em paz, em perfeita aceitação com o que nos acontece no momento.



FELIPE DE SOUZA