Olá amigos!
Uma questão que aparece frequentemente no consultório é a inveja. O título deste texto “Por que sentimos inveja” é proposital mesmo, pois inclui, implicitamente, que todos sentem inveja. Bem, se não fosse um sentimento praticamente universal, não teria sido catalogado como um dos pecados capitais. A palavra capital, para quem não sabe, em pecados capitais, não faz referência a capital geográfica, designa a importância daquele pecado. Entre outros seis, está a inveja.
O que é inveja?
Para começo de conversa, é sempre útil começar pelas definições. Inveja vem do latim invidia, que, por sua vez, é uma declinação do verbo invidere: olhar com malícia. Não é a toa que quando as pessoas falam em inveja, mencionem o “olho gordo”. De acordo com o dicionário Michaelis, existem três significados para inveja:
1 Desgosto, ódio ou pesar por prosperidade ou alegria de outrem.
2 Desejo de possuir ou gozar algum bem que outrem possui ou desfruta.
3 O objeto que provoca esse desejo.
Os três significados podem estar relacionados quando se diz que alguém inveja algo de alguém, ou seja, há o desejo de possuir ou ter o que outra pessoa conseguiu, o foco também está no objeto, e, ao mesmo tempo, há certo desprazer pelo fato de que a outra pessoa tenha conseguido.
Como disse no início, o título do texto é de certa forma uma provocação, ao dizer que todos nós sentimos inveja. Quem discorda da universalidade, talvez possa investigar mais a fundo e descobrir um momento ou situação que tenha sentido, ao menos, uma pontinha de inveja. Talvez não tenha sido um ódio da alegria alheia (como no significado 1), talvez tenha sido apenas o desejo de ter o que outra pessoa também tem.
Na maioria das vezes, é mais fácil reconhecer a inveja de uma outra pessoa e esconder a inveja que, por ventura, possamos sentir.
A psicologia e a inveja
Já há algumas semanas que estou pensando de escrever um texto sobre a inveja aqui em nosso site. E fiquei pensando um tempo sobre as formas como a inveja aparece como um sofrimento no consultório de psicologia. E será que também deveríamos falar em uma inveja positiva?
Bem, antes de responderemos a esta pergunta específica, é interessante dividir o sofrimento causado pela inveja em dois tipos:
a) a inveja de uma outra pessoa
b) a inveja pelo que outra pessoa tem, faz ou conseguiu
No primeiro caso, nem sempre é muito claro e certo de que se trata de inveja. Mas digamos que você consiga uma excelente nota em uma matéria da escola ou da faculdade. Uma colega de classe, muito competitiva, pode lhe criticar e ofender dizendo, digamos, que você tenha colado. Ora, será que a crítica vem da inveja de que você tirou uma nota mais alta do que a dela?
Pode ser que sim, mas como disse, neste primeiro tipo de sofrimento causado pela inveja, nós podemos apenas ver ou imaginar o que a inveja poderia causar, mas dificilmente conseguiremos saber se tratar, cem por cento de certeza, de inveja – a não ser que a outra pessoa confesse. Mas é raro que alguém, neste mundo, confesse que sente inveja.
O segundo tipo de sofrimento advém da falta. Em outras palavras, há um desejo que é provocado por uma falta, por uma lacuna, por uma incompletude. Porém, outra pessoa conseguiu o que ainda é desejado e ainda não foi realizado.
Um exemplo que penso ser impressionante é quando um rapaz fica solteiro durante meses ou até anos. É só ele começar a namorar para que dezenas de outras mulheres comecem a flertar com ele. Nesse caso, seria a inveja do homem alheio.
Não pude deixar de mencionar este exemplo porque, embora a inveja não seja exclusiva, é claro, das mulheres é encontrada com frequência no que os psicanalistas chamam de rivalidade feminina: um misto de identificação e embate, ou seja, como se o pensamento fosse: “eu quero ser como ela, só que melhor que ela“.
A inveja positiva
Antes de respondermos à pergunta do título, devemos falar sobre a tão mencionada inveja positiva. A ideia é de que a definição é a mesma, porém, o que se faz com a inveja é salutar. Os exemplos mais mencionados para a chamada inveja positiva são os casos da inveja de coisas, de objetos, a inveja materialista.
Assim, se alguém tem inveja e fica parado corroendo a ideia invejosa, isso seria ruim. Contudo, se este alguém começa a trabalhar e com o suor dos seus esforços consegue obter o que inveja na posse do outro, então, teríamos a inveja positiva.
Em outras palavras, se Fulano inveja a grande casa do Ciclano e fica nisso, teríamos uma inveja negativa. Mas se o Fulano trabalha, ganha dinheiro e consegue uma casa tão boa ou melhor que a do Ciclano a inveja positiva teria servido a um propósito positivo: o trabalho, o acúmulo, a compra.
Entretanto, ainda ficaria faltando dizer se nesse processo os sentimentos internos de inveja não seriam e continuariam sendo desagradáveis.
Por que sentimos inveja? Uma explicação da psicologia
Bem, existem muitas teorias da psicologia que poderiam explicar o porquê de sentirmos inveja. Eu havia pensando de falar sobre o Ideal-Ich, o Eu-Ideal, de Freud, mas vou ficar com uma explicação mais didática e simples de entender.
Como se diz, ninguém é uma ilha e o ser humano é um ser gregário, vive em sociedade. Com isso, para a construção de sua identidade (a ideia que responde a pergunta quem eu sou?) cada um acaba incorporando traços das pessoas ao redor, inicialmente a família, depois os amigos da escola, colegas, amores, etc.
Neste processo de construção de identidade, do quem eu sou, há uma dinâmica entre o eu e o outro. Às vezes parece muito difícil sair da comparação com o que o outro é, com o que o outro tem. Nessa comparação é que surge a inveja.
Nesse sentido, a inveja seria uma consequência da identificação com outro, pelo fato de que às vezes o desejo acaba sendo posterior à inveja. Por exemplo, a garota que deseja o rapaz (por muito tempo solteiro) e que acaba de começar um namoro com uma amiga, talvez descubra o desejo pelo rapaz apenas depois de que a amiga o conquistou. Seria uma inversão, então, não da inveja como um desejo de ter o que o outro tem, mas da inveja como trazendo à tona um desejo escondido.
A razão pela qual sentimos inveja, portanto, vem do fato de que nos comparamos com as outras pessoas. Se pararmos de nos comparar com os outros, com o que os outros tem, são ou conseguiram, será impossível sentir inveja.
Muito bom o seu post Felipe, Esclarecedor.
oi Felipe!
Bem, eu sempre pensei que a inveja está ligado à uma espécie de competição mesmo, de querer ser melhor que o outro, isso se mostra pelo fato de que nós termos inveja de pessoas que possui algo que queríamos ter ou que o tem em maior qualidade ou quantidade. Eu mesma nunca tive inveja de alguém com que eu não me identificasse. pelo que já observei , as pessoas sentem inveja de outras pessoas que estão diretamente envolvidas no seu meio, onde seus objetivos são comuns e aí há uma disputa, por exemplo : dificilmente você nota inveja entre pessoas de áreas de trabalho diferente: Dentista/administrador, ou até mesmo de sexos diferentes;mulher/homem, de repente até exista, mas estão ligadas a outras coisas como por exemplo o sucesso financeiro, só que ai creio eu que a inveja será meio frustante porque não haverá uma forma de competir diretamente. obs ; nada científico no meu comentário, apenas fruto de observação quotidianas, mas achei válido comentar aqui ! bjão =*
Olá Alysson!
Obrigado!
Fico muito feliz com a sua avaliação!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Emmanuelle!
Obrigado por comentar!
Então, eu acabei não mencionando diretamente no texto, mas para complementar a leitura recomendo os trabalhos do Adler sobre complexo de inferioridade. O criador da psicologia individual conseguiu perceber bem esta questão da competitividade e da comparação. Afinal, só se pode sentir inferioridade ou superioridade em uma comparação com outra pessoa.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Muito bom seu texto, Felipe. Ai que inveja de você! Quero escrever textos tão bons quanto os seus! Isso é que é inveja positiva, não?
Eu já senti inveja e é muito ruim. Fui à psicóloga falei do meu problema de inveja e ela me explicou sobre o que vc citou acima: os complexos de superioridade e inferioridade. Eu resolvi botar pra fora toda minha inveja e me valorizar mais. Busquei em mim qualidades que não via nas pessoas que eu invejava e assim resolvi meu problema. Não digo que nunca mais terei inveja, mas já saberei como lidar com esse sentimento tão ruim. Procuro me valorizar e não me comparar mais com outras pessoas. Busco ser eu mesma. Entendi que todo ser humano pode invejar e ser invejado.
Olá Zípora!
Exatamente!
A dica é exatamente essa: parar de se comparar com os outros!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Maria Amelia!
Muito obrigado! Fico, de coração, muito feliz que tenha gostado! Escrever é sempre uma questão de prática, não é mesmo?
Eu utilizo a seguinte técnica – Como superar o bloqueio para escrever
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Tendo a acreditar que nenhuma inveja é positiva.Embora o exemplo que você citou pareça algo positivo, no fundo,tanto o invejoso quanto o invejado é prejudicado por esse sentimento.Como está escrito na bíblia, a inveja sempre será sempre,em todos os casos, prejudicial ao ser humano.
Olá Alef,
Obrigado por comentar!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Me comparava muito aos outros e comecei a reparar que a cada “comparação” me sentia inferior, pois em quase todos eventos, tentava me equiparar a pessoas que tinham mais que eu. Um defeito era que eu nunca olhava o quanto a pessoa batalhou para conquistar aqueles bens. Hoje esta mais fresco em minha mente e sempre quando começo a sentir inveja, paro, respiro e reflito por alguns segundos, sobre o por que daquele comportamento. Esse texto ajudou a reforçar o que pratico. Excelente!
Eu moro em betim região metropolitana de Belo Horizonte.
Estou no 3° ano do ensino médio.
E descobir qe eu tinha inveja quando eu ficava desejando ter o cabelo do meu colega de sala.
ai eu ficava eu quero ser igual a ele e tal.
isso tem Tratamento?
Olá Thalles,
Como digo no texto, em certos sentidos a inveja nos permite ver qual é o desejo que temos.
No seu caso, é uma informação que lhe dá mais autoconhecimento também (ter o cabelo assim ou assado). A questão é o que fazer com esta informação. O que você pode fazer para realizar este desejo? Está sob o seu controle mudar isso agora ou não?
Recomendo o texto – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2013/11/o-que-voce-pode-e-o-que-voce-nao-pode-controlar.html
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Realmente sentir inveja de alguém não é um sentimento nada agradável, já invejei uma vizinha que na minha opinião (na época) tinha a vida perfeita que eu não tinha e almejava : ela trabalhava fora (e eu não), tinha um marido lindo (o meu não era ) , duas filhas lindas e loirinhas (eu tinha uma filha tb que não era tão bonita quanto as dela). Mas fazendo uma análise hoje, me lembro que naquela época sofria de depressão e estava sempre me sentindo “por baixo” em relação a tudo e todos !
Todos tem inveja em maior ou menor grau ??
Carlos, provavelmente sim.
Etimologicamente, a palavra “inveja” vem do verbo latino videre que indica a ação de ver, e da partícula in. Desta forma, invidere significa olhar com maus olhos, projetar sobre o outro um olhar malicioso.
Portanto essa tal de inveja boa ou do bem é inequívoca.
O nome disto é ADMIRAÇÃO !
USE O SENTIMENTO A SEU FAVOR
Reconhecer isso pode ser bastante desagradável e até doloroso. De início pode vir uma intensa recusa em querer reconhecer a inveja e os motivos dela dentro de cada um de nós. Porém, a única maneira de realmente neutralizá-la é aprender a utilizar o sentimento em nosso favor. Querendo ou não, a inveja continuará existindo dentro e fora de nós, porque é algo inerente à natureza humana. Nosso grande e nobre objetivo não é deixar de sentir inveja, mas aprender a direcioná-la de forma positiva.”Nosso grande e nobre objetivo não é deixar de sentir inveja, mas aprender a direcioná-la de forma positiva.”
Podemos nos entregar a ela, ao sentimento ruim e desagradável, ou condenar, negar e abafar a inveja. Mas podemos também perceber que a inveja é um pedido de socorro de nós para nós mesmos, um pedido por amor. E é possível escolhermos escutar e atender esse pedido, cultivando nosso amor próprio.
Então, que tal ficar atento e, da próxima vez que tiver que lidar com a inveja dentro ou fora de si, em vez de julgar ou sentir raiva, fazer um gesto de amor por si mesmo? Traga sua atenção para dentro, cuide de si, ofereça algo bonito para si mesmo, seja uma flor, um presente ou mesmo um sorriso. Perceba a diferença desta atitude consigo mesmo. E depois, aprofunde seu trabalho de fortalecimento do amor próprio, cada vez mais. Transforme a inveja em um motor para sua autoestima!
Quando me deparo com alguma situação de inveja, eu não desejo o mal da pessoa, apenas fico muito triste e as vezes com muita raiva de mim mesma, por não conseguir tudo aquilo que eu queria, e por que as outras consegue? Não consigo parar de me comparar com outras pessoas, parece que sempre a vida das outras pessoas são melhores e eu sou um fracasso em pessoa
Boa noite, eu li o artigo e é bem interessante, más para mim a inveja é um tipo de loucura onde algumas pessoas nem sequer sabem que elas tem inveja, uma vez que esse tipo de sentimento tem que ter apoio da família e psicológico ao contrário de que fazemos que é criticar o invejoso e falar que ele é um pecador, existe diversos tipos de loucuras e a inveja é uma delas!
Atenciosamente
Eu busquei esse assunto depois de me deparar com esse sentimento tão nocivo de me comparar com as outras pessoas. Eu acabei achando um livro bem interessante que conseguiu me mostrar o que existe por traz desse sentimento que direcionamos para o outro, mas que se origina de nossas faltas. Se alguém se interessar pode me mandar mensagem que eu envio 83998876494