Olá amigos!

Depois do sucesso de uma série de textos que escrevi sobre o Mercado de Trabalho na psicologia e, também, de outras áreas, em Dinheiro e Profissão, gostaria de falar com vocês sobre uma questão fundamental em toda escolha profissional: a avaliação do mercado de trabalho. A dúvida ou o dilema é simples e pode ser expresso através de pensamentos como:

– “Será que a área X é uma boa área para se trabalhar?”

– “Será que dá dinheiro?”

– “Será que dá uma boa condição de vida, ou seja, a possibilidade de viver bem, ser feliz ou é uma área por demais estressante?”

– “Será que é uma boa área para mim?

Neste texto, vou procurar ajudar a responder estas dúvidas.

Definição de Mercado de Trabalho

Em todas as cidades vamos os Mercados Municiais, aonde se vende de tudo e um pouco mais: frutas, verduras, peixes, panelas, azeites e, em cada cidade, encontramos também certas peculiaridades. A ideia de mercado de trabalho vem destes locais de compra e venda, que desde a Antiguidade acompanham a humanidade. Pode parecer estranho ou sem sentido pensar no mercado de trabalho de uma profissão como psicologia, engenharia, odonto, medicina, direito trazendo esta metáfora dos Mercados Municipais. Parece estranho, talvez, mas a única diferença consiste que, nestas profissões, não se vende produtos (geralmente) mas sim serviços. Tirando isto, continua existindo a famosa troca de alguém vendendo (um serviço) e alguém comprando.

Deste modo, podemos imaginar alguém perguntando se o mercado de peixe é bom na cidade X ou se o mercado de oftalmologia é bom na região Y. A questão é exatamente a mesma: podemos encontrar pessoas dispostas a pagar pelo serviço? Pessoas precisando, demandando, querendo ou buscando? E, na continuidade da pesquisa, podemos indagar se há concorrência. Quantas pessoas já trabalham naquele local oferecendo serviço parecido? Como podemos criar diferenciais que nos destaquem?

Um mercado ideal é um mercado no qual tivéssemos monopólio, ou seja, apenas uma única pessoa (ou empresa) ofertando o serviço. Melhor ainda se o serviço for imprescindível, quer dizer, se não tiver como não comprar mais cedo ou mais tarde.

Um conhecido meu, durante décadas, teve uma funerária, a única funerária de uma cidade. É o tipo de serviço que não tem como escapar. Uma hora alguém morre e temos que providenciar o enterro…

Olhando friamente, como um negócio (embora seja um exemplo um pouco mórbido), podemos ver que este conhecido conseguiu o melhor mercado possível: um serviço imprescindível, muitas pessoas precisando, e ninguém na concorrência. Digo que é preciso, que é necessário não só na obtenção do serviço, como no pagamento.

Um outro exemplo, eu posso ser o único psicólogo em uma cidade de 10.000 habitantes no interior de Minas Gerais. Ótimo, certo? Mas será que as pessoas vão buscar os atendimentos? Estarão dispostas a pagar 100 reais pela consulta? Talvez não. Com isso, não há concorrência e, também, não há demanda.

Existem profissões que são excelentes no quesito não ter como não procurar. Imagine ficar 1, 2, 3, 4 dias com uma dor de dente insuportável. Resultado: você tem que procurar um dentista. O problema deste mercado pode ser, como dizia um amigo meu, que há um dentista em cada árvore. Resumo: muita demanda (não só de dor de dente), mas muita concorrência. Com muita concorrência, um consulta que poderia custar 100 reais, pode valer 10 em um plano de saúde…

Como avaliar um mercado de trabalho

Bem, esta avaliação me parece, pessoalmente, um tanto quanto fria já que eu estaria inclinado a colocar junto desta avaliação o lado subjetivo de quem está avaliando, com perguntas como:

Qual é o seu talento?

Ganhar dinheiro ou fazer o que se gosta?

– Como você quer ganhar dinheiro?

Veja a Série Completa de textos – Dinheiro e Profissão

Bem, mas retirando um pouco o lado individual, que trará a certeza da escolha não tanto pelo mercado como pela paixão, pelo talento, pelo prazer, pelo ideal de escolher o seu próprio caminho, primeiro podemos avaliar um mercado de trabalho de forma bem rápida e fácil: perguntando para o maior número de profissionais possível, lendo textos em sites de profissionais, lendo livros da área, vendo vídeos e detalhe: sempre em um número elevado.

Ou seja, se você for conversar com profissionais da área, converse com 100 e não com 3. Isto porque você pode encontrar 3 que amam a profissão e são muito bem remunerados ou então encontrar 3 que nunca conseguiram se estabelecer.

Segundo, podemos avaliar um mercado, questionando se existe ou não pessoas dispostas a pagar pelo nosso serviço e quanto seria o valor de um serviço, em média. Tudo bem que não podemos avaliar por quem ganha o mínimo, mas, por exemplo, trabalhar como manicure é uma área que não deve dar muito dinheiro por mês (pelo menos em minha pequena cidade mineira). Afinal, cobrar 10 reais por hora, e ainda dividir com a dona do salão uma porcentagem, é ganhar 48 reais por dia de trabalho. Considerando 20 dias teríamos 960 reais por mês.

Neste último exemplo, vemos que por mais que a pessoa seja competente e capaz em seu serviço, o valor é muito baixo, depende das horas trabalhadas e, a não ser que a profissional trabalha 20 horas por dia e 30 dias por semana, dificilmente vai passar dos 3 salários mensais.

Terceiro, avaliar a cidade de atuação. Como eu frisei acima, no exemplo da manicure, eu estava pensando no mercado de trabalho, na profissão X, na cidade de São Lourenço, MG. Uma cidade pequena, de 40.000 habitantes, turística, etc. Ou seja, temos que avaliar se existe campo, concorrência, no local aonde estivermos. Claro, se o mercado for online, o campo é o mundo, virtualmente.

Quarto, avaliar as possibilidades de atuação. As melhores áreas são aquelas que permitem muitas especializações. E por uma razão muito simples, se uma área está com muita concorrência ou está com pouca demanda, podemos nos especializar em outra área, mas sem sair da profissão. Por exemplo, se a psicologia organizacional está pagando pouco, posso passar para a psicologia clínica, se a psicologia clínica está me cansando demais, posso passar para a psicologia acadêmica. Direito, medicina, engenharia, entre centenas de outras profissões permitem esta flexibilidade.

Áreas de licenciatura como Letras, Filosofia, História, Matemática, Física, entre outras, são áreas praticamente só voltadas para dar aulas. Sempre existirão pessoas dispostas a aprender, tenho certeza, porém, se pensarmos na questão: “Quem vai pagar as aulas?” o que teremos como resposta? Se você for professor para crianças, as crianças não pagarão. No caso, sobra para os pais ou para o governo. Se os pais tiverem dinheiro colocarão a criança em uma escola particular. Contudo, o dinheiro não vai direto para o professor… vai para o dono da escola que, por sua vez, pagará não muito ao professor…

Conclusão

Bem, eu sou contrário a avaliar o mercado desta forma, para ser sincero. Eu sempre pensei de fazer Letras porque eu gosto de ler, gosto de literatura, gosto de línguas estrangeiras. Não fiz a graduação mas fiz Mestrado em Letras e me orgulho de ter seguido o que o meu coração disse para eu seguir, dizendo de uma forma romântica. Não escolheria engenharia porque é um mercado que dá dinheiro ou tem muitas possibilidades.

O que eu quero dizer é que, na minha opinião, este caminho seria sofrimento no longo prazo, escolher apenas pelas oportunidades ou pela grana. Muitos conseguem até ser frios o suficiente para trabalhar 30 anos no que não curtem, mas pelo que observo, isto só faz criar neuroses e psicoses….

De todo modo, é importante analisar sim o mercado de trabalho, não só por questões práticas (como saber a remuneração média ou para conhecer melhor como é a profissão no dia-a-dia conversando com os profissionais), mas também porque às vezes é o mercado de trabalho que vai nos fazer escolher ou não uma carreira. Dei o exemplo da Letras, pois creio que fica muito evidente. Na época, não escolhi Letras porque não queria dar aulas. Como o mercado de trabalho é 90% para dar aulas, não fazia sentido. Ainda que se possa trabalhar com tradução, edição, versão, isto não é o comum, nem existem tantas vagas assim para estas atuações. Se eu quisesse dar aulas, aí sim, faria todo o sentido.

Para avaliar um mercado de trabalho, em síntese, temos que pensar: na demanda (quantas pessoas ou empresas buscariam o serviço e estariam dispostas a pagar por ele?), na concorrência (quantos outros profissionais seriam meus concorrentes diretos?), na remuneração por serviço ou por mês (média salarial), na qualidade de vida dos profissionais (afinal, de que adianta uma área que vai causar tanto estresse ou cansaço e acabar com sua saúde?).

Porém, ainda sou dos que pensam que o que mais vale é encontrar o próprio Érgon, o próprio caminho…