“Ó mágoa imensa do mundo. O que falta é agir”…nos diz Fernando Pessoa (como Álvaro de Campos) no poema A passagem das horas.
Annie Besant, Presidente da Sociedade Teosófica depois de Blavatsky, dizia que existem duas portas para encontrarmos a verdade: a Doutrina do Olho e a Doutrina do Coração.
A Doutrina do olho é a verdade da Mente. Encontramos a verdade, se entrarmos pela porta fazendo perguntas. Não sobre quem fez o último gol ou qual é a cor que está em moda. Perguntas reais:
– De onde viemos?
– Para onde vamos?
– Qual é o sentido da existência?
A Doutrina do coração é a verdade do Sentimento. Encontramos a verdade, se entrarmos pela porta sentindo o sofrimento. Não apenas o nosso sofrimento ou o sofrimentos de quem gostamos. O sofrimento dos outros seres:
– O sofrimento de quem passa frio agora.
– O sofrimento do cachorro que está com câncer.
– O sofrimento da pessoa que acaba de ver uma pessoa querida falecer.
“O Amor diz que eu sou tudo. A sabedoria diz que não sou nada” (Sri Nisagadartta). Algo próximo é dito por Fernando Pessoa, em seu poema Tabacaria, que começa:
Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo
Ia escrever sobre a tristeza e acabei escrevendo outras coisas. As palavras e as coisas foram me levando… Geralmente não fico triste por mim. É a mágoa imensa do mundo e a nossa falta de agir.
Talvez seja melhor mudar e começar dizendo: Como podemos agir?
Muitos não fazem nada, pois pensam: Como ajudar tantas pessoas que sofrem? Nesse momento é importante lembrar que se você ajudar apenas uma pessoa, para a pessoa que recebeu ajuda já será muito bom. E mesmo que seja para uma pessoa apenas, você está fazendo a diferença.
Outras pessoas não ajudam porque não tem tempo. Mas quanto tempo leva para escrever um email ou uma carta dizendo algo especial como: você é especial para mim. “Você não sabe como eu agradeço o fato de você exitir”, escreveu Fernando Pessoa a Almada Negreiros.
O que falta é agir. E porque você não age?