Em um momento muito difícil de sua carreira, Jung teve que decidir entre ou continuar sendo um professor acadêmico ou fazer um mergulho intenso dentro de si mesmo, dentro do seu próprio inconsciente.

Deixar uma carreira que levara muitos anos para construir não era uma opção interessante. Ele perderia muito com isso.

Mas Jung utilizou para pensar esta questão a filosofia de Spinoza: Jung pensou sub specie aeternitatis, ou seja, sob a perspectiva da eternidade.

Podemos pensar a curto prazo (daqui a 1, 2 anos) a médio prazo (daqui a 4, 5 anos) ou a longo prazo (daqui a 10, 15 anos) e podemos pensar ainda a longuíssimo prazo, em um tempo que ultrapasse os séculos: sob a perspectiva da eternidade.

Independente da concepção religiosa de cada um (Spinoza havia sido criado dentro do judaísmo e Jung dentro do protestantismo) podemos utilizar esta forma de pensamento para mudar o sentido de um problema pelo qual estamos passando.

Se pensarmos em um problema que temos agora, e olharmos para este mesmo problema colocado sob um tempo muito longo, veremos que este problema não tem, na verdade, importância nenhuma, ou tem, no máximo, pouca importância.

Em sua autobiografia, Memórias, Sonhos e Reflexões, Jung comenta sobre a fase da vida em que teve que fazer a decisão entre a carreira acadêmica e análise do seu inconsciente:

“Conscientemente, deliberadamente, então, eu abandonei minha carreira acadêmica. Pois eu sentia que algo maior estava acontecendo comigo, e eu coloquei minha confiança na coisa que eu sentia ter mais importância sub especie aeternitatis”.

E esta forma de pensarmos é a 12° forma de mudarmos o significado que encontramos no livro de PNL, Mind-lines: lines for changing minds (Linhas da mente: linhas para mudar a mente).

Determinados problemas, que são insolúveis e difíceis de lidar são transformados quando pensamos na perspectiva da eternidade.

Certa vez, atendi uma paciente cujo filho havia morrido ainda muito jovem. Mesmo com toda a sua religiosidade católica, sua crença estava abalada. Perder um filho é algo inconcebível: o sofrimento é enorme.

O caminho do tratamento seguiu na direção de confortar o sofrimento da perda dentro do contexto religioso do qual ela fazia parte. Aos poucos, a paciente passou a compreender a transitoriedade desta vida e a relação com Deus que não é transitória, neste mundo ou no outro.

A ideia não foi, evidentemente, transformar a posição religiosa da paciente mas sim fazê-la compreender melhor o que sua religião entendida da relação entre a vida, transitória e fugidia, e a vida pós-morte, sob a perspectiva da eternidade.

Em poucos meses, a paciente recebeu alta do tratamento.

Portanto, tanto para Jung como para a paciente de meu consultório, a utilização do pensamento a longuíssimo prazo os ajudou a considerar a real importância e o real significado dos eventos. Ao que parece, nenhuma outra forma de pensar conseguiria provocar tais mudanças.

Na 13° forma de ressignificação, mudaremos totalmente o modo como, desde a 8°forma viemos conduzindo nosso pensamento. Sairemos da questão do tempo e vamos transformar o contexto no qual produzimos significados.