Arte-Terapia

Abrangência e Benefícios da Arte-Terapia.

Texto de Miguel Arcanjo Lima Maia – Psicólogo.

Não são poucos os estudos que indicam que a arte é meio terapêutico efetivo, promovendo saúde psíquica e qualidade de vida, de forma criativa e dinâmica.

Seja utilizando desenhos a lápis, giz, tinta, mosaicos, colagens, atividades ocupacionais com argila, madeira, barbante, assim como a partir de dinâmicas em dança e dinâmicas dramáticas, a abrangência da arte-terapia é vasta, e ainda que seus resultados podem sejam muitas vezes subestimados, associados a iniciativas pouco sérias e infantis, os resultados nos mostram justamente o contrário.

O corpo precisa de expressão, Freud já nos indicava que se o que a boca não falar, o corpo falará de alguma forma,  Seja por meio de sintomas de irritação estomacal, dores de cabeça, compulsões, produção de diversas doenças de origem psicossomática que poderiam ser evitadas com um regime de atividades voltadas para a higiene psíquica e expressão da mesma.  Nos tempos atuais, a expressão do universo humano é subestimada, considera-se desnecessário e pouco “produtivo” falar e entrar em contato com emoções seja sob quaisquer forma, expressiva ou não.

Em um consultório não são poucas as vezes que vemos chegar alguém que tem a certeza, como muitos de nós, que não têm nada a dizer de sua vida, mas basta uma respirada a mais em frente ao analista e começa a desvendar vários motivos de expressão ao ponto de ao final da consulta, ainda não ter conseguido dizer tudo o suficiente. Falar, para grande parte das pessoas, trás um alívio imediato. É uma dentre outras formas que temos para nos expressar.

A arte é um tipo de fala, uma linguagem ainda mais antiga que a própria lingua escrita, que remonta aos tempos primevos do surgimento da consciência. Quando algo ainda não pode ser verbalizado em palavras, seja pela dificuldade em dizer, seja porque não haveria meios de expressar como dito, precisando de um símbolo, a arte permite a este canteúdo expressão legítima e até mesmo em forma de substância, um retrato do mundo interno, no qual podemos ler angústias, medos, alegrias e todo tipo de sentimento humano. A arte é a expressão objetiva do mundo interior em forma de imagens subjetivas, chegando, despretensiosamente, aos conteúdos mais difíceis e profundos.

É  Baseado neste princípio de expressão do inconsciente, direta e não verbal, que se baseiam os testes projetivos e de expressão, como palográfico, HTP, PMK, Roschard, e outros.

A arte-terapia, é forma de canalizar esta expressão para benefício não só de doentes mentais e usuários, mas da grande massa que também precisa de bem estar psicológicos e contato consigo mesmo. É indicado para qualquer pessoa. O próprio psiquiatra C. G. Jung entrou profundamente em suas expressões artísticas, como forma de entrar em contato com o inconsciente promovendo tomada de consciência e crescimento pessoal.

Na saúde mental, a arte vêem crescendo exponencialmente como recurso legítimo de tratamento, com os acréscimos próprios de Nise da Silveira, fundadora do Museu do Inconsciente, no Rio de Janeiro, ela mesma, discípula das teorias de Jung.

Psicólogos em empresas não usam de hoje dinâmicas psicodramáticas que reproduzem e fazem refletir situações do trabalho, promovendo mudança e ganhando qualidade na forma como o funcionário encara o dia-dia em trabalho, adquirindo novas competências e habilidades. Uma ginástica laboral e um relaxamento a partir de alongamentos específicos e respiração fazem diferenças substanciais no bem-estar e rendimento do trabalhador. Estas categorias psicodramática devemos a Jacob Moreno, as de expressão corporal a W. Reich, mas todas são formas de expressão deste corpo e das faculdades humanas, permitindo melhora da qualidade assim como a saúde do grupo e dos indivíduos que o compõe.

A arte ainda é muito pouco explorada como recurso de reflexão e qualidade no aprendizado, estando presente ainda de forma rasa nas escolas, comparado a seu potencial de abrangência na promoção da educação e formação de pessoas ligadas as suas fontes de  criatividade, espontaneidade e o pensamento dinâmico que os caracteriza.

Em hospitais ainda não foi divulgado os benefícios para a recuperação de diversos quadros no que tange a permissão da expressão natural de um ser que encontra-se cativo em alas ou no próprio cotidiano de suas doenças.

No trabalho com dependentes químicos, por mim realizado pessoalmente, pode-se observar a quebra de resistência, reorganização de conteúdos e da liberação expressiva que antes, ainda não se dava verbalmente, e ficava vinculada a expressão compulsiva do sintoma. O trabalho com arte de certo ajuda na prevenção a recaída, pela diminuição da pressão interna que precisa de meios expressivos, e na elaboração de conteúdos elaborando potenciais de confusão e dor psíquica pelo que passa o dependente.

Ainda estamos a nos surpreender com a eficácia e utilidade em novos contextos para o uso da arte-terapia. Seja por quais ângulos preferirmos olhar, o campo da arte-terapia traz acréscimos vivos e mudanças favoráveis para o clima das instituições e o bem-estar e saúde  de trabalhadores, alunos, pacientes e usuários, além de meio efetivo para o contato consigo mesmo no caminho de crescimento pessoal.

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Referências: www.multiclinpsicologia.com.br