Neste texto, indicamos os livros mais fundamentais para começar estudar a psicologia comportamental.

Olá amigos!

Recentemente recebi alguns pedidos para escrever sobre os melhores livros de psicologia comportamental para começar a estudar a abordagem da psicologia também conhecida como behaviorismo – palavra que vem do inglês behavior, comportamento.

Durante a faculdade de psicologia na UFSJ, eu tive a oportunidade de estudar com professores excelentes, tanto do chamado behaviorismo metodológico como behaviorismo radical. Portanto, apesar de não me considerar um especialista na abordagem, penso que posso compartilhar com vocês os livros que tenho que são os melhores para o início do estudo.

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Evidentemente, toda lista de “melhores” é, no fundo, uma escolha subjetiva. Podemos enaltecer mais uma obra por questões particulares ou deixar de fora trabalhos igualmente importantes. Como temos o espaço dos comentários abaixo do texto para continuarmos conversando, poderemos ir acrescentando o que, por ventura, tiver sido excluído.

Antes de começarmos, é interessante citarmos o começo do livro Sobre o Behaviorismo, de Skinner. Neste começo, ele explica algumas incompreensões do behaviorismo (que define com a filosofia da ciência do comportamento). Para Skinner, o behaviorismo é criticado injustamente e todas as afirmações abaixo são falsas:

1) O behaviorismo ignora a consciência, os sentimentos e os estados mentais;

2) Negligencia os dons inatos e argumenta que todo comportamento é adquirido durante a vida do indivíduo;

3) Apresenta o comportamento simplesmente como uma conjunto de respostas a estímulos, descrevendo a pessoa como um autômato, um robô, um fantoche ou uma máquina;

4) Não tenta explicar os processos cognitivos;

5) Não considera as intenções ou propósitos;

6) Não consegue explicar as realizações criativas – na Arte, por exemplo, ou na Música, na Literatura, na Ciência ou na Matemática;

7) Não atribui qualquer papel ao eu ou à consciência do eu;

8) É necessariamente superficial e não consegue lidar com as profundezas da mente ou da personalidade;

9) Limita-se à previsão e ao controle do comportamento e não apreende o ser, ou a natureza essencial do homem;

10) Trabalha com animais, particularmente com ratos brancos, mas não com pessoas, e sua visão do comportamento humano atém-se, por isso, àqueles traços que os seres humanos e os animais tem em comum;

11) Seus resultados, obtidos nas condições controladas de um laboratório, não podem ser reproduzidos na vida diária, e aquilo que ele tem a dizer acerca do comportamento humano no mundo mais amplo torna-se, por isso, uma metaciência não-comprovada;

12) Ele é supersimplista e ingênuo e seus fatos são ou triviais ou já bem conhecidos;

13) Cultua os métodos da Ciência mas não é científico; limita-se a emular as Ciências;

14) Suas realizações tecnológicas poderiam ser obtidas pelo uso do senso comum;

15) Se suas alegações são válidas, devem aplicar-se ao próprio cientista behaviorista e, assim sendo, este diz apenas aquilo que foi condicionado a dizer e que não pode ser verdadeiro;

16) Desumaniza o homem; é redutor e destrói o homem enquanto homem;

17) Só se interessa pelos princípio gerais e por isso negligencia a unicidade do individual;

18) É necessariamente antidemocrático porque a relação entre o experimentador e o sujeito é de manipulação e seus resultados podem, por essa razão, ser usadas pelos ditadores e não pelos homens de boa vontade;

19) Encara as ideias abstratas, tais como moralidade ou justiça, como ficções;

20) É indiferente ao calor e à riqueza da vida humana, e é incompatível com a criação e o gozo da arte,  da música, da literatura e com o amor ao próximo.

Fiz questão de listar todas estas 20 afirmações (falsas) sobre o behaviorismo porque elas, de certa forma, resumem as principais críticas que a área sofreu ao longo dos tempos. Para quem não estudou o behaviorismo por este ou aquele motivo, pode vir então a ficar curioso sobre o modo como a abordagem lida com questões que, por erro ou preconceito, teriam sido retiradas do seu escopo de estudos.

Ou seja, como o behaviorismo entende o pensamento? A arte e o comportamento de um artista? A matemática e o comportamento de um matemático? De um juiz, de um padre, de um pastor, de um rabino, de um sufi?

A partir da lista abaixo, podemos começar, portanto, a estudar a psicologia comportamental. A lista não é necessariamente do mais simples para o mais complexo. Entretanto, eu indicaria a leitura mais ou menos nesta ordem, se as condições de leitura estiverem disponíveis:

Melhores livros de psicologia comportamental

1) Análise do Comportamento, de B. F. Skinner e J. G. Holland

Livro Análise do Comportamento, Skinner e Holland

O livro da foto acima, Análise do Comportamento, de Holland e Skinner, é muito interessante para começarmos a estudar a psicologia comportamental porque ele é estruturado do mais simples para o mais complexo. A ideia para a estrutura do livro veio de Edward Thorndike e Arthur Gates, no Princípios Elementares de Educação, aonde eles diziam que o ideal seria que o leitor ou estudante só pudesse passar para a página seguinte se tivesse compreendido e feito o que estava na página anterior.

Esta proposta, portanto, foi realizada por Holland e Skinner. Cada página possui pequenos textos que apresentam os conteúdos e conceitos em ordem de dificuldade, do mais simples para o mais complexo. O leitor vai estudando e compreendendo e grava tudo se fizer conforme é explicado.

Assim, o livro começa explicando o comportamento reflexo, passa para o comportamento operante (conceitos elementares), depois para contigências exatas, modelagem do comportamento, reforço intermitente, controle de estímulos, privação, emoção, comportamento de fuga e esquiva, emoção 2, punição, analise científica e interpretação de casos complexos, autocontrole e interpretação da personalidade.

2) Sobre o behaviorismo, de B. F. Skinner

Livro Sobre o behaviorismo, de Skinner

Sobre o behaviorismo, o livro que citei acima (as 20 frases falsas) é o livro que apresenta os conceitos básicos sobre abordagem, ao mesmo tempo em que a situa no contexto mais amplo, começando pelas causas do comportamento – falando já no primeiro capítulo sobre as diferenças entre o behaviorismo metodológico e radical – passando pelo comportamento inato, comportamento operante, percepção, comportamento verbal, pensamento, conhecimento, motivação e emoção, controle do comportamento.

3) Ciência e Comportamento Humano

Livro Ciência e Comportamento Humano, de Skinner

Este livro, Ciência e Comportamento Humano, é considerado um clássico da abordagem. A sinopse do livro diz:

“Muita gente interessada no comportamento humano não sente a necessidade de padrões e critérios de prova, característicos de uma ciência exata; as uniformidades no comportamento são óbvias mesmo sem eles. Ao mesmo tempo, relutam em aceitar as conclusões que tais provas inevitavelmente apontam, se não sentirem por si próprios a uniformidade. Mas estas idiossincrasias são um luxo dispendioso. Não é preciso defender os métodos da ciência na sua aplicação ao comportamento”.

Na apresentação à edição brasileira, Skinner escreve:

“Uma edição brasileira em língua portuguesa de meu Ciên­cia e comportamento humano é especialmente encorajadora. Como insistia o filósofo inglês Francis Bacon, o conhecimento deve ser útil. Neste livro procurei respeitar a boa prática cientí­fica. Pedi ao leitor que refletisse cientificamente sobre o com­portamento humano, mas preocupo-me igualmente com que esteja constantemente cônscio do significado prático dos fatos comportamentais nos negócios humanos. O Brasil moderno move-se em uma direção que deve salientar a importância de uma ciência útil do comportamento. Esta tradução serve pois a uma função extra ao acentuar o caráter do livro de modo parti­cularmente eficaz”.

Este livro, em minha opinião, não é tão simples, embora com conhecimentos prévios possamos acompanhar o raciocínio do autor sem problemas. A maior dificuldade reside no fato de ser também um livro sobre a ciência em geral, ou seja, sobre a epistemologia da ciência. A partir do segundo capítulo, entretanto, o autor entra direto na ciência do comportamento e passa a falar sobre os aspectos específicos do comportamento humano com diversos exemplos.

4) Walden Two, de B. F. Skinner

Livro Walden II, de Skinner

No prefácio à edição americana, de 1969, Skinner fala sobre o Walden II, uma obra que pode, a seu modo, ser considerado um romance, e, igualmente, uma imaginação sobre as aplicações do behaviorismo:

“Muito do interesse atual em Walden II pode, acho eu, ser atribuído a duas razões. Em primeiro lugar, estaria a relação óbvia com o que está acontecendo entre os jovens de hoje. Walden II não é um manual para ‘hippies’, não deflagrou nenhuma revolução, mas defendeu princípios que estão agora muito em voga. Cinco deles encontram-se também em Walden (1), de Henry David Thoreau:

1) Nenhum modo de vida é inevitável. Examine o seu próprio de perto.

2) Se você não gosta dele, mude-o.

3) Mas não tente mudá-lo através da ação política. Mesmo que você consiga ganhar o poder, não poderá usá-lo mais sabiamente que seus predecessores.

4) Peça somente que o deixem em paz, para resolver os seus problemas a seu modo.

5) Simplifique suas necessidades. Aprenda como ser feliz com menos posses.

O Walden de Thoreau era, entretanto, um Walden para um, e os problemas da sociedade pedem algo mais do que o individualismo. Outros princípios devem ser acrescentados:

6) Construa um modo de vida no qual as pessoas vivam juntas sem brigar, num clima social de confiança ao invés de suspeita, de amor ao invés de ciúme, de cooperação ao invés de competição.

7) Mantenha esse mundo com sanções éticas brandas, mas efetivas, ao invés de polícia ou força militar.

8) Transmita a cultura eficazmente aos novos membros através de cuidados especializados às crianças e de uma tecnologia educacional poderosa.

9) Reduza o trabalho compulsivo ao mínimo, dispondo os tipos de incentivo sob os quais as pessoas apreciam trabalhar.

10) Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não aceite a verdade eterna. Experimente.

5) O mito da liberdade, de B. F. Skinner

Livro O Mito da Liberdade de Skinner

O mito da liberdade é, de certa forma, um livro mais filosófico de Skinner. A velha e longa discussão filosófica e teológica sobre determinação e livre-arbítrio (ou em linguagem mais antiga, destino e liberdade) é o tema desta obra, mas não só.

Penso que a obra também aborda a famosa questão sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade e, fazendo uma ligação com o livro Walden II, mostra que é possível construir uma sociedade melhor, a partir dos princípios da psicologia comportamental.

Com este livro encerramos as indicações de livros de Skinner.

Comportamento Verbal, do mesmo autor, é fundamental para quem quer estudar a linguagem sobre o ponto de vista da psicologia comportamental. Entretanto, como é uma edição esgotada, o jeito é encontrara a obra em bibliotecas públicas (as universidades que tem a faculdade de psicologia geralmente tem em seu acervo), em sebos ou em inglês.

6) Modificação do comportamento. O que é e como fazer?

Livro Modificação do Comportamento - O que é e como fazer

Este é um livro que considero básico e super fácil de ler. A sinopse diz:

“Modificação do Comportamento – O que É e como Fazer é um livro-texto sobre princípios básicos de análise do comportamento, dirigido a estudantes universitários. Sua primeira edição foi em 1992 e o livro está hoje em sua 8 ª edição revisada na língua inglesa. Com esta primorosa tradução de Noreen Aguirre e revisão de Hélio Guilhardi, o livro passa a ser publicado também em língua portuguesa, tornando-se mais uma opção para aqueles que querem/precisam se introduzir na análise do comportamento.

Modificação de Comportamento…, portanto, não trata de um tema inexplorado ou não publicado no Brasil. Por que publicar, então, mais um manual de análise do comportamento para esse público? Em primeiro lugar, porque ele é bom: o texto é claro, bem organizado, de fácil compreensão.

É simples, mas não é simplista. Principalmente, o texto é preciso. Em segundo lugar, Modificação de Comportamento… foi escrito como um texto que trata dos princípios que fundamentam a análise do comportamento (e esta é a lógica que organiza os capítulos), mas é o primeiro manual traduzido para a língua portuguesa que se apresenta também como um guia para o planejamento de intervenções com base na análise do comportamento.

O resultado final é um texto que reúne os princípios de análise do comportamento à análise aplicada do comportamento, na melhor tradição da área. Tal resultado é, sem dúvida, produto de experiência, conhecimento e excelência dos autores: Garry Martin e Joseph Pear são analistas do comportamento, professores da Universidade de Manitoba há mais de 30 anos. Garry Martin é um admirável pesquisador em análise do comportamento aplicada e destacou-se pela diversidade de campos em que atuou/atua e pela efetividade e correção de sua prática como docente, pesquisador e analista do comportamento aplicado.

Joe Pear é um primoroso pesquisador de análise experimental do com portamento, que se destacou/destaca pela arguta curiosidade e pela engenhosidade metodológica de seus trabalhos. A reunião de ambos produziu Modificação de Comportamento…, um texto que certamente cativará alunos e professores pela sua clareza, precisão e aplicabilidade, e despertará em muitos a curiosidade pela área e o compromisso com novos estudos”.

7) Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do Comportamento, organizado por Caballo

Livro Manual de Técnicas de TErapia e Modificação do Comportamento

Este é uma espécie de compêndio com as principais técnicas utilizadas pelos terapeutas da linha comportamental. É um livro mais complexo, para quem já conhece os principais conceitos e deseja atuar na clínica com a abordagem comportamental, embora também possa ser usado em outros contextos.

A sinopse do livro nos informa:

“As técnicas de terapia e modificação do comportamento que os profissionais da saúde dispõem atualmente, lhes permite abordar os distúrbios mentais com uma notável segurança por possuírem meios eficazes para o seu tratamento. O presente manual apresenta as técnicas terapêuticas mais importantes do campo da terapia e modificação do comportamento e de maneira prática, mas sem perder em profundidade. Cada capítulo, que expõe uma técnica, foi organizado fundamentalmente em torno dos seguintes tópicos: História, Definição e Descrição, Fundamentos Conceituais e Empíricos, Procedimentos, Variações, Aplicações, Resumo e Leituras Recomendadas.

Os diversos capítulos que compõem este livro constituem escritos originais, redigidos especialmente para ele por mais de 40 especialistas nacionais e internacionais, formando uma obra de consulta Imprescindível para todo profissional interessado no campo da terapia dos distúrbios mentais: psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais etc. Assim, o resultado foi um livro de texto ideal para as disciplinas pertencentes a área da terapia e modificação do comportamento dos últimos cursos da carreira de Psicologia.

Vicente E. Caballo, natural de Villalón de Campos (Valladolid) estudou no primeiro ciclo de sua carreira de Psicologia na Universidade Central de Barcelona e completou o segundo ciclo na Universidade Autônoma de Madri. Posteriormente realizou seu concurso de Licenciatura com o Prêmio Extraordinário e obteve o doutorado em Psicologia pela mesma Universidade. Atualmente é Professor Titular do Departamento de Personalidade, Avaliação e Tratamento Psicológico da Universidade de Granada, dividindo a cadeira de Psicopatologia. Tem várias publicações em revistas espanholas e estrangeiras, sendo autor do livro “Teoria, Avaliação e Treinamento das Habilidades Sociais” (1988) e compilador (com G. Buela-Casal) do “Manual de Psicologia Clínica Aplicada” (1991). Os interesses atuais do autor direcionam-se para as técnicas de terapia comportamental, para o campo de relações interpessoais e para a influência exercida pelo contexto que o rodeia sobre o comportamento humano”.

Conclusão

Neste texto, indicamos os livros mais fundamentais para começar estudar a psicologia comportamental. Certamente, podemos continuar completando a lista. Entretanto, penso que com a leitura e o estudo destes o estudante terá uma base sólida na psicologia comportamental.

Críticas, sugestões, complementações, por favor, deixe seu comentário abaixo!

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Psicólogo Clínico e Online (CRP 06/145929), formado há 16 anos, Mestre (UFSJ) e Doutor (UFJF), Instrutor de Mindfulness pela Unifesp. Como Professor no site Psicologia MSN venho ministrando dezenas de Cursos de Psicologia, através de textos e Vídeos em HD. Faça como centenas de alunos e aprenda psicologia através de Cursos em Vídeo e Ebooks! Loja de Vídeos e Ebooks. Você pode também agendar uma Sessão Online, Terapia Cognitivo Comportamental, Problemas de Relacionamentos, Orientação Profissional e Coaching de Carreira , fazer o Programa de 8 Semanas de Mindfulness Online. E não se esqueça de se inscrever em nosso Canal no Youtube! - no TikTok -, e Instagram! Email - psicologiamsn@gmail.com - Agendar - Whatsapp (11) 9 8415-6913