Olá meus caros leitores, vocês devem pensar que a estatística não possui relação com a psicologia ou não possui importância alguma para os profissionais da área. Porém, através desse texto, iremos explicar o valor da estatística para nós estudantes de psicologia e psicólogos.

Conceito de estatística

A estatística é  a área que estuda especificamente a coleção, organização, análise, interpretação e apresentação de dados. A estatística lida com todos os tipos de dados, incluindo o planejamento da coleta de dados nos projetos para uma pesquisa, experimento ou questionário. A palavra Estatística refere-se à disciplina Estatística que é, também, uma faculdade e uma área de estudos dentro da Matemática. Quando dizemos sobre as estatísticas de uma pesquisa, estamos falando sobre o cálculo de dados utilizados, por exemplo, média, mediana, moda ou outro.

A importância da estatística na psicologia

A importância da estatística é a economia de tempo e de dinheiro para os pesquisadores. Como exemplo, podemos citar inicialmente o seu uso na área dos testes. O psicólogo é o único profissional que pode aplicar os testes psicológicos. Nesse sentido uma das maneiras de se validar um teste psicométrico é fazer uma grande coleta de informações de diversas pessoas e depois avaliar todos os dados, resultando assim o que é mais comum numa população.

Exemplo: O teste de inteligência WISC. Para avaliar a inteligência das pessoas os pesquisadores ao invés de fazer milhões de entrevistas, ele fazem uma amostragem, selecionando um número menor que a população geral, mas que represente ela como um todo.

Existem duas razões para o uso de testes psicométrico:

  1. Os testes foram criados para medir características mentais. (Personalidade, Psicopatologia, Humor, Habilidades Sociais, etc)
  2. É possível coletar grande quantidade de dados e a facilidade para analisar. Através de uma bateria de teste psicométricos é possível obter grandes números sobre as características do avaliado. (Ex.: Quando você vai tirar carta você vai ao psicotécnico e através de alguns testes é possível verificar se você é capaz ou não de dirigir)

Além da importância da estatística na criação, elaboração e aplicação dos testes psicológicos, podemos encontrar também a estatística em pesquisas da psicologia. E, já que a estatística é uma aliada para entendermos melhor os resultados das pesquisas – especialmente das quantitativas – o estudante de psicologia e o profissional já formado devem conhecer pelo menos o básico desta ciência exata. 

Um exemplo do uso da estatística: média e moda

Um exemplo deixará mais claro o porque é importante entender os tipos de medidas dentro da estatística, já que os números em si, brutos, podem não nos dar uma avaliação correta. Muitas pessoas perguntam sobre a média salarial de um profissional da psicologia. A noção de média é fundamental para entendermos que este parâmetro, que pode facilmente nos enganar.

Vamos imaginar dois grupos de profissionais da psicologia. O grupo A e o grupo B.

Grupo A – 10 profissionais

2 profissionais ganham 10.000 reais por mês e os outros 8 ganham 1.000 reais por mês.

Grupo B – 10 profissionais

1 profissional ganha 1.000,  1 profissional ganha 2.000, 1 profissional ganha 3.000,  1 profissional ganha 4.000, 1 profissional ganha 5.000,  1 profissional ganha 6.000, 1 profissional ganha 7.000,  1 profissional ganha 8.000, 1 profissional ganha 9.000,  1 profissional ganha 10.000.

Os números acima são números brutos. Agora vamos falar da média salarial de cada grupo.

O Grupo A possui a média salarial de 2.800 reais.

O Grupo B possui a média salarial de 5,500 reais.

Nos dois grupos, olhando os números brutos e as médias, veremos que a média salarial parece não corresponder. O profissional que ganha 10.000 reais no Grupo A e vê que a média salarial para o seu grupo é de 2800 verá que está ganhando muito acima da média, enquanto que o profissional que ganha 1.000 também verá que ganha um valor diferente da média, no caso, bem inferior. É interessante notar que nos dois casos, o cálculo da média está correto, porém o número final se mostra “enganador”.

Outra forma de analisar os dados brutos seria pelo cálculo da moda, que, segundo Spiegel, “é o valor que detém o maior número de observações, ou seja, o valor ou valores mais frequentes, ou ainda “o valor que ocorre com maior freqüência num conjunto de dados, isto é, o valor mais comum”

No Grupo A, veríamos que a moda, o número mais frequente, é 1000 reais. Se em um grupo de 10, apenas 20 por cento ganham 10.000 e 80% por cento ganham 1.000, dizer que o salário aproxima-se da moda, de 1.000 reais seria mais próximo da verdade do que dizer que média salarial é de 2800 reais.

No Grupo B, não podemos apontar uma moda, já que nenhum valor se repete.

Enfim, ao observar os salários destes 20 profissionais, como podemos entender quanto ganha um psicólogo? Os métodos de responder à esta pergunta advém, portanto, da análise estatística.

Uma outra maneira de dispor os resultados seria criando um gráfico, mostrando a proporção de cada salário no todo – o que também pode ser feito a partir da estatística.

Diríamos então que

No Grupo A – 80% ganham 1.000 reais e 20% ganham 10.000

No Grupo B, no qual os dados individuais são mais díspares, poderíamos criar 3 categorias:

1) Abaixo de 3500 reais – 30% por cento

2) Entre 3500 reais e 7000 reais – 40% por cento

3) Acima de 7000 reais – 30% por cento.

Gostaria de deixar claro que estes dados sobre o salário são fictícios.

Conclusão

A estatística é importante na psicologia para a validação, aplicação e avaliação dos resultados dos testes psicológicos. Além disso, é uma ferramenta que o estudante e o profissional da psicologia precisam conhecer para saber como lidar com os dados brutos em uma pesquisa. No texto, demos alguns exemplos de como os números, resultantes em uma dada população (Grupo A e B), podem ser interpretados a partir de duas ferramentas simples da estatística, a média e a moda.

Estas duas ferramentas são simples e muitas outras ferramentas, mais complexas e complicadas, são utilizadas para dispor os resultados em gráficos, para calcular os viéses, testar a validade dos resultados, entre outras necessidades dos pesquisadores.

Por ser uma ciência exata e exigir a habilidade na matemática e em cálculos mais elaborados, a estatística, durante o curso de psicologia, é geralmente uma disciplina estranha para a maior parte dos estudantes, que são mais ligados às ciências humanas e naturais do que às ciências exatas. Porém, como mostrado no texto, o conhecimento da estatística é importantíssimo para compreensão das pesquisas quantitativas e é também necessária, frequentemente, nas pesquisas qualitativas.

Referências:

SPIEGEL, Murray R. Estatística. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976.

Winograd, Monah, Milena Vasconcelos Martins de Jesus, e Emmy Uehara. “Aspectos qualitativos na prática da avaliação neuropsicológica.” Ciências e Cognição/Science and Cognition 17.2 (2012).

Psicólogo Clínico e Organizacional (CRP 06/119079), Abordagem Junguiana. Atendimento Online e Presencial (Itapeva-SP).