Olá amigos!
Lembro quando eu era criança e ficava brincando com meus amigos de quem conseguia ficar em silêncio mais tempo. É com alegria que lembro destas cenas de infância porque era engraçado ver que não conseguíamos ficar em silêncio nem por um minuto.
Se você acompanha o nosso site, já deve ter percebido que a psicologia é uma área de conhecimentos, teóricos e práticos, extremamente ampla. Uma área que é relativamente pouco conhecida entre nós é a chamada Mindfulness Psychology, um termo que normalmente não é traduzido para o português, mas que podemos pensar como sendo Psicologia da Atenção Plena, da Consciência.
Dizendo atenção e consciência talvez não fique tão claro o que é a Mindfulness Psychology. A origem da ideia de Mindfulness é budista, mas na prática psicológica e psiquiátrica, as práticas são pensadas e aplicadas independentemente da religião. Ou seja, o paciente que queira, por exemplo, diminuir o seu nível de ansiedade, pode aprender uma prática extremamente eficaz de meditação, sem que tenha que abraçar concepções budistas.
Como o próprio budismo pode ser pensado como uma prática que não se enquadra no que pensamos, em geral, como sendo religião, a utilização de técnicas mentais, de concentração e atenção faz todo sentido.
Para saber mais sobre, clique em Meditação Vipassana
Outra definição para Mindfulness é a seguinte: “Mindfulness é um estado de atenção aberta e ativa ao momento presente. Quando você está neste estado, você observa seus pensamentos e sentimentos de uma distância, sem julgá-los bons ou maus. Ao invés de deixar que a vida passe por você, você permanece em um estado de atenção consciente para a experiência”.
Porque você não para de pensar um pouco?
Para a nossa cultura, herdeira da filosofia grega e da ciência, parar de pensar pode ser um contrassenso evolutivo. Se lutamos tanto tempo para sermos mais racionais, para desenvolvermos o pensamento, para termos a capacidade de analisar e abstrair, qual é a vantagem de parar de pensar?
Bem, segundo pesquisas, os neurocientistas descobriram que pensamos cerca de 60.000 vezes por dia. Já imaginou? 60 mil pensamentos por dia. Para falar a verdade, não sei se este número está certo, também não sei como eles fizeram esta conta. De todo modo, não precisamos da neurociência para saber que pensamos demais.
Acontece que os pensamentos em geral não são pensamentos filosóficos, científicos ou conceituais. Quer dizer, a maior parte dos pensamentos – tirando os pensamentos que são úteis e práticos para o dia-a-dia – são pensamentos que, se forem retirados, não farão nenhuma diferença. Melhor dizendo, sendo retirados, darão mais espaço e mais tempo para viver melhor.
Dois exemplos nos ajudarão a entender porque pensar um pouco menos, certo tipo de pensamento, pode ser útil para o nosso bem estar físico e psíquico.
Preocupações: o exemplo clássico de preocupação é, no Brasil, o de ter uma conta para pagar e de não ter certeza se terá o dinheiro necessário para quitar. Ora, com esta situação, a pessoa fica se preocupando: pensando mil pensamentos de preocupação sobre como vai pagar a conta, e se não pagar a conta, como pode encontrar dinheiro e por ai vai…
Ansiedade: creio que já é bastante popular a ideia de que a ansiedade é uma forma de pensamento que se volta para o futuro, para o que deve acontecer (como desejo) e para o que não deve acontecer (como medo ou receio). Nesse sentido, a ansiedade é uma negação do momento presente, a vontade que o futuro bom chegue logo e a angústia de que o futuro negativo possa chegar. Assim como nas preocupações, a ansiedade gera uma torrente de pensamentos que obscurecem a atenção e a vivência do aqui e do agora.
Assim, se existem tantos e tantos pensamentos sem sentido, desfuncionais, negativos, não faz todo o sentido do mundo não tê-los?
Porém, aqui vem a pergunta: mas como fazer para pensar menos em problemas? Como fazer para diminuir o fluxo mental negativo e ficar mais em silêncio?
Como na brincadeira de infância, talvez ainda não tenhamos desenvolvido a habilidade do que ficar alguns segundos com a boca e a mente silenciadas.
Como treinar a Mindfulness?
Bem, existem diversas técnicas interessantes além da meditação sentada ou meditação zen ou vipassana.
Alguns exercícios encontrados na literatura são os seguintes:
Tomar banho: normalmente, quando tomamos banho, fazemos de certa forma os movimentos de forma automática. A ordem com que nos lavamos também é automática. Se quisermos, podemos utilizar este momento para ficarmos mais atentos ao momento presente, sentindo as sensações provocadas pela água e o banho como um todo. Ou seja, retira-se o foco de todos os pensamentos e emoções que não tem relação nenhuma com o banho e o que resta? O banho, o momento presente.
Comer: assim como tomar banho, o ato de nos alimentarmos para a maioria das pessoas é totalmente automático. Engole-se a comida e pronto. Ainda que o dia-a-dia possa ser corrido, se tivermos 15 minutos, por exemplo, para almoçar, podemos utilizar estes preciosos minutos para estar presente, para sentir os gostos e cheiros, para apreciar o momento e silenciar também o fluxo mental. Menos pensamentos, mais detalhes das sensações.
Exercícios físicos: cada pessoa tem, com certeza, preferência por um tipo de esporte. Quando eu era criança, jogava futebol. Hoje prefiro fazer pilates. Veja mais sobre – Porque você deve fazer Pilates – Enfim, independente do esporte que você goste, aproveito os momentos da prática esportiva para estar ali, para esquecer o que te preocupa, o que te traz ansiedade. Trazendo a mente para o presente, você conseguirá diminuir o número excessivo e desnecessário de pensamentos.
Conclusão
A Mindulfulness psicologia ou psicologia da atenção plena e da consciência é praticamente desconhecida entre nós. É normalmente definida como uma das linhas da psicologia cognitivo-comportamental ou apenas cognitiva e foi desenvolvida a partir da década de 1970 quando se percebeu que algumas práticas orientais (despidas de seu caráter religioso) poderiam ser úteis para alguns tratamentos de doenças mentais.
Não há dúvida que pensamos demais. Já que os pensamentos que são pensados não são geralmente interessantes do ponto de vista teórico (ou seja, não são pensamentos filosóficos, científicos, teológicos) nem práticos (pensamentos úteis para o dia-a-dia) faz todo o sentido diminuir este fluxo incessante de pensamentos desinteressantes, inúteis ou até prejudiciais para estar mais presente no presente.
felipe, a algum tempo senti o reflexo dos meus pensamentos através do meu corpo, sentia que a fixação naquele pensamento ruim era a unica causa de sentir dores no estomago, uma vez que nao tenho problemas de saúde graves, era nítido que aquilo era resultado da obsessão pelo pensamento negativo que estava tendo, e assim que passou a angustia tudo voltou ao normal, foi uma experiencia bem desgastante. gostaria de saber como a psicologia explica esses fatores, e/ou talvez uma possível alternativa de solução. agradeço.
Olá Juliana,
Este texto nosso explica um pouco, veja aqui – O modelo cognitivo
Outra linhas da psicologia também mencionam a relação mente corpo como a psicossomática, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Estou precisando urgente diminuir o fluxo de pensamentos inúteis.
Mais um texto ótimo Felipe!
Adorei a técnica do banho, vou colocar em prática.
Gratidão :)
Felipe, a meditação Vipassana tem como foco a respiração. Eu, ao invés da respiração, posso manter a concentração em alguma imagem, a chama de uma vela, por exemplo? Vai ter alguma diferença na qualidade da meditação?
Olá, Dr. Felipe!
Sou formada em Direito e, atualmente, estou estudando para Concursos Públicos.
Na sua opinião, qual é a melhor obra (de Neurociência ou Psicologia) para o concursando aprender técnicas de estudo, memorização e preparo psicológico para lograr êxito em provas?
Abraço,
Renata
Olá Adriana!
Todos nós precisamos frequentemente diminuir um pouco, rsrs!
Fico muito feliz que tenha gostado!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Henrique!
Excelente pergunta!
Sim, é possível fazer a meditação vipassana tendo como foco outro objeto que não a respiração. Por exemplo, é possível fazer a meditação andando e concentrando a atenção nos passos.
Porém, a respiração é mais indicada porque a temos disponível em todos os momentos, não é mesmo? Assim, se criamos o hábito de meditar com uma vela, não teremos a vela sempre à nossa disposição, como acontece com a respiração, ok? Esta é a maior vantagem.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Mariana!
Fico muito feliz que tenha gostado do site!
Então, eu já escrevi a respeito do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) aqui no site. Veja aqui – TDAH
Em minha opinião, nenhum remédio vai ser a solução para este tipo de questão. Não se trata de não ter foco, mas sim de desviar a atenção por questões emocionais, como você mesma disse, brigas no relacionamento, problemas no trabalho, etc.
Por isso, ao invés de tomar uma anfetamina, sugiro que você faça terapia com um profissional da psicologia, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Renata!
Esta é uma excelente questão!
Nunca tinha sido solicitado para escrever sobre este tema.
Está anotado! Em breve escreverei mais sobre esta questão, ok?
Mas você pode ver desde já este vídeo – http://videos.blog.br/como-aumentar-a-inteligencia-dicas-para-estudar-com-eficiencia/
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Gostaria que fosse abordado o tema”Habilidades sociais” necessaria para o psicologo em formação. Grata Dayse Caldeira
Olá Dayse,
É um excelente tema! Obrigado por sugerir!
Indico este texto, enquanto ainda não temos o das Habilidades Sociais: Perfil Profissionais da Psicologia
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Bom dia o meu filho ele é muito agitado em tudo na escola,em casa,quando saimos para algum lado ele não para só quando esta a ver bonecos na tv ou jogar na psp ou Tablet.O que você me aconselha a fazer?
Olá Sonia,
As pessoas, desde a infância, são muito diferentes uma das outras.
Embora possamos entender que toda criança possui muita vitalidade, se formos comparar umas com as outras, veremos que algumas são mais agitadas.
A dica é simples: procure proporcionar para ele atividades para ele “gastar esta energia” como esportes. Artes marciais também são interessantes porque unem a atividade física com a concentração (desde que seja conduzida por um professor sério).
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Matéria muito bem escrita!
Só gostaria de salientar aqui, que não existe como parar o processo de pensamento, mas podemos sim administrá-los. Até mesmo porquê a tentativa de parar o pensamento já é um pensamento, a consciência do pensamento.
Não podemos ser passivos de todo tipo de pensamento que vem a nossa mente, devemos sair da platéia e atuarmos como autores do script de nossa memória.
Existem técnicas específicas para isto, uma delas, desenvolvida pelo Dr. Augusto Cury, é a técnica do D.C.D – duvidar, criticar, determinar, todos seus pensamentos, principalmente os negativos. Ter uma conversa sincera consigo durante 10 ou 15 minutos do seu dia vai ajudar a resolver problemas pessoais e também a desacelerar a cadeia de pensamentos.
Recomendo que leiam o livro “Ansiedade – Como enfrentar o mal do século” onde cita mais detalhadamente sobre esse processo.
Olá Matheus!
Entendo que você diz, mas apesar de parecer difícil, é possível sim paralisar por vários momentos o pensamento discursivo, verbal ou imagético. Leva um tempo e treinamento, porém, com as Técnicas de Mindfulness é possível aumentar os espaços de silêncio.
Atenciosamente,
Felipe de Souza