Sigilo Profissional
Começo toda consulta informando o paciente sobre o Código de Ética que seguimos e sobre o sigilo profissional. Este sigilo quer dizer que tudo o que foi dito será mantido em segredo. Ninguém nunca saberá sobre tudo o que foi dito e ouvido. Na terapia, fala-se muito e, com isso, o profissional acaba ouvindo todo tipo de experiências que podem ser vivenciadas. Há um tempo atrás vi uma frase que dizia: “se for num psicólogo, traumatizo ele”.
Isto evidentemente, não será verdade. Ouvimos, dia-a-dia, como psicólogos coisas assombrosas sim, mas na maior parte das vezes são sofrimentos e dificuldades comuns. Freud disse certa vez que o doente (neurótico) sofre de reminiscências, ou seja, o paciente sofre de lembranças. Frase bastante poética e certa.
O sigilo profissional também é importante para estabelecer a confiança de que se pode dizer tudo, tudo o que vier à mente. Por não ser alguém próximo, um amigo ou familiar, parece mais fácil se abrir. Jung dizia que a terapia se assemelha à confissão da Igreja Católica:
“Nada fecha tanto o homem sobre si mesmo e o separa do convívio dos demais do que a posse de segredos que julga importantes e que guarda ansiosa e ciosamente. Muitas vezes são atos e pensamentos “pecaminosos” que separam o homem e os mantêm afastados uns dos outros. Aqui a confissão tem, não raro, um verdadeiro efeito de redenção. A incrível sensação de alívio que costuma seguir-se ao ato da confissão deve ser atribuída à readmissão daquele que estava perdido no seio da comunidade humana. A solidão e o isolamento moral anterior, tão difíceis de suportar, cessam com a confissão. E aqui está o verdadeiro valor psicológico da confissão” (JUNG, p. 188).
O que é semelhante na confissão religiosa é o sigilo que permite o que as pessoas chamam de “desabafar”. Como se diz também: “melhor para fora do que para dentro”. Claro que o que se segue depois do primeiro momento de desabafo ou confissão é muito diferente dentro do consultório de um psicólogo (que segue a ciência da psicologia) e dentro de uma Igreja.
E com relação a traumatizar o profissional, não há com o que se preocupar… Talvez nunca tenha existido esta preocupação e ela sirva mais como uma desculpa irônica para não ir fazer terapia. Digo que não há com o que se preocupar porque os psicólogos também fazem terapia porque sabem de sua importância: para estar bem e para o autoconhecimento.
E para finalizar hoje, gostaria de comentar sobre a percepção, bastante geral, da psicologia clínica.
Veja – O que é psicologia clínica?
Muitas pessoas me dizem: “Como você aguenta ouvir problemas o dia todo?” Bem, não é uma questão de aguentar. A psicologia clínica foi uma forma que encontrei de ajudar a curar os conflitos emocionais e mentais e, sendo a minha profissão (os antigos diziam vocação), eu gosto muito e mesmo com as dificuldades iniciais, no início da carreira, sempre desejei continuar na área.
Atualmente trabalho em duas frentes: como pesquisador e doutorando na Universidade Federal de Juiz de Fora trabalho no âmbito da área acadêmica da psicologia e, como psicólogo clínico e online, atendo os pacientes. Assim, sigo realizando dois sonhos em conjunto: continuar estudando profundamente as complexas teorias psicológicas e colocando em prática, em benefício dos pacientes, os conhecimentos adquiridos.
Referências Bibliográficas
JUNG, C. G. Freud. Editora Vozes, 1989
Estou adorando suas publicações! Parabéns.
Olá Pâmela!
Muito obrigado!!!
Fico muito feliz ao receber seu comentário! Em breve teremos ainda mais textos!!!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Oi, tenho 18 anos e pretendo ser psicologa, então sempre procurei me informar o máximo possível sobre a profissão. Encontrei o seu blog há pouco tempo e já estou adorando seus textos, pois tenho aprendido e me informado bastante. Seu blog é ótimo!!
Olá Milla!
Ficamos muito felizes que tenha nos encontrado!
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Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá. Estou com uma dúvida acerca da obrigatoriedade de o psicólogo ter a obrigação de fornecer dados de seus atendimentos (fichas, anamnese, procedimentos) a algum funcionário do Conselho Regional de Psicologia. Mas e o sigilo? Pode um membro de Conselho fiscalizar os consultórios e exigir/pleitear que mostremos nossas fichas/prontuários? Fico no aguardo de sua rspost. Forte abraço.
Oi Luiz, sobre estas regras você pode entrar em contato ou com o Conselho Federal de Psicologia ou o Conselho Regional mais próximo.