Continuo hoje a série de textos sobre problemas na linguagem que nos limitam e podem causar sofrimento.
A distorção linguística chamada quantificadores universais (universal quantifiers) são sentenças sobre o todo. Generaliza-se uma parte da experiência para todo o grupo, estabelecendo totalidades, como os exemplos abaixo:
Todo político é corrupto.
[Todo] homem não presta.
Toda loira é burra.
Ninguém prestou atenção no que ele disse.
Ela nunca consegue tomar decisões.
Muitas palavras podem ser utilizadas, as principais são: todos, ninguém, sempre, nunca. O importante, para que haja esta distorção, é que não se tenha espaço para exceções.
Podemos transformar esta distorção linguística de forma muito simples:
1) Na frase “Todo político é corrupto”, perguntamos: “Todos”?
2) “Ninguém prestou atenção no que ele disse”, perguntamos “Ninguém? Quem não estava prestando atenção?”
3) “Você nunca escuta o que eu digo”, pode-se perguntar: “Nunca? Em que momentos eu não ouvi”?
Quando alguém diz “[toda] minha infância não foi feliz”, retiramos a distorção sobre universalidade questionando: – Quais foram os momentos felizes? Quantos dias teve sua infância?
O problema com tal distorção é que prolonga-se o sofrimento, pois a tendência é que as pessoas reencontrem seus pensamento na realidade. “Todo homem não presta” gerará sofrimento para uma mulher nos seus futuros relacionamentos. Caso, é claro, ela queira ter um relacionamento, já que “todo homem não presta”…
FELIPE DE SOUZA