Ao longo de nossas vidas podemos perder um aspecto fundamental para adquirir mais conhecimento: a curiosidade. Quando somos crianças, somos naturalmente curiosos. Perguntamos o porquê de tudo e queremos fazer perguntas, mais até do que receber respostas prontas – que fecham o pensamento. Quando somos pais, vemos nos olhos de nossos filhos o espanto da novidade, do diferente, do que é entendido ou visto pela primeira vez. Este espanto é que os filósofos gregos chamavam de thaumazéin. Com thaumazéin começa a filosofia, a arte de amar a sabedoria.

Não é estranho não nos espantarmos com o fato de que podemos levar uma vida totalmente infeliz no trabalho? Não é muito bom quando recebemos um serviço bem feito, porque vemos no rosto da pessoa que nos atende que ela simplesmente ama o que faz?

Hoje eu me espantei ao ir em uma consulta de um médico. Ele é um médico que ama o que faz. O contraste em minha cabeça ficou ainda maior, pois no dia anterior tinha ido pegar uma receita com outro médico, que simplesmente não queria estar ali e atendeu – não só a mim – mas todos com muita má vontade.

Quando vamos pensar nas profissões, qual carreira escolher ou se é melhor mudar de área, vemos muito este pensamento de que “Devemos amar o que fazemos (como trabalho)” e não fazer apenas o que gostamos. Em princípio pode parecer a mesma coisa, mas existe uma diferença sim.

Este é um texto de reflexão sobre o tema, ok? Então, vamos investigar juntos o sentido desta diferença?

Eu gosto do que eu faço

Muitas profissões tem perspectivas de atuação muito ampla. Se alguém se forma em uma área X, e pode atuar em N áreas, poderá encontrar esta diferença entre gostar da profissão, mas não gostar de uma dada atividade. Por exemplo, eu posso gostar muito de ser psicólogo, mas não ter interesse nenhum em trabalhar com psicologia do esporte.

Quando perguntamos para nós mesmos ou para as outras pessoas: “Você gosta do que você faz”, ouviremos respostas muito variadas. Alguns gostam, outros detestam, outros são indiferentes. É muito comum encontrar também pessoas que simplesmente acham ou acreditam que não tiveram escolhas. Estas últimas vão dizer que não foi possível estudar, ou encontrar oportunidades de trabalho, que isto ou aquilo, e tudo será, no final das contas, desculpas. E há o pensamento próximo mas com sentido diferente que diz – não importa, eu não gosto do que eu faço mas o importante é gostar do que se faz.

Quer dizer, eu posso ter qualquer emprego – não escolhido por mim – e, desde que eu goste do serviço imposto, tudo bem.

Fazer o que se gosta

A sociedade mudou muito nos últimos cem anos. Se pensarmos que há relativamente pouco tempo, praticamente toda a população mundial vivia nos campos e trabalhava com agricultura, veremos que as mudanças aconteceram muito, mas muito rápido. Algumas gerações atrás tinham como princípio fundamental encontrar uma profissão para a vida toda. Todo o critério de satisfação residia em ter estabilidade.

Hoje ainda encontramos muitas pessoas que sonham com a estabilidade, claro, mas especialmente nos grandes centros, encontramos muitas experiências profissionais multifacetadas. Currículos nos quais o candidato não ficou nem 1 ano em uma empresa e já foi para outra e outra e outra. Isto significa que não só as empresas não estão pensando mais em termos de estabilidade como as pessoas também não tem demonstrado interesse de ser o funcionário do mês, do ano, da década.

Com todas estas trocas de cargos, a ideia é fazer o que gosta. E qual é a diferença de gostar do que se faz? Bem, gostar do que se faz significa gostar de um tipo de trabalho, ter uma profissão certa, com ou sem cursos específicos. Fazer o que se gosta já está ligado a ir tateando em busca de uma oportunidade que seja mais prazerosa do que rentável, mais gostosa do que estável…

Conclusão

A filosofia e a psicologia tem um longo debate a respeito da liberdade e da não-liberdade, da possibilidade de escolher ou ser coagido pelas circunstâncias. Não vou entrar neste assunto neste texto, porém podemos ver que a escolha profissional perpassa esta questão.

Se alguém não tem ou teve condições de fazer uma graduação, qual é a possibilidade dela gostar do que faz? Se alguém não sabe do que gosta, e ainda não se encontrou – pessoalmente e profissional – como poderá ter satisfação em sua carreira? Se alguém faz tudo apenas pela aprovação alheia, como poderá entender seus desejos?

Não pretendo responder também estas questões. Como as crianças, que são espantadas com o mundo, gostaria de continuar ao menos um pouco curioso, e espantado, e perplexo por encontrar tanta gente infeliz, indo trabalhar de 8 às 18:00.

Psicólogo Clínico e Online (CRP 06/145929), formado há 16 anos, Mestre (UFSJ) e Doutor (UFJF), Instrutor de Mindfulness pela Unifesp. Como Professor no site Psicologia MSN venho ministrando dezenas de Cursos de Psicologia, através de textos e Vídeos em HD. Faça como centenas de alunos e aprenda psicologia através de Cursos em Vídeo e Ebooks! Loja de Vídeos e Ebooks. Você pode também agendar uma Sessão Online, Terapia Cognitivo Comportamental, Problemas de Relacionamentos, Orientação Profissional e Coaching de Carreira , fazer o Programa de 8 Semanas de Mindfulness Online. E não se esqueça de se inscrever em nosso Canal no Youtube! - no TikTok -, e Instagram! Email - psicologiamsn@gmail.com - Agendar - Whatsapp (11) 9 8415-6913