O Serviço Social (ou Trabajo Social, em espanhol) é uma profissão “inscrita na divisão social do trabalho, situa-se no processo de reprodução das relações sociais”. A emergência dessa profissão no Brasil data da década de 1930 e atualmente está vinculada ao campo das ciências sociais aplicadas cujo objeto de intervenção são as expressões multifacetadas da questão social e/ou do problema social.
Dispõe do contributo de diversas ciências afins sociologia, psicologia, economia, ciência política, antropologia, direito, ética, estatística. O Serviço Social é uma profissão de caráter sócio-político, crítico e interventivo, que se utiliza de instrumental científico multidisciplinar das Ciências Humanas e Sociais para análise e intervenção nas diversas refrações da “questão social”, isto é, no conjunto de desigualdades que se originam do antagonismo entre a socialização da produção e a apropriação privada dos frutos do trabalho.
Essa seria a maneira “correta” para descrever o Serviço Social, e sua profissão.
Contudo, há que descordar-se um pouco, baseado na realidade atual.
A Profissão do Assistente Social ou, como chamado atualmente “Profissional do Serviço Social” nasceu no Brasil na era varguista, com o intuito de “conter” os ânimos de uma população cada vez mais explorada, mais desapropriada de bens, sob total desigualdade ante as classes mais favorecidas, clero e burguesia. Podemos inclusive arriscar-nos a dizer que tal profissional, nada passa de um remédio para uma enfermidade criada pelo próprio governo e igreja, os quais detinham o poder na época.
Não obstante, é a própria situação do Assistente Social, tendo-se em consideração que até os dias de hoje, tal profissão não fora reconhecida. Seguindo-se uma constante luta, entre conselhos e governos.
Poderíamos dissecar todo o código de ética do Serviço Social, milhares de livros e textos de grande autores e especialistas da área de estudos, mas: Por que escolhi Serviço Social?
Por que escolhi Serviço Social?
Por acreditar que o povo, o cidadão, a sociedade é capaz de “ser”, sem a necessidade da ajuda de um governo que independente do partido, não se preocupa com políticas de qualidade, não por não ter condições, tem, contudo busca informações com estudiosos de diversas áreas para simplesmente ouvirmos palavras e nada mais. Infinitas explicações e possibilidades, quando o maior e melhor especialista é o usuário.
Escolhi porque, creio que ainda que as classes sejam distintas, tudo que envolve o ser, o indivíduo enquanto cidadão, enquanto membro da sociedade, seja ele pobre ou não, afro-descendente (não entendo a palavra “negro” como preconceito, e olha que sou negro) ou não, todos são defendidos por uma única constituição. “Posso não concordar com o que você tem a falar, mas lutarei com todas as minhas forças para que você tenha o direito de dizer.” Essa frase de Abraham Lincoln, pode traduzir um pouco do que venho a me referir.
Não existe a constituição para a classe burguesa, e outra para a classe operária, além disso se pudermos olhar bem a nossa frente, seguimos com a igreja e o governo detendo o poder, assim sendo, como dizer que o filho de classe média, que não tem parentes nos governos, nas igrejas, ou não possuem empresas, que este não faz parte do que se nomeia “questão social”? O que é social? Até onde entendemos social é o que faz parte da sociedade, e a mesma é formada por todos que somos usuários, certo?
Escolhi o Serviço Social, por haver trabalhado com políticas públicas que funcionaram desde os tempos de escola, quando atuei no movimento estudantil, seguindo da atuação na área diretamente social, com acompanhamentos a famílias, com projetos sociais de artes, cultura e educação, e esportes.
Escolhi porque acredito que o ser, pode e deve perguntar-se: Porque tenho que fazer para os outros o que sei, se posso fazer para mim? Afinal de contas nos especializamos por um motivo: Ter uma profissão.
O profissional do Serviço Social, deveria se desprender das amarras que a própria disciplina impõe, deixando que quase obrigatoriamente tal profissional, tenha que trabalhar apenas no campo político. Feito isso, entender-se-ia que questão social, são todas as questões que envolvem o bem estar do indivíduo e sua integração com a sociedade, e que a sociedade fosse tratada como sendo o que é: mista. Não apenas os menos favorecidos tem direitos, estes devem com certeza ter maior apoio na conquista de seus direitos, contudo, devemos avaliar cada caso a sua maneira, buscando uma solução para cada situação.
Creio que a área dos direitos humanos seja a que mais se pode assemelhar o Serviço Social, devido ao enorme desprendimento que o profissional exerce no apoio ao usuário. Simplesmente a luta em defesa dos direitos humanos, e da qualidade de vida do cidadão.
Quando as riquezas forem divididas de maneira igualitária, teremos o dia em que os socialistas utópicos poderão chamar de paraíso. Como isso não ultrapassa a barreira da utopia, sigamos em frente, nós que somos Assistentes Sociais, ou Profissionais do Serviço Social, lutando em defesa dos direitos do cidadão, continuemos acompanhando o que se tem feito para o crescimento de uma sociedade carente, carente de políticas corretas, que tragam o bem estar dos que consomem e geram renda para que o país siga em frente; de uma sociedade carente de pessoas responsáveis a frente de seus governos, e que demonstrem respeito aqueles que os elegem. Que não sejamos matéria prima dos nossos próprios estudos; que não nos deixemos enganar com falsas estatísticas geradas por palavras ditas em vão; que busquemos a cada dia, inspiração em um povo que acorda cedo e dorme tarde, que se levanta todos os dias para buscar o que é seu por direito, porém, que por muitas das vezes, não os tem como deveriam.
Escolhi Serviço Social, porque acredito que a solução para as questões sociais, possam partir de nós mesmos, usuários. Porque acredito que temos o potencial necessário para não ficarmos dependentes das políticas sociais, das medidas provisórias, das pesquisas sem fundamento, e de tudo o que não recebemos em troca de nossa mão-de-obra.
Eu sou Assistente Social.
