Olá amigos!
Um querido leitor havia me solicitado, há um tempo atrás, para que eu escrevesse sobre misantropia. Talvez você não saiba o que esta palavra significa, então, vamos começar por ela: misantropia vem do grego. O final da palavra antropia vem de anthropos (άνθρωπος) que significa homem, ser humano. De άνθρωπος vem a palavra antropologia – que também estudamos na faculdade de psicologia, área dedicado ao estudo da cultura humana.
E o começo da palavra misantropia, mis, vem também do grego μίσος (misos) e significa ódio. Por exemplo, na palavra misoginia nós temos o mesmo prefixo mis (ódio) mais ginia (gyné significa mulher), então, misoginia é literalmente ódio à mulher.
Mas voltando à nossa palavra, misantropia significa ódio ao ser humano, ódio à humanidade em geral. Embora pareça forte dizer deste jeito, o conceito não implica necessariamente uma forma de violência. Devemos falar em vários graus de misantropia. É comum ter ódio ou aversão contra povos que são diferentes de nós, o que é um prato cheio para os estudos da antropologia, como é o caso da intolerância religiosa.
Também é comum ter aversão por um tipo específico de população, como pessoas que sentem aversão a quem é pobre ou aversão a quem tem uma determinada cor de pele. Há a misantropia que é dirigida à mulher (misoginia) e misantropia contra quem não tem o mesmo “nível” cultural. O que ficou conhecido como “rolezinho” nos Shoppings Centers em São Paulo parece ter despertado este tipo de misantropia contra pessoas pobres, normalmente negras, e que seriam inferiores e não poderiam frequentar certos lugares.
O que eu quero dizer, com isso, é que quando ouvimos falar de misantropia e quando vemos a definição como ódio ao ser humano ou aversão à humanidade, podemos ter uma visão de que ninguém tem isso. Ou, no máximo, só tem isso quem é um perturbado mental. Mas como é fácil de perceber, não é isto o que acontece na realidade. Existem diversos graus de aversão ao ser humano, por características que podem ser sociais, culturais, intelectuais, morais, espirituais ou religiosas, econômicas, etc.
A fim de refletirmos um pouco sobre as várias modalidades que são possíveis encontrar um certo grau de misantropia, gostaria de mencionar uma em especial e com a qual eu convivo frequentemente por estar no ambiente mais “elevado” das grandes instituições superiores de ensino no Brasil: a misantropia de quem se acha intelectualmente superior e não quer se misturar com a ralé que não sabe de nada.
Um exemplo do Livro Vermelho, de Jung
No Livro Vermelho, de Jung, uma espécie de diário autobiográfico de sonhos e visões, há uma narrativa na qual o autor em uma imaginação ativa (em resumo, uma fantasia ou devaneio) encontra um eremita chamado Amônio. Amônio era um professor de filosofia, erudito e espirituoso que vivia na cidade de Alexandria. Certo dia, ele encontra um antigo amigo de seu pai que lhe converte ao cristianismo ao apresentar a ideia de que Deus havia se feito homem.
Amônio, então convertido, muda-se para o deserto para estudar as Sagradas Escrituras. Nos capítulos Dies I e II (Dia 1 e 2), Jung conversa com Amônio e aprende com ele, até que percebe que o caminho do anacoreta era a solidão que lhe afastava dos demais. O objetivo de Amônio era encontrar o sentido profundo da Bíblia, bem como seu sentido vindouro. E Jung lhe pergunta: “Não chegas a acreditar que esta obra poderia antecipar seu êxito se estivesses mais perto das pessoas?” (JUNG, 2010, p. 272).
A primeira interpretação é que isto era uma tentação do mundo, uma tentação demoníaca. Depois, Amônio reflete e descobre que o melhor a fazer seria mesmo sair de seu isolamento no deserto.
Bem, fiz questão de citar este pequeno trecho do Livro Vermelho para mostrar que esta luta interna também esteve presente na psique do criador da Psicologia Analítica. A luta entre querer se isolar para estudar e querer estar entre a gente. Depois que li este trecho, entendi porque Jung sempre criticava as pessoas que se isolavam em seus pequenos universos, sem trocar nada com ninguém ou iam para países totalmente diferentes apenas para fugir de seus conterrâneos.
O significado deste trecho é, de certa forma, semelhante a outro trecho do Livro Vermelho, no qual Jung encontra um erudito silencioso fechado em seu castelo, imerso em suas leituras. É o capítulo “O Castelo na Floresta”. Ele escreve:
“Assim como tendes parte na natureza multiforme do mundo através de vosso corpo, assim tendes parte na natureza multiforme do mundo interior através de vossa alma. Este mundo interior é realmente infinito e em nada mais pobre do que o exterior. O ser humano vive em dois mundos. Um demente vive aqui ou lá, mas nunca aqui e lá” (JUNG, 2010, p. 264).
Jung critica, portanto, a crença de que um intelectual viva uma vida interior. Em sua opinião, a pessoa que se dedica às pesquisas em livros, à academia, vive mais fora de si do que dentro, pois, embora não viva externamente como os demais, vive o pensamento exterior de outros. Este tipo de unilateralidade é tão prejudicial como dos que vivem e perdem décadas em atividades exteriores e não encontram o seu interior. Como ele diz, viver só fora de si ou viver só dentro de si é uma unilateralidade prejudicial.
Conclusão
Existem muitos tipos de misantropia, muitos níveis e gradações do que é o ódio ao ser humano, o ódio à humanidade. Pode ser apenas um desprezo como aquele que diz que prefere os bichos aos homens ou pode ser o ódio, violento e assassino, de alguém que planeja e executa o plano de matar dezenas e até centenas de pessoas em um ataque. É mais fácil de ver a misantropia no outro. Em dois sentidos: é mais fácil criticar e ver que as outras pessoas tem pensamentos muito limitados (“mas eu não tenho esse tipo de pensamento”) e no sentido de que é o outro, o diferente, o estranho (em muitas línguas o estrangeiro é a mesma palavra para estranho) que desperta a exclusão, o preconceito, o sentimento ilusório de superioridade.
Por exemplo, alguém que tenha uma determinada crença religiosa pode dividir – como fez Amônio – a existência em dois pólos opostos: a Igreja e o mundo. É curioso analisar da perspectiva da psicologia da religião, a psicologia que estuda os fenômenos religiosos, este tipo de fenômeno. A pessoa acredita que apenas o que ela crê é certo e todo o mundo está errado, todo o resto do mundo é pecado. É como na crítica de Hegel à Kant: o Absoluto não pode ser menor e relativo, senão não é Absoluto. Se o Absoluto exclui o sujeito e encontra-se apenas fora dele ou encontra-se fora do mundo, ele não é Absoluto, ele é relativo e parcial…
Enfim, este acaba sendo um outro assunto. Mas o objetivo do texto foi o de ser uma reflexão sobre a misantropia, pegando como exemplo específico os acadêmicos torre de marfim que vivem uma vida inteira pensando que são melhores do que as outras pessoas que não leram o que eles leram e não dialogam com ninguém e, igualmente, o exemplo do religioso que foge do mundo ou não tem nenhum amor pelos outros.
A saída para a misantropia é, então, é o oposto: o Amor Mundi, o amor ao mundo.
Excelente! me permita comentar a parte mais interessante […] “os acadêmicos torre de marfim que vivem uma vida inteira pensando que são melhores do que as outras pessoas”. Muito bom. Pensando bem, temos que perdoá-los! afinal eles não sabem o que é dividir muito menos interagir. Pelo visto só conversam com o espelho. Texto maravilhoso, vou retransmitir aos amigos.
Professor,
Eu particularmente gostei muito do artigo.
O artigo faz-nos ter um ampla visão do universo do qual nós estamos a viver.
Parabéns!
Sérgio Gaiafi
Olá Sérgio!
Obrigado meu caro!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa tarde! Sou estudante de psicologia do 7 periodo e estou engatinhando no mundo psique, cada dia aue passa estou mais envolvida com a oportunidade que estou tendo em através do site aprender um pouco mais.Me identifico bastante com jung e gostaria de parabenizar pela facil compreensao dos textos expostos.Amei esse tema no qual tbm pude refletir sobre um fato no qual tbm essa semana minha filha adolescente expos numa rede social,”prefiro os animais que certas cia”.Talvez agora eu tenha mais maturidade p dialogar c ela a respeito do q o texto me ajudou a refletir.
Obrigada pelo conhecimento q estou tendo acesso
Olá Alessandra!
Obrigado querida!
Fico muito feliz que esteja gostando do site!
Será sempre um prazer contar com sua participação por aqui!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá, primeiro, não entenda como falta de respeito aos seus diplomas nem ao seu texto mas há muita disparidade entre o que foi colocado aqui e o que está em tantos outros links sobre misantropia.
Bom, me entendo como misantropa e esse ódio soberbo é o que eu menos, melhor dizendo, é o que eu não sinto. Eu vivo do prazer no isolamento, sinto aversão, falta de admiração pela forma como se dão as relações sociais, sou reservada entre outros aspectos. E essas minhas características encontram apoio nas diversas declarações de misantropos que podemos ler na web.
Bom, não acredito que tenha acertado em colocar o misantropo como alguém grosseiramente soberbo, com ilusão de superioridade, como se os extrovertidos e sociáveis o que os misantropos nunca são, fossem isentos de complexo de superioridade.
Olá Isa,
Obrigado por comentar!
Este é um texto de reflexão e, portanto, não pretende ser uma verdade última. Apenas peguei a etimologia da palavra. E sei que uma palavra pode vir a ter outros sentidos (dependendo também do grupo).
Sugiro que você leia o nosso texto – Diferença entre solidão e solitude
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Felipe!
No final do seu texto você conclui que Misantropia é o oposto ao Amor mundi, ou seja Amar o mundo. Contudo o conceito de Misantropia como você expôs não é a aversão ao ser humano?
Mundo e ser humano são bem distintos não?
Olá Elaine,
Na verdade, o amor mundi é um conceito que Hannah Arendt (talvez a mais importante pensadora política do século XX) retomou de Agostinho.
Nesse sentido, não devemos fazer a distinção entre o mundo (sem a humanidade) e a humanidade já que somos sempre seremos políticos. Mesmo na mais profunda solidão ou em um ilha – como Crusoé – ainda estamos imbuídos das nossas raízes sociais. Só para dar um exemplo, continuamos a falar uma língua, seja português ou outra…
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa tarde Felipe, considero que seu comentário sobre misantropia foi um tanto superficial, primeiro na tradução literal do prefixo grego, no meu entendimento duvido que qualquer pessoa que se considera um misantropo, tenha ódio do ser humano ou da humanidade, apenas não absorve tudo e se obriga a viver como a maioria acha que tem que ser…tem que gostar de reuniões enfadonhas, tem que gostar de se expor em redes sociais postando fotos e tudo que está fazendo(dando e recebendo elogios vazios e automáticos), só se sentem bem quando estão com muita gente em volta, não conseguem ficar consigo mesmo…no máximo é uma aversão à esse tipo de ditadura da mesmice. Quem se sente entediado quando está só, deve ser uma companhia entediante.
Olá Alex,
Bem, a definição etimológica é sempre um ponto de partida para entendermos o campo semântico de uma palavra. Evidentemente, para muitas palavras isto não funciona tanto já que o sentido pode mudar com os séculos – o que foi o caso com a palavra idiota, por exemplo. Mas com a palavra misantropia tal mudança não ocorreu. Tanto é que o dicionário dá este mesmo sentido etimológico até hoje, com a única inclusão da variação para melancolia.
No final, creio que o seu comentário não acrescenta nenhum conceito a mais do que disse no texto. Se você reler, verá que eu falo que a misantropia pode ser entendida como um ódio ou aversão que possui diversos “graus de intensidade”.
É importante não confundir com a ideia de introversão (de C. G. Jung) ou com a vontade de ficar sozinho ou – uma palavra rara entre nós – ter momentos de solitude.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Eu vejo o ser humano empurrando o outro a viver em sociedade a todo tempo. Pois fica mais fácil manipular e controlar a massa assim, é o tempo todo dizendo: viver em sociedade, viver em comunidade, viver em grupo, ser um cidadão civil, social, ser um consumidor e tantos outro rótulos e esteriótipos. Tudo em nome da convivencia social !
Acontece que mesmo assim, guerras e mais guerras vem acontecendo cada vez mais brutalmente, fome e mais fome, desigualdade e mais desigualdade, intolerância e cada vez mais intolerância. Será que é culpa da mesantropia ? Evidente que não ! É a sociedade social convivendo em “harmonia”. Hitler não era considerado mesantrópico e mandou matar mais de 6 milhões de judeus e garanto que ele não fez isso sozinho, pois, mais e mais alemães considerados um dos mais civilizados do planeta, lideraram com ele para este genocídio, eram mesantrópico ? Não ! Posso ser considerado mesantrópico mais nunca matei ninguem e nem mataria, já o cidadão civil… áh, estes vem destruindo todos os que nao adentram para a sua civilizaçao selvagem e assassina, até matam principalmente psicológicamente !
Obs: além de passar 4, 5 anos dentro de uma universidade para se formar em psicologia, seria primordial ler profundamente o novo testamento inteiro da Bíblia para conhecer perfeitamente a natureza humana !
Olá Bruno, eu entendo o seu descontentamento com a sociedade em geral. Até eu fiquei descontente estes dias vendo a crueldade que é feita diariamente com os animais no documentário Terráqueos.
Mas a grande questão é que o indivíduo nunca é totalmente fruto do seu meio, senão os sujeitos maldosos criariam pessoas de um certo tipo para o seu bel-prazer ou exploração. Sempre há liberdade de ação e pensamento, inclusive nas situações mais desesperadoras. Veja o livro Um psicólogo no Campo de Concentração.
O que quero argumentar no texto é que um ato belo, justo, verdadeiro ou artístico não tem valor se não for visto, compartilhado, sentido ou direcionado para as outras pessoas. De que adianta um Van Gogh desconhecido? Uma música do Beethoven na gaveta? Um Stravinsky no meio do mato, sem ninguém para ouvir?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Muito bom!
[…] O que quero argumentar no texto é que um ato belo, justo, verdadeiro ou artístico não tem valor se não for visto, compartilhado, sentido ou direcionado para as outras pessoas. De que adianta um Van Gogh desconhecido? Uma música do Beethoven na gaveta? Um Stravinsky no meio do mato, sem ninguém para ouvir? (Prof. Felipe de Souza)
Sou um ser humano q não sente a menor afinidade com outros seres da minha espécie, isto manifestou-se na infância e só desenvolveu junto com a maturidade . Hoje aos 33 anos consegui me encaixar em uma definição, depois de tanto lutar por uma mudança q me deixava cada vez mais infeliz. Aboli os antidepressivos da minha vida a partir do momento q passei a me entender e aceitar, apesar de que meus erros e frustrações me fazem um mal maior q o normal, se estiver em uma distância segura das pessoas, consigo viver bem sem eles. Não me casei(dizia desde a infância q não me casaria), tive 3 relacionamentos sérios, um deles terminou , pois queria se casar, decidi terminar assim q me pediu em noivado. Do terceiro, engravidei e estando grávida fiz minhas malas e mudei de cidade, passei a gestação mais maravilhosa q poderia imaginar,cuidei de minha gestação e tive meu BB sozinha , até q meu BB completasse 9 meses, voltei… E hoje tenho um ponto comercial(uma sala de portas fechadas) ,onde realizo vendas pela internet e trabalhos gráficos. Tenho apenas ensino médio (foi uma barra concluir por causa da baixa freqüência). Minha profissão aprendi sozinha, assim como manutenção em minhas máquinas , computadores e softwares, não gosto de depender das pessoas, não mesmo! Tenho 1 amigo apenas, o pai do meu filho q entende meus sumiços e não se importa quando preciso estar só(sempre né). Como mãe tenho q acompanhar meu filho nos aniversários( ele e eu somente), tenho isso como obrigação já q depende de mim e é meu oposto, é penoso demais acompanhá-lo, mas tento não transmitir isso a ele,logo …logo precisarei somente deixar e buscar nas festas. A solidão… Esta sim me faz bem, me alimenta e faz feliz! Preciso somente de minha companhia e meus incansáveis pensamentos ou meu aconchegante silêncio. Rsrs…desculpem pelo testamento, gostaria de dizer apenas q não existe ódio algum com minha espécie, mas tbm não existe prazer, afinidade. Sou até agradável com os meus, mas é comum alguém puxar assunto e eu arquitetar em pensamentos a melhor forma de me afastar, sempre educadamente, claro! Após esta definição, já não me sinto tão “estranha”, me sinto apenas “EU”. Obrigada pelo espaço!
Olá Monica,
Não sei se tu leste o seguinte post. Acho que explicar melhor a sua ideia sobre os outros do que a ideia de misantropia:
https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2014/08/diferenca-entre-solitude-e-solidao-voce-conhece-diferenca.html
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa tarde Felipe adorei seu texto e da muito para perceber a misantropia na graduação os alunos ditos mais inteligentes não se misturam com o resto, na minha opinião isso que eles fazem é uma grande bobagem já que o conhecimento ficou para ser dividido, do que adianta tanto conhecimento se não poderá dialogar com o próximo.
Olá Andressa!
Existe aquela velha distinção entre conhecimento e sabedoria. Muitos tem conhecimentos (do que ouviram falar, leram) mas poucos atingem a sabedoria (ou ao menos tentam). A sabedoria traz felicidade e paz, enquanto o conhecimento não necessariamente…
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Primeiramente, gostei muito do texto, esclareceu muito algumas dúvidas que tinha sobre o termo.
Eu não compreendi algo. Aquele que se isola e se dedica aos livros ou outras fontes de conhecimento, obtém apenas o pensamento exterior e quem vive apenas de atividades exteriores não encontra seu interior. Então, quem se isola, encontra seu interior, mas vive do pensamento exterior? E debater e dialogar com pessoas do exterior vai trazer mais pensamentos exteriores não? Ou se trata apenas do misantropo abrir a mente para novas ideias que aparentemente não lhe agradam?
Olá Caio,
A diferença entre introversão e extroversão nem sempre é facilmente perceptível. O que Jung procura mostrar neste trecho do Livro Vermelho é que ficar lendo, lendo, lendo é tão somente absorver os pensamentos dos outros. Como dizia uma amigo meu: “Mas o que você, você mesmo, pensa sobre isso?” Esta é a diferença. O fato de ficar sozinho lendo é uma atitude bastante introvertida. Mas em última análise pode ser um escape. A introversão consiste no retorno da libido para dentro (para o próprio pensamento, sentimento, sensação ou intuição).
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa noite.
Gosto muito dos seus texto. Percebo a presença forte da hermenêutica.
“Na verdade, o amor mundi é um conceito que Hannah Arendt (talvez a mais importante pensadora política do século XX) retomou de Agostinho.
Nesse sentido, não devemos fazer a distinção entre o mundo (sem a humanidade) e a humanidade já que somos sempre seremos políticos. Mesmo na mais profunda solidão ou em um ilha – como Crusoé – ainda estamos imbuídos das nossas raízes sociais. Só para dar um exemplo, continuamos a falar uma língua, seja português ou outra…”
Fantástico ter citado Hannah nesse contexto.
Hannah é Hannah, Rita! rsrs
Ainda vou estudar a fundo “A vida do espírito” dela um dia…
Texto interessante. Mas se for para sair da torre de marfim com o intuito de se dialogar com um religioso, é melhor continuar na torre; ou então conversar com um cachorro.
Ola, sou homem, 25 anos,eu sou misantropo, li o que é misantropia em todos sites, inclusive wikipedia, nao é tudo q diz sobre misantropo q me caracteriza, mas 90 % do que disse sim, só que o meu caso o buraco é mais embaixo ainda.
Vou falar como eu sou, nao tenho misantropia por coisas futeis, como homofobia, xenofobia etc, meu caso de misantropisto é bem plausivel, tenho aversao a pessoas desrrespeitosas, só q eu levo ao pé da letra isso, como vcs sao pscicologos devem entender o q falo, mas continuando, sou desconfiado de toda sociedade, inclusive dos meus pais, sou SERIO, essa é o adjetivo q mais me caratceriza, sou filosofo nato, pensador, observador, NAO alienado, como sempre fui sozinho a unica pessoa com quem pude conversar foi comigo mesmo (refletir) isso abriu minha mente, percebo tudo q ocorre a minha volta.
Eu nao gosto da sociedade, pq a sociedade é muito errada, muito alienada e desrrespeitosa, muito maldosa, entao eu tenho razao de nao gostar dela, sei q vcs iriam falar que (mas nao sao todas pessoas q sao assim), eu sei que nao, por isso eu nao sou arrogante com as pessoas, mas as pessoas sao comigo, sou muito sensivel, qualquer coisa me abala, qualquer desrrespeito, e eu nao sou igual os outros que tenta parecer feliz para que esta tristeza nao abale o convivio social, eu realmente fico triste. sou timido etc etc, queria saber o q vcs tem a falar sobre isso, obg.
Olá William,
Evidente que nós não podemos fazer uma avaliação de personalidade aqui e assim.
Mas se olharmos de fora, veremos que não faz sentido criar mais negatividade em um mundo já conturbado.
Imagine a cena: um homem xinga o outro. O que foi xingado pode também xingar e iniciar uma briga… ou não. Olhando de fora, veremos que o primeiro estava errado. Mas não é por isso que o segundo deverá estar, pois um erro não justifica o outro.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
mas é ai que esta, só a pessoa que xingou a primeira vez que esta errada, a outra que defendeu seu orgulho, nao está nenhum pouco errada, pelo contrario esta certa, e depois que a pessoa retruca, a outra que começou a briga deve reconhecer o seu erro e parar.Mas nao iniciar briga por causa de medo, isso é errado,
Mas claro que essa minha tese é baseada caso vc queira defender seu orgulho a custa de tudo, mas tem o outro lado da moeda como voce falou, aceitar a xingação no intuito de evitar brigas, ou seja é o SACRIFICIO,
entao exsitem 2 oções, 1 – tu defende teu orgulho até a morte, ou 2 – sacrifica-o na ideia de que o mundo sera um lugar bem melhor se ninguem retrucar, mas minha opiniao é a seguinte
Se eu nao retrucar pra pessoa que me ofende, ela irá atingir outras pessoas, ela continuará fazendo para outras, e acho q o unico jeito de “converte-la” é retrucando ou vc acha q nao? obg
William,
Sim, concordo contigo. Uma pessoa pode concordar que o melhor é brigar e defender a sua honra, seu orgulho.
Porém, será que uma pessoa em briga, irritada, com raiva, com medo é feliz? É algo a se pensar…
Neste exemplo que dei da pessoa 1 e da pessoa 2, também podemos imaginar que a pessoa 1 foi uma vítima e que, em seu sentimento de revolta, aflige a pessoa 2. A pessoa 2 pode continuar e afligir a pessoa 3, ou parar.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
eu acho q a pessoa será feliz, caso ela tenha exito em sua proteçao da honra, e nao sera feliz se deixar seu orgulho ser destroçado,
vc falou q a pessoa 1 atinge a pessoa 2, e a pessoa 2 a 3, sim, isso é uma reação em cadeia,MAS que só acontece com pessoas q nao sabem a verdade que, prejudicar alguem que nunca fez nada a voce é errado, ou quando a pessoa tem muito odio, ai é realmente dificil a pessoa se controlar e acaba atingindo uma outra pessoa, comigo mesmo ja aconteceu isso, por isso que é dificil descobrir a verdade
1 – ou tu abdica do teu orgulho , assim vc nao reage, mas tambem nao prejudica outras pessoas inocentes ou
2 – vc protege seu orgulho, mas com a possibilidade de numa situação de fracasso, vc no descontrole, prejudique terceiros.
sao pensamentos bem interessantes e que todas pessoas deveriam pensar
Olá William,
Então, pela minha experiência clínica como psicólogo, e pela minha experiência pessoal, penso que não é possível ser feliz e ter paz com base nos chamados sentimentos negativos. Porque os sentimentos são vivenciados, literalmente, na pele. Alguém com raiva ou ódio sentirá (na própria pele) o desconforto do sentimento.
Uma outra questão interessante que podemos pensar é a respeito do que você disse de orgulho ou honra.
Por exemplo, imagine um garoto de 15 anos que tenha cometido um furto. Ele é pego e internado. Durante a internação, entra em um projeto social e começa a estudar e descobre que tem muito talento para matemática. Tanto talento que passa a ganhar prêmios nacionais de Olimpíadas de Matemática, faz a graduação, mestrado, doutorado…
O que pensamos sobre alguém está relacionado ao que a pessoa faz. Se ele é um ladrão, a opinião sobre o sujeito será negativa. Se ele for um campeão, um acadêmico, um professor, um cientista, enfim, a opinião será positiva. Desta forma, a opinião está sempre baseada no que fazemos. Entretanto, nem sempre é o caso. É só observamos pessoas famosas e o que as pessoas pensam delas. Às vezes são odiadas por nada…
De toda forma, um caminho mais simples e rápido para sermos mais felizes é perceber aquilo que podemos controlar (o nosso comportamento) e aquilo que não podemos controlar (o comportamento das outras pessoas)
Veja aqui – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2013/11/o-que-voce-pode-e-o-que-voce-nao-pode-controlar.html
Quando queremos controlar alguma coisa e não podemos controlar, a tendência é nos sentirmos mal, com raiva ou ódio ou tristeza.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
tipo, eu vou dizer sinceramente o q eu acho, primeiramente eu acho q a pessoa querer proteger seu orgulho do modo que eu falei, a principio, nao tem nada de errado, pq ela nao esta prejudicando ninguem, nao esta arrumando brigas com ninguem, entao eu sinceramente acho q a pessoa defender seu orgulho nao pode ser uma coisa errada, pq é do direito dela, e se ela se sente mal quando alguem a desrrespeita, pq ela ficaria com essa angustia?sendo q ela nao esta fazendo mal para ninguem, esta apenas tentando viver sem confrontos, por isso que eu acho q defender o orgulho brigando, nao pode ser uma coisa errada, claro que isso gera conflitos, mortes brigas, sofrimento para ambos os lados, mas vamos pensar o seguinte, se a pessoa se deixar o orgulho ferido, mesmo que ela nao rebata o agressor, ela será prejudicada, ou seja, ela se defendendo ou nao haverá sofrimento do mesmo jeito, agora a questao é, será q vale a pena esse sofrimento ? pra proteger o orgulho? uns acham q nao, q nao vale a pena uma vida de brigas e discussoes, outros como eu acho q vale a pena sim, pois sim, brigas geram sofrimento morte fisicas, mas o sofrimento q a mente leva no desrrespeito pendura por toda eternidade.
claro que , essa pessoa q eu falei, eu estou considerando uma pessoa correta, que sabe o certo e errado, que nao tenta arranjar briga com ninguem, e que nao desrrespeita ninguem, que sabe se controlar, o modo de falar, o tom que fala com as pessoas, sem arrogancia, estou considerando esse tipo de pessoas, pra mim elas tem total direito de defender sua honra.
ja pessoas que arranjam brigas, tentam pisar nas pessoas, nao tem escrupulos, nao pensam no que é certo e errado, fazem tudo de qualquer jeito, fazem buling, esse tipo de pessoa nem entra em questao, pq nao tem nenhum direito a nada,
obg