A Gestalt-terapia, por alguns chamados apenas de Gestalt ou de Abordagem Gestáltica, é um dos mais de 300 modelos (Revista Science, 1986, citada em OSORIO, 2006, p.10) de psicoterapia existentes hoje. Teve o seu embrião formado na década de 50 a partir de uma tentativa de Frederick Perl (ou Fritz Perls para os íntimos) em trazer uma nova visão à psicanálise freudiana com o seu livro: “Ego, fome e agressão: uma revisão da teoria e do método de Freud”.

Fritz Perls - Gestalt

A obra “Ego, fome e agressão” é dividida em III partes. Tradutor para o português, Boris (2002) resume-as da seguinte forma:

[…] Parte I, “Holismo e psicanálise” […], Perls adota um enfoque holístico-semântico. Critica a psicanálise por sua acentuação da importância do inconsciente e do instinto sexual, do passado e da causalidade, das associações, da transferência e das repressões, bem como por subestimar ou depreciar as funções do ego e do instinto de fome (que seria mais básico do que o sexual), do presente e da intencionalidade, da concentração, das reações espontâneas e da retroflexão (questões posteriormente enfatizadas pela Gestalt-terapia).

 Para o autor (Boris, 2002) é neste primeiro capítulo que Fritz começa a diferenciar o que era Psicanálise do que viria a ser, após o rompimento com esta vertente teórica, a Gestalt-terapia, e continua:

[…] Na Parte II, “Metabolismo mental”, Fritz esboça uma teoria da personalidade a partir da psicanálise, da psicologia da gestalt, da teoria organísmica de Kurt Goldstein, da perspectiva holística de Smuts e de outras influências.

A quantidade de teorias diferentes que dá forma à Gestalt-terapia trouxe consigo sérias críticas de que este modelo teórico seria apenas uma colcha de retalhos, apropriando-se de diversos conteúdos diferentes. Contudo, essa crítica facilmente cai por terra quando se considera a proposta de observar o mundo compreendo como um “todo organizado”, sendo este “todo” diferente da soma de suas partes. Finalmente, na última parte do livro aparece:

[…] a denominação original da Gestalt-terapia, “Terapia de concentração”, e abrange as propostas técnicas de Fritz, baseadas na substituição do método psicanalítico de associações livres por aquele que considera o antídoto para a evitação: a concentração (Boris, 2002).

Apesar do livro Ego, Fome e Agressão trazer as primeiras concepções do que viria a ser a Gestalt-terapia, a abordagem tem como marco fundador a publicação do livro de mesmo nome em 1951. A obra “Gestalt Therapy” foi escrita por Fritz Perls em parceria com Ralph Hefferline e Paul Goodman. Há que se destacar, porém, os nomes de Isadore From, Paul Weisz, Sylvester Eastman, Elliot Shapiro e Laura Perls como membros do grupo de intelectuais que fundou esta abordagem (Ferraz, 2007, p. 131).

Enquanto bases filosóficas que orientam a Gestalt-terapia é possível citar o existencialismo, a fenomenologia, o humanismo e o holismo. Ao passo que Teoria de Campo (de Kurt Lewin), Teoria Organísmica (de Kurt Goldstein), Psicologia da Gestalt e até mesmo a Física Quântica, são consideradas as suas bases científicas principais.

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Referências

BORIS, G. Sobre Fritz Perls e “Ego, Fome e Agressão”. Em F. Perls, Ego fome e agressão: uma revisão da teoria e do método de Freud (pp. 19-33). São Paulo: Summus. 2002

FERRAZ, P. Gestalt-terapia D’Acri, G; Lima, P; Orgler, S. In Dicionário de Gestalt-terapia: Gestaltês. São Paulo: Summus, 2007.

OSÓRIO, L. C. Novos paradigmas em psicoterapia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.