Déjà vu é uma experiência que consiste em: “Eu já vi isso antes – só não sei aonde”. Há tempos uma explicação é buscada. Veja a explicação da psicologia.
Olá amigos!
Uma querida leitora do nosso site sugeriu que escrevêssemos sobre Déjà vu. Esta palavra francesa quer dizer, literalmente, “Eu já vi” ou “Já foi visto” e designa um tipo particular de experiência que causa estranheza e deslumbramento. Como quando estamos conversando com alguém e sentimos que aquela cena inteira já aconteceu e que agora está acontecendo na realidade, até chegar ao ponto de sabermos o que a pessoa vai dizer ou saber que um detalhe importante da cena está para acontecer acaba acontecendo conforme o esperado.
Como é de se imaginar, as explicações sobre o Déjà vu vão desde as explicações místicas, espirituais, religiosas até a psiquiatria e neurologia que considera este tipo de experiência apenas como um pequeno erro do cérebro ou, mais grave, um distúrbio de personalidade. A verdade é que as explicações místicas ou psiquiátricas não explicam de verdade este curioso fenômeno. Mais recentemente, a psicologia vem procurando explicar a sensação de que o que acontece, já aconteceu.
Antes de entrarmos na explicação da psicologia, para quem nunca teve um Déjà Vu, eu explico através da pergunta da criança que diz: “Por que nós lembramos do passado e não lembramos do futuro?” O Déjà vu seria então a impressão de se lembrar por segundos do futuro e ver o futuro tornando-se presente.
A Psicologia do Déjà vu
A psicóloga Anne M. Cleary, da Universidade do Colorado, publicou um artigo sobre a relação entre o Déjà vu e a memória de recognição. Simplificando, recognição significa a capacidade que todos nós temos de re-conhecer um objeto, um rosto, uma pessoa, um voz no celular, etc. Não damos muito conta da importância da recognição, mas sem ela as atividades mais fáceis do dia-a-dia ficariam impraticáveis.
Existem dois tipos de recognição: familiaridade e recordação. A recordação ocorre quando ouvimos uma música em um comercial de TV e recordamos que acabamos de ouvir a mesma música na rádio hoje pela manhã. A familiaridade é um tipo de recognição parecida com a recordação, a diferença consistindo no fato de que não lembramos exatamente como, onde ou de que forma nós tivemos contato com aquela informação. Se eu escuto uma música em um comercial de TV e a música me parece familiar, mas não é possível rastrear da onde ela é familiar, estamos falando da recognição por familiaridade.
Um outro exemplo, você vai ao supermercado e no meio de suas compras você esbarra com uma mulher. Você reconhece que já se encontrou com ela, casualmente, em uma outra loja pela manhã. Este tipo de reconhecimento é a recordação. Agora, se você encontra uma outra mulher logo depois no supermercado, sabe que já encontrou com ela, mas não lembra aonde, você está tendo um tipo de recognição chamado de familiaridade. A diferença entre uma e outra, portanto, reside na capacidade ou incapacidade de apontar da onde vem a memória.
Segundo as pesquisas de Cleary, o Déjà vu ocorreria quando a memória baseada na recognição por familiaridade uniria diversos elementos de experiências vividas anteriormente em uma vivência atual. Por exemplo, você estaria no supermercado e encontraria uma pessoa que você já encontrou mas não lembra da onde e ouviria no mesmo instante uma música no rádio do supermercado que você também não se lembra aonde e quando já ouviu, mas tudo te parece absurdamente familiar.
Nas pesquisas feitas em laboratório, Cleary procurou eliciar a memória baseada na familiaridade. Por exemplo, ela pedia que os participantes estudassem uma lista aleatória de palavras. Algumas das palavras que eram dadas posteriormente para serem apontadas como estando ou não presentes na primeira lista possuíam um som semelhante mas não a mesma grafia ou sentido. Em inglês, lady tem o som parecido de eighty. Os participantes, assim apontavam as palavras parecidas como se as palavras lhe fossem familiares, mas sem saber reconhecer, portanto, exatamente da onde. Pesquisas com imagens de pessoas famosas assim como pesquisas que utilizaram formas geométricas ao invés de palavras também apresentaram resultado semelhante.
Segundo Anne Cleary, “existem muitos paralelos entre o Déjà vu e as teorias de recognição da memória. As teorias da recognição baseadas na familiaridade e os métodos de pesquisa em laboratório utilizados nos estudos podem ser especialmente úteis para elucidar os processos por trás das experiências de Déjà vu”.
A memória de recognição por familiaridade é muito bem expressa pelas pessoas assim que elas tem um Déjà vu: “Eu já vi isso antes – só não sei aonde”.
Conclusão
As pesquisas feitas por Cleary não são conclusivas e se apresentam como uma outra possibilidade de explicação deste fenômeno curioso e instigante. Uma das dificuldades de estudo reside no fato de que o Déjà vu acontece em momentos muito peculiares e é muito improvável que possa ser replicado em um ambiente de um laboratório de psicologia. Portanto, a resposta provisória da psicologia vem através de uma analogia com os estudos da memória de recognição baseadas na familiaridade.
Em minha opinião, é uma explicação mais plausível do que atribuir o Déjà Vu a uma falha no cérebro (ou uma falha na Matrix como no filme). Também me parece mais plausível do que trazer a explicação mística de que é uma previsão do futuro, já que a pessoa só se dá conta do futuro quando ele está acontecendo no presente.
Sabemos desde o final do século XIX, com a hipnose, que a nossa memória é muito mais ampla do que o que costumamos reconhecer. Diversas pesquisas comprovaram que em um estado alterado de consciência, chamado estado hipnótico, conseguimos nos lembrar de detalhes insignificantes do passado. Notem: detalhes que não lembramos que lembramos.
A qualidade de não lembrar – mas lembrar – é outra das possíveis definições para a memória de recognição baseada na familiaridade. Isto me parece familiar, embora eu não me lembre da onde eu me lembro.
Não tive experiência de Déjà vu… Mas carece de mais elementos para explicar, carece de estudos mais aprofundado, não se restringindo apenas a recognição baseadas na familiaridade. . Não vejo relação entre Déjà vu e a memória de recognição. Como explicar a sensação de alguém que está conversando e sente a cena inteira como acontecida e com riqueza de detalhes e tudo vindo a acontecer?
Olá Márcio!
Não é uma explicação definitiva, com certeza. Mas é uma explicação plausível. Muitos dos elementos que compõe a cena já estariam na memória (apenas não seriam reconhecíveis, dai a memória baseada na familiaridade). Entretanto, fica ainda a dúvida sim sobre cenas completas de Déjà vu ou então lugares que nunca fomos e que também despertam esta sensação.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Já tive essa experiência “Déjà Vu”. Nossa, eu sempre tive curiosidade em saber o que realmente acontece com a nossa mente. Eu acho fantástico!!!
Olá, Felipe. O déjà vu no sentido de previsão não poderia estar ligado a função psíquica de intuição? Como se a pessoa já soubesse o desdobramento por relacionar as possibilidades futuras da informação recebida?
Grato,
João M.
Acho a teoria da recognição muito plausível. Mas vou arriscar uma teoria sem muito compromisso com a verdade, até porque não pensei na várias implicações do que vou dizer, e também não sou psicólogo nem nada, perdoe-me se vou falar absurdos…
Se a nossa mente tem uma certa tendência constante a prever o futuro a todo momento. Suponho que pelo menos inconscientemente tenhamos uma expectativa e essa expectativa é também a cada momento vetada ou sancionada, conforme o que vai acontecer, se é realizado ou não. Digamos que algo incomum aconteça, por exemplo eu estar em uma sala de aula e o professor de matemática equivocadamente cometer um erro absurdo, tipo 2+2=5. Dali a algum tempo, pode ser até anos, uma sala com a mesma cor ou algo ligado aquela situação, um professor ou até mesmo outra pessoa parecida por exemplo, inconscientemente é gerada uma expectativa relacionada ao erro, o “erro” em si, não o erro de 2+2=5, mas simplesmente um “erro” ficou marcado e não os detalhes de um erro qualquer, mas sim um erro que causou impacto na nossa mente. Então essa expectativa é emfim executada, por um erro qualquer no ambiente, ou qualquer coisa que possa estar relacionado a “erro” na nossa mente, por exemplo alguém pronunciar uma palavra de forma errada…então aha!, já vi isso antes…
Agora se isso se enquadra ainda na recognição, peço perdão pois entendi no texto que a recognição de familiaridade está relacionada ao fato de não saber de onde vêm determinada lembrança, lembrança esta que ocorre novamente como no passado. No exemplo que citei não é uma lembrança que se repete mas sim algo que acontece após uma pre expectativa gerada por alguma lembrança de determinada situação familiar, o ponto chave aqui para o déjà vu seria a expectativa.
hehe obrigada por escrever sobre isso.tava ansiosa p ler.rsrs déjà vu é realmente mt incrível!eu tenho mais ou menos 1 a cada 2 dias.é mt intrigante q chega a ser legal!adoro seus textos, boy.sou sua fã.bjoes ;)
Muito interessante, vale apena aprofundar-se no assunto, pois é umtema atualissimo
quem nunca teve um déjá vu na vida?
Olá Alessandra!
É muito interessante ter um Déjà Vu não é?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá João Marcos,
Sim, com certeza!
A teoria da intuição de Jung também explica muito bem o que acontece em um Déjà Vu.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Mayke!
Excelente seu comentário!
Fantástico mesmo!
Bem, como digo no texto, esta teoria da memória por recognição acaba sendo uma teoria provisória! Muitas outras podem estar mais próximas da verdade. Achei muito interessante a sua ideia! Obrigado por compartilhar conosco!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Suzan!
Fico muito feliz que tenha gostado!
Obrigado por sugerir!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Raimundo!
É muito interessante mesmo, não é?
Mas algumas pessoas ainda não tiveram. Esta também é uma outra questão a ser respondida: porque algumas pessoas tem (até com frequência) e outras não tem.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Felipe!
Eu já tive essa sensação de Déjà vu por muitas vezes e, meu filho tem muito e me fala no momento em que ele percebe – a cena se repete como se ele já soubesse. Parece uma vivência no tempo presente do amanhã…é muito intrigante mesmo. É uma sensação forte, certeira.
São fatos corriqueiros. Ainda bem que posso entendê-lo, já que também vivencio esse estado.
Será que a pesquisa da psicóloga Anna Cleary vai obter um resultado montado em um laboratório, já que estamos falando de sensação, percepção?
Mas, já é um passo. Acredito na construção do conhecimento, na ciência.
Abraço,
Malu
Estar em um local, de forma coincidente, executando uma ação que se passou em sonho três dias antes. tem alguma relação com déjà vu ?
Atenciosamente
Olá Malu!
É uma sensação muito única mesmo!
O engraçado é observarmos como podemos ter fases em que temos vários Déjà Vu e outras em que eles não aparecem. Um outro conceito interessante para pensarmos o fenômeno é o abaissement du niveau mental do Pierre Janet (abaixamento do nível mental).
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Francisco!
De certa forma sim. A diferença é que você se lembra de onde teve a lembrança da cena (de um sonho).
Atenciosamente,
Felipe de Souza