“Enquanto psicólogos sabemos que a luta pela consolidação da profissão é árdua, temos muito ainda por fazer. No entanto, é gratificante olhar para trás e observar quantas vitórias já foram conquistadas. Estou certo que amparados por teorias sólidas iremos ganhar cada vez mais espaço neste mundo atual que carece de uma explanação consistente sobre o agir humano” (Pedro Baratti). 

Olá amigos!

Pedro Baratti escreveu um excelente texto em seu blog – Análise do Comportamento no Cotidiano chamado A Importância da Psicologia: fundamentos da consolidação da atuação do psicólogo. Com a sua autorização, reproduzo o texto abaixo:

A Importância da Psicologia: fundamentos da consolidação da atuação do psicólogo

Hoje, dia 27 de agosto, é o dia do psicólogo. Sem dúvida nenhuma foram muitas as conquistas ao longo destes cento e poucos anos de existência da profissão, porém tem-se muito mais para conquistar. Infelizmente, a atuação do psicólogo sofre com inúmeros problemas, indo desde dizeres totalmente equivocados ainda presentes na sociedade, como “psicólogo é coisa pra doido”, até problemas internos envolvendo embates dentro do próprio campo teórico da psicologia. Mas afinal, no que consiste o trabalho do psicólogo?

dia-do-psicologo

Inicialmente é preciso fazer algumas colocações sobre as psicologias. Isto mesmo, você não leu errado! Não se trata de psicologia, em sim, de psicologiaS. Diferente de outros campos do conhecimento como a biologia, a física e a química que possuem mais de mil anos de existência, a psicologia dita científica remete-se ao ano de 1879 (ao menos para grande parte dos acadêmicos) com a criação do primeiro laboratório de psicologia em Leipzig, por Wilhelm Wundt.

Acontece que até os dias de hoje não se tem um consenso sobre o que seria a psicologia e qual seria seu objeto de estudo. Desta forma, diferentes autores possuem diferentes perspectivas sobre o que é a psicologia e como estuda-la, desenvolvendo diferentes abordagens teóricas, como: Análise do Comportamento, Comportamental-Cognitiva, Existencial-Humanista, Psicanálise, e outras inúmeras.

Mesmo não existindo um consenso sobre o que estudar em psicologia, uma premissa comum envolve todas as abordagens em relação à atuação do psicólogo: é imprescindível a ausência de valores na prática psicológica. Ora, mas o que isto quer dizer? Quer dizer que não importam as crenças pessoais durante o exercício profissional, a atuação deve ser guiada pelo respeito ético e visando sempre o bem estar de seus clientes.

Em suma, o que é bom para o psicólogo não será necessariamente bom para o seu cliente/paciente. Assim, um psicólogo com fortes convicções religiosas ao exercer a atividade clínica, e atender um homossexual, por exemplo, não irá guiar seus atendimentos tomando como base os seus valores de certo ou errado. E vice versa, quando o psicólogo for homossexual, e atender um cliente com fortes convicções religiosas, não se pautará por seus valores de certo ou errado, mas pelo embasamento teórico que utiliza.

De forma similar é o trabalho do psicólogo em instituições ou organizações. Assim, quando um psicólogo flamenguista, acostumado com inúmeras vitórias, presta serviço para clubes como o Vasco da Gama precisa deixar seus valores pessoais de lado (risos… perdoem a brincadeira, mas eu não podia perder essa).

Com a exceção desta ausência de julgamentos de valores, a prática psicológica é extremamente plural, existindo inúmeras formas e metodologias amparadas conceitualmente. Mas claro, como em toda profissão, existem profissionais e profissionais, não é raro na psicologia alguns destes aproveitarem da diversidade teórica existente para lançar práticas no mínimo questionáveis.

Ao procurar o trabalho do psicólogo é fundamental saber quais são as diretrizes que ele utiliza como referencial teórico, isto é, quais são os dizeres que fundamentam a sua prática. É justamente o referencial teórico que legitima a psicologia enquanto profissão, pois sem ele seria apenas um conjunto de pessoas devaneando sobre o mundo a partir de “achismos”.

Sobre a teoria e a prática psicológica ocorre um erro comum, confundir o campo de atuação do psicólogo com a abordagem por ele utilizada. Assim, campos de atuação como a psicologia escolar ou a psicologia do esporte ganham status de abordagens teóricas próprias. O que ocorre na realidade é que o agir do psicólogo será diferente dependendo do seu exercício profissional. Os objetivos na atuação são diferentes dependendo da área em que o psicólogo trabalha, é óbvio que o psicólogo clínico terá uma postura diferente de um psicólogo forense.

Para facilitar a visualização, imagine um psicólogo que utilize a Análise do Comportamento como fundamentação teórica. Este analista do comportamento pode atuar em diferentes campos profissionais, como: psicologia clínica, psicologia do esporte, psicologia social, psicologia escolar, psicologia organizacional, psicologia forense, entre outras, e sempre utilizando dos conceitos da Análise do Comportamento.

Onde há a presença dos seres humanos cabe à atuação do psicólogo, somente isso! Citando estas inúmeras áreas de atuação, o leitor pode indagar: “Tudo bem, mas para que serve o psicólogo?” O psicólogo irá realizar uma leitura técnica, embasado na teoria que adota para legitimar sua atuação. No caso do analista do comportamento, em linhas bem gerais, será analisado o comportamento em sua totalidade, buscando identificar “as causas” do comportamento a partir de suas raízes, isto é, tomando o comportamento como a relação das atividades do ser humano com o meio a qual ele está inserido (acredite… existe muita, mas muita complexidade mesmo envolvida nesta simples frase).

Então, retornando novamente a pergunta: para que serve o psicólogo? Serve para auxiliar seu cliente em momentos conturbados da vida, serve para ajudar o cliente a entender que apesar destes momentos ainda existe vida. Serve para construir um ambiente organizacional mais produtivo no quesito financeiro, e especialmente, no quesito emocional. Serve para auxiliar atletas de ponta a se manterem firmes diante das dificuldades e pressões, e ajuda-los a manter a cabeça erguida quando todo o mundo estiver cabisbaixo. Serve para otimizar a aprendizagem dos alunos e maximizar o ensino dos professores. Serve para junto com os agentes públicos construir uma sociedade mais justa e solidária, a partir de políticas públicas sustentáveis.

Enquanto psicólogos sabemos que a luta pela consolidação da profissão é árdua, temos muito ainda por fazer. No entanto, é gratificante olhar para trás e observar quantas vitórias já foram conquistadas. Estou certo que amparados por teorias sólidas iremos ganhar cada vez mais espaço neste mundo atual que carece de uma explanação consistente sobre o agir humano. Com os grandes avanços tecnológicos das ciências exatas possuíamos potentes instrumentos nas mãos, temos fontes de energia que podem iluminar cidades ou fazer cidades inteiras desaparecer. Há tempos dizem que a psicologia é a profissão do futuro, creio que seja a profissão do presente, pois sem ela temo que não haja um futuro para o qual valha a pena viver!

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