Descubra a diferença entre vergonha (shame) e culpa (guilt) e como esta diferença fará toda a diferença na superação de uma rejeição ou crítica.

Olá amigos!

Muitas e muitas pessoas quando são rejeitadas em um relacionamento se sentem mal. Muito mal. Eu também já me senti assim. Mas estudando psicologia, a psicologia da rejeição, descobri que o motivo pelo qual o sentimento pela rejeição acontece é extremamente simples. E, embora não exista uma fórmula mágica para sair do luto de um término, compreender o mecanismo envolvido nos ajuda, não só a ter mais resiliência (aguentar o tranco de um não) como tratar melhor os nossos subordinados no trabalho ou cuidar melhor dos filhos, se este for o caso.

A fórmula da rejeição

O mecanismo que provoca o sentimento profundo de rejeição é, como disse, simples:

1) Confunde-se o comportamento com a individualidade ou personalidade. Em outras palavras, confunde-se o fazer (comportamento) com o ser (essência)

2) Comparação. A fim de aumentar ainda mais o sentimento de inadequação, a pessoa rejeitada frequentemente passa a se comparar com as outras pessoas. Para aumentar ainda mais os sentimentos negativos e de inferioridade, passa a listar – mentalmente ou por escrito – como ela é pior nisto ou naquilo e como outras pessoas são melhores.

Estes são os dois mecanismos básicos presentes em um sentimento profundo de rejeição. A pergunta seguinte sobre o que fazer para não se sentir tão mal, logicamente, consiste em parar de realizar estes dois atos.

Se você fez uma besteira, não quer dizer que você seja besta. Isto é confundir o comportamento com a individualidade ou personalidade. Se um relacionamento é um desastre no final, não quer dizer que você é um desastre.

Vergonha e Culpa

Brene Brown, que vem realizando pesquisas importantes sobre a vulnerabilidade, a vergonha, o amor e a conexão, utiliza os termos: vergonha (shame) e culpa (guilt).

Saiba mais: Abertura à insegurança e vulnerabilidade para aumentar o amor e a conexão

Em português não fica muito claro o que ela quer dizer quando afirma que, por exemplo, uma pesquisa que avaliou a presença de culpa ou vergonha em crianças da 5° série, mostrou que as que tinham mais vergonha (de si) tinham no longo prazo muito mais problemas psíquicos e sociais do que a aquelas que se sentiam culpadas (do seu comportamento).

Em inglês, as pessoas falam: “Shame on you!” – “Que vergonha de você!” O sentimento de vergonha (shame) advindo deste tipo de contexto leva a pessoa a internalizar a crítica e a passar a pensar que ela é o problema e não o seu comportamento.

Para ficar mais claro, digamos que em uma prova um aluno erre uma questão absurdamente simples, como 1+1=2. O erro pode ser criticado pela frase -“Shame on you!” – Que vergonha de você!

Então, em vez de pensar que foi um comportamento errado ou burro, a pessoa pensa que ela é burra. Entenderam a diferença? A diferença na conversa interna está na tênue mudança de:

– Eu fiz algo errado (burro, idiota, chato…etc)

para

– Eu sou (burro, idiota, chato…etc)

A diferença parece pequena, e até é. Porém, podemos imaginar a diferença que faz na autoestima e na auto-consideração no longo prazo. No caso de um término de relacionamento, quando o sentimento de rejeição é muito grande há uma relação idêntica. As pessoas que conseguem superar mais rápido pensam:

– O que fiz (de errado) neste relacionamento não deu certo.

Enquanto que as pessoas que sofrem imensamente e tem muita dificuldade de pensar, vão dizer para si mesmas algo do tipo:

– O que eu fui (o que eu sou) neste relacionamento não deu certo. Então eu não sou uma pessoa certa, boa o suficiente, bonita o suficiente, amorosa o suficiente, inteligente o suficiente…

De novo, a diferença entre os dois tipos de pensamento parece pequena, mas o sentimento que vai provocar será certamente muito mais negativo no segundo caso. Todos nós podemos errar e fazer bobagens, certo? Porém, o modo como cada um vai lidar com este erro e com esta bobagem é que fará toda a diferença em seu sentimento de bem ou mal-estar.

Por exemplo, como você pensa quando você quebra um copo? Vai mal em uma prova? Esquece de um compromisso importante? Quando você protela?

“Nossa, quebrei um copo! Como sou desastrado! Inadequado! Ridículo!” (ou outro adjetivo?)

Se em um comportamento passível de acontecer como quebrar um copo você se trata assim, como se tratará então quando alguém terminar um relacionamento?

Relação interna e relação externa

O que é interessante é que é a partir do modo como lidamos conosco que lidaremos com as outras pessoas. Então, se você tem subordinados no seu trabalho ou se você tem filhos, alunos, discípulos, um amor… você também pode tratá-los na eventualidade de um erro a partir da vergonha (shame) ou a partir da culpa (guilt).

Ninguém gosta de se sentir mal sobre si mesmo. Ninguém gosta de detonar a autoimagem. De que forma esperaríamos que ao fazer uma outra pessoa pessoa se sentir mal sobre si mesmo, acabando com sua autoimagem, iria ser positivo, engrandecedor ou construtivo?

Se o chefe, pai, líder diz: “Você é muito burro por ter feito isso”, como você acha que a pessoa vai se sentir?

Conseguem ver a diferença de dizer: “O que você fez não foi certo. Procure fazer melhor da próxima vez”.

No primeiro caso, há a o sentimento de vergonha (shame) de si. “Eu sou burro. Eu não sou esperto o suficiente. Eu não valho de nada”…

No segundo caso, há culpa (guilt) pelo comportamento. “Eu não fiz isso certo, é verdade. Na próxima vez, vou tentar melhorar o meu comportamento”.

Portanto, o grande problema com o sentimento de rejeição é que a pessoa internaliza a vergonha de si. A autocrítica nunca é construtiva. Se você tem um diálogo interno no qual se critica o tempo todo, não percebe que a autocrítica não te ajuda a se motivar?

No caso de uma rejeição de um relacionamento amoroso (ou no trabalho, em família), o problema reside no fato de que é complicado mudar quem somos. Se eu passo a me considerar uma pessoa burra, como vou mudar minha inteligência? Estamos falando de um conceito abstrato (inteligência) e que nós geralmente pensamos como um fato genético.

Agora, se eu penso que eu tenho que mudar o meu comportamento, é mil vezes mais fácil de aceitar e existe uma forma para encontrar a mudança.

Em suma:

Em vez de:

“Fui mal em uma prova. Sou burro. Ponto final. O que posso fazer sobre a minha inteligência? Nada…” (personalidade)

Pensar assim:

“Fui mal em um prova. Minha escolha de não ter estudado não foi muito inteligente. Vou estudar mais”. (comportamento).

“Este relacionamento não deu certo. Sou uma pessoa péssima por não ter dado certo (ou não estar dando certo)

Mudar para:

“O que fizemos neste relacionamento não deu certo. Vou procurar não repetir os mesmos erros no futuro”.

Psicólogo Clínico e Online (CRP 06/145929), formado há 16 anos, Mestre (UFSJ) e Doutor (UFJF), Instrutor de Mindfulness pela Unifesp. Como Professor no site Psicologia MSN venho ministrando dezenas de Cursos de Psicologia, através de textos e Vídeos em HD. Faça como centenas de alunos e aprenda psicologia através de Cursos em Vídeo e Ebooks! Loja de Vídeos e Ebooks. Você pode também agendar uma Sessão Online, Terapia Cognitivo Comportamental, Problemas de Relacionamentos, Orientação Profissional e Coaching de Carreira , fazer o Programa de 8 Semanas de Mindfulness Online. E não se esqueça de se inscrever em nosso Canal no Youtube! - no TikTok -, e Instagram! Email - psicologiamsn@gmail.com - Agendar - Whatsapp (11) 9 8415-6913