Há alguns dias, compartilhei em nossa página no Facebook uma imagem que dizia “o melhor pedido de desculpas é a mudança de comportamento”. Sem fazer propaganda, sem o impulsionamento, a imagem foi visualizada por mais de 120.000 pessoas. O que me fez pensar sobre o motivo. Por que esta frase mexeu com tanta gente?

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Neste texto, então, vamos analisar a frase.

Pedidos de desculpas

Qualquer pessoa sabe que erra, quando erra. A não ser um monstro, todas as pessoas têm consciência e após cometerem um erro, grave ou não, sentem culpa. Podem não admitir, mas, lá no fundo, existe essa consciência.

Conheci um casal que, devido à brigas cotidianas bobas, ficou mais de 30 anos sem se falar, vivendo na mesma casa. Já no final da vida, finalmente, pediram desculpas um para o outro. Não consigo pensar em um exemplo maior de orgulho. É como se cada um soubesse sempre dos seus próprios erros, mas não quisesse admitir. E, na medida em que os dois cresceram em um período no qual a separação era impensável (até de certa forma ilegal), eles não precisavam admitir ou superar, pois de toda forma estariam casados – se falando ou não.

O que este exemplo também ilustra é que pedir desculpas tem uma função. Se há um erro, se há consciência de que há um erro, mas não há necessidade, para quê pedir desculpas? Em outras palavras, qual é a função e o que é um pedido de desculpas?

Um pedido de desculpas, como sabemos, é um comportamento verbal, falado ou escrito: “Te peço desculpas por ter feito aquilo”… “Me desculpe por ter falado daquela forma”…

Ou seja, são palavras ditas por alguém para algum outro ou outra. Existe certa relação com culpa (des-culpa). A outra pessoa pode aceitar ou não o pedido. Em todos os casos, um pedido de desculpas são apenas palavras. Talvez as palavras contenham uma promessa: “Não farei novamente”.

A mudança de comportamento

Uma boa parte da psicologia clínica lida com a mudança de comportamentos. E, por esta razão, é de especial interesse para nós, psicólogos clínicos, saber como o comportamento muda. Didaticamente, podemos dizer que existem variáveis que alteram o agir.

  1. Intervenções físicas: se uma pessoa utiliza algum tipo de substância química que altere o seu sistema nervoso central, ela com certa probabilidade terá modificações em seu comportamento. Desde um relaxante muscular até uma droga excessivamente forte como o crack, passando pelo álcool, tabaco e café, substâncias específicas influenciam.
  2. Contexto ou ambiente: o famoso dizer “diga-me com quem anda que direi quem és” – embora controverso – indica que o contexto social pode mudar o comportamento. Isso não significa que todo mundo é volúvel, mas é certo que falamos e agimos de certa forma com a família, de outra com os amigos e de outro com desconhecidos (apenas para exemplificar).

Analisando por outra perspectiva, podemos ver que a mudança de comportamento ocorre sob duas condições:

  1. Comportamento influenciado por contingências: depois de ter uma ressaca homérica por ter bebido vodka, uma pessoa nunca mais toma vodka. Neste caso, as consequências diretas ocasionam a transformação.
  2. Comportamento governado por regras: dizem que, inicialmente, a proibição de comer carne de porco – entre os judeus – era uma questão de saúde pública. Quer dizer, recomendou-se em virtude de problemas com a carne. Porém, a recomendação virou uma regra: “nunca comerás carne de porco”.

Uma maneira de entender estas duas condições é pensar que aprendemos pela experiência e aprendemos por orientações, por ouvir dizer (apesar que um comportamento governado por regras pode também ser auto-imposto).

O melhor pedido de desculpas

Se alguém nos magoa, ouvir um pedido de desculpas pode aliviar um pouco o sofrimento. Porém, se a pessoa age do mesmo jeito de novo e de novo e torna a se desculpar, com o tempo, as desculpas acabam parecendo cada vez mais vazias.

E, embora o ideal fosse ter a capacidade de perdoar centenas ou milhares de vezes, nem sempre vai existir a capacidade ou a vontade de fazê-lo.

Muitas vezes, aceita-se um pedido de desculpas com a condição de que não aconteça mais o que aconteceu. Se isso não se realiza, cria-se o sentimento de desconfiança e talvez até de afastamento definitivo.

Um exemplo empresarial. Certa vez, contratei o serviço mensal de uma grande empresa. Contudo, a empresa passou a me cobrar – automaticamente – faturas duplicadas. No primeiro mês, aceitei o estorno e o pedido de desculpas pelo erro. No segundo mês em que as faturas foram novamente duplicadas, cancelei o serviço.

Atraves deste exemplo, vemos que a não mudança de comportamento, neste caso da empresa, indica a probabilidade alta de que o comportamento se repita no futuro.

Conclusão

Lidar com pessoas é muito complicado porque cada pessoa tem a sua história de vida, e cada comportamento é influenciado pela junção de vários fatores. Razão pela qual é impossível controlar o comportamento alheio, não importa se é um parente próximo como um filho ou irmão, um namorado ou namorada, esposa ou marido.

Mas há uma saída. Cada um pode controlar em grande medida o seu próprio comportamento. Podemos esperar 30 anos para pedir desculpas, ou não. Podemos escolher uma empresa que faça o que promete e cobre de acordo. Podemos escolher, igualmente, as pessoas com as quais queremos conviver e compartilhar os momentos dessa vida.

Psicólogo Clínico e Online (CRP 06/145929), formado há 16 anos, Mestre (UFSJ) e Doutor (UFJF), Instrutor de Mindfulness pela Unifesp. Como Professor no site Psicologia MSN venho ministrando dezenas de Cursos de Psicologia, através de textos e Vídeos em HD. Faça como centenas de alunos e aprenda psicologia através de Cursos em Vídeo e Ebooks! Loja de Vídeos e Ebooks. Você pode também agendar uma Sessão Online, Terapia Cognitivo Comportamental, Problemas de Relacionamentos, Orientação Profissional e Coaching de Carreira , fazer o Programa de 8 Semanas de Mindfulness Online. E não se esqueça de se inscrever em nosso Canal no Youtube! - no TikTok -, e Instagram! Email - psicologiamsn@gmail.com - Agendar - Whatsapp (11) 9 8415-6913