Observar a morte de frente não é fácil. Seja a morte de um parente, amigo ou mesmo um animal de estimação como um gato ou cachorro é uma experiencia dolorosa – para quase todos.

Talvez a maior dificuldade seja considerar o fato de que nós mesmos, em um futuro mais a frente, também enfrentaremos a morte. “Não há rosto que não esteja para dissolver-se como o rosto de um sonho”, nos diz Jorge Luis Borges, no conto O Imortal.

A nossa sociedade, profundamente influenciada pela economia capitalista e pelos discursos da ciência, pensa a morte como uma falha. Se a ciência houvesse evoluído mais, talvez tivesse sido possível evitar esta fatalidade.

Entretanto, no fundo sabemos que mais hora menos hora a morte é certa. Como na definição grega: o homem é um ser mortal, ou seja, um ser diante da morte. Diante disso, é uma ilusão crer que alguém poderia não morrer.

Mas o que é a morte? Quais possibilidades de pensamento encontramos sobre o que há depois?

A impressão que temos, quando vemos um corpo morto, é de que não há ali nada que o anime. Se a vida for apenas a vida física, a vida acaba com a morte do corpo. Não há mais nada para além: apenas o tempo que o mundo viu aquele corpo respirar.

Porém, se pensamos que a vida não acaba com o corpo, temos que ter uma ideia de que há algo além do corpo: a alma, o espírito ou ambos.

Com isso, surgem novas questões: a alma é imortal? O espírito é imortal? Se é imortal, para onde ele vai quando se separa do corpo?

Podemos notar – apesar das diferenças nos ritos, dogmas – que há algo que é comum à todas as religiões: a ideia de retribuição.

Fala-se em céu para os bons (os que praticaram o bem) e inferno para os maus. No budismo, por exemplo, após a morte o sujeito renasce ou nos reinos infernais ou nos reinos celestiais. Há também a possibilidade de renascer de novo neste mundo: que pode ser tanto celestial como infernal…

O Cristianismo, a partir da Idade Média, também incorporou um meio termo: o purgatório, no qual a alma tem que passar por provações (em virtude de sua vida ser tanto boa como má) até se purificar e ir para o céu.

A questão, nos parece ser, principalmente não só uma questão de crença – mas um problema sério que todo ser humano deve colocar para si mesmo.

Você pensa que a morte é o que? O que acontece depois da morte?

Confúcio gostava de responder a pergunta – o que é a morte – retrucando: mas você nem sabe o que é a vida, como está perguntando sobre a morte?

Justamente: a importância de nos perguntarmos sobre a morte é que a resposta nos dirá como devemos viver.

Mesmo que você considere que tudo acabe com a morte, é necessário levar uma vida boa, viver bem a vida, da melhor maneira possível, assim como pensava o filósofo francês Jean Paul Sartre.

Se você pensar que a alma, o espírito continuam vivos depois da morte do corpo, também temos que levar uma vida boa e viver bem a vida. Afinal, nos dizem as grandes religiões que há uma retribuição pelos nossos atos nesta vida…

Seja como for, gostaria de recomendar a leitura de um livro muito interessante: O livro que mata a morte, de Mario Roso de Luna.

Você já pensou sobre o que acontece depois da morte? Comente!