Olá amigos!

Continuando o nosso Curso Grátis sobre a Psicologia Individual de Alfred Adler, vamos falar hoje sobre traços agressivos do caráter: a vaidade, a ambição, a inveja, a avareza e o ódio.

Lembrando que Adler é o criador do conceito de complexo de inferioridade e valoriza dois aspectos principais da vida psíquica: a influência do meio sobre a construção do caráter e a importância da teleologia, ou seja, toda e qualquer ação tem uma finalidade; em especial, a finalidade de conseguir superar o sentimento de inferioridade oriundo das necessidades de ser criança e precisar de ajuda.

A vaidade

Segundo as concepção de Adler, a vaidade consiste no fato de se pensar no que os outros estão pensando sobre si. Embora a vaidade não seja valorizada socialmente, é provável que todos possuam certo grau de vaidade, desde aquele que se arroga a uma posição superior para parecer melhor do que os demais até aquele que procura sempre mostrar um ar de modéstia ou de humildade que, no fundo, não é nada mais nada menos do que vaidade.

Em suas palavras: “O vaidoso conhece sempre o modo de atirar para as costas dos outros a responsabilidade dos erros que tenha cometido (…) Em lugar de prestar sua contribuição, o vaidoso ocupa-se principalmente com queixas, desculpas e explicações. É que estamos em face de artifícios da alma humana, da tentativa do indivíduo para conservar, a todo transe, seu sentimento de superioridade, resguardando o amor próprio de qualquer ofensa” (ADLER, 1961, p. 190).

O objetivo do sujeito vaidoso – aquele para o qual a vaidade é o centro da sua existência – é “ser superior a todas as pessoas do mundo” (ADLER, 1961, p. 193). Como isto é totalmente impossível, são criados expedientes para afastar o seu senso de inferioridade, como apontar sempre os erros alheios, apresentar certo ar “aristocrático”, de superioridade, colocar a culpa nos demais, por não ter podido realizar o que deveria realizar e assim por diante.

Como diz Adler: “O hábito de depreciar e menosprezar de tais indivíduos é um dos seus traços de caráter mais comuns. Chamamos a isso de ‘complexo de menosprezo’ (…) O reconhecimento do valor de outra pessoa equivale a uma afronta à personalidade do vaidoso” (ADLER, 1961, p. 195).

Na medida em que é relativamente complicado deixar de pensar no que os outros pensam de nós (e tentar buscar uma melhor aparência de quem somos), Adler também diz que, neste caso, o melhor procedimento seria utilizar a vaidade –  tentativa de se mostrar de maneira positiva para os demais, de criar uma boa imagem sobre si – para algo que fosse benéfico para a sociedade em geral.

Por exemplo, um sujeito caridoso pode até ser vaidoso de sua caridade, mas, pelo menos, está utilizando a sua vaidade para ajudar os demais.

O ciúme

Adler explica que o que entende por ciúme não é apenas aquele existente na maioria das relações amorosas. Para ele, o conceito de ciúme perpassa também as demais relações humanas. De acordo com o criador da Psicologia Individual: “o ciúme, irmão da ambição, é traço de caráter que pode perdurar a vida inteira e que desponta com a impressão de abandono e de injustiça” (ADLER, 1961, p. 214).

Um exemplo de ciúme que vai além das relações de duas pessoas apaixonadas, é o ciúme que aparece na família com o nascimento de um irmãozinho ou irmãzinha. Infelizmente, acontece de o ciúme ser tão forte que chega a agressões físicas e, nos casos mais extremos, até a assassinatos.

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“Uma das causas mais frequentes dos ciúmes na família é a exagerada rivalidade entre irmãos e irmãs. Sentindo-se desprezada, uma menina esforça-se incansavelmente para vencer os irmãos” (ADLER, 1961, p. 216). Neste trecho, Adler menciona a questão de gênero, já que em sua época – mas não raro atualmente – o nascimento de um menino era mais valorizado do que o nascimento de uma menina.

De toda forma, o nascimento de um irmão ou irmã gera o ciúme na medida em que a criança maior sente que está sendo abandonada, “destronada”, retirada de seu posto de privilégios anterior, pois com a chegada de um um bebê, tanto a mãe como o pai tem que dar mais atenção para este.

Adler salienta também que o ciúme pode se apresentar de diversas formas:

1) como desconfiança;

2) como preparo de armadilhas para os outros;

3) como críticas a qualquer pequeno detalhe;

4) como autodestruição;

5) e até como obstinação enérgica para ser superior.

Ele diz: “Algumas das formas proteicas deste traço de caráter são o gosto de ser desmancha-prazeres, de ter o espírito de oposição sem motivo, de restringir a liberdade de outra pessoa e conseguir sua consequente sujeição.

Fixar para outrem uma série de regras de conduta é um dos expedientes prediletos do ciúme. É este o padrão característico do procedimento que uma pessoa adota, quando intenta ditar jeitosamente algumas regras de amor ao cônjuge, quando cerca de muralhas a pessoa a quem ama, e lhe determina par aonde deve olhar, que deve fazer e como deve pensar” (ADLER, 1961, p. 246).

A inveja

Como estamos aprendendo com a teoria de Adler, um dos aspectos mais importantes da vida psíquica é a tendência de cada um para sobrepujar o seu senso de inferioridade, a fim ou com a finalidade de se sentir superior ou ter autonomia. Esta luta pela superioridade pode ser benéfica ou maléfica, tanto individualmente como socialmente.

Para Adler, entender esta luta pela superioridade é fundamental para entender a psique. Sobre a inveja diz ele:

“Sempre que existe a luta pelo poder e dominação, podemos, com certeza, encontrar, como acréscimo, o característico da inveja. O contraste entre o indivíduo e seu objetivo vertiginosamente elevado, manifesta-se pela forma de um complexo de inferioridade” (ADLER, 1961, p. 217).

Em outras palavras, no fundo o sujeito sabe o que é e o que obteve, embora deseje e sinta que poderia ser melhor ou ter mais, não pode deixar de admitir que não atingiu a perfeição ou tudo o que alguém poderia obter. Comparando as suas realizações com os demais, tem início a inveja:

“O invejoso passa o tempo a dar balanço das vitórias dos outros, a ocupar-se com o que os outros pensam dele e com o que os outros realizaram. É presa, sempre, da impressão de ser desprezado, de ser vítima de injustiças” (ADLER, 1961, p. 217).

Assim como acontece com a vaidade, Adler alerta que qualquer pessoa está passível de sentir inveja. Quando a vida vai bem e não enfrentamos problemas muito grandes, a inveja não aparece. Mas, com o surgimento de dificuldades (financeiras, amorosas, de saúde, etc), a inveja começa a transparecer.

Igualmente, a saída é encontrar uma forma de utilizar a inveja para o próprio crescimento. Ou seja, em vez de ficar comparando com os feitos dos outros, pode-se aumentar a autoestima e imaginar que também é possível atingir aquilo que se deseja. Deste modo, a inveja vai dando lugar cada vez mais para a vontade de realização e, com o tempo, poderá até desaparecer.

O ódio

Devemos entender que o ódio possui diversos graus de intensidade ou matizes. Desde o grau mais intenso, da cólera, até a tendência de implicar com os demais ou dizer maldades sobre os outros. É importante notar também que o ódio nem sempre possui um objeto definido e para sempre. Ou seja, um sujeito pode odiar uma pessoa por sua cor de pele e, alguns anos depois, odiar uma pessoa pelo seu gênero ou opção sexual ou opção política.

Isso é importante porque não só o objeto não está definido de todo como também a intensidade talvez se esconda bem quase todo o tempo, sem conseguir desaparecer por completo, entretanto, reaparece como a face real de alguém em um momento em que perde a cabeça, em que o sangue sobe…

“Uma das mais veladas modalidades é a da misantropia, que revela um altíssimo grau de hostilidade contra o gênero humano. Existem escolas filosóficas tão saturadas de sentimentos hostis ao homem e de misantropia, que se podem considerar equivalentes aos mais grosseiros e indisfarçados atos de crueldade e brutalidade” (ADLER, 1961, p. 222).

A avareza

Adler não limita a avareza apenas em acumular dinheiro e ter “a mão fechada”. Ele define a avareza como a inaptidão de dar prazer aos outros. Em resumo, na incapacidade de proporcionar ou querer agir em benefício dos demais. Afinal, alguém pode ser avaro ao não contribuir financeiramente com uma ajuda para o próximo, mas a avareza pode ser notada, de igual forma, naquele que não ajuda o outro com ações ou mesmo palavras.

“Reconhecemos sua relação com a ambição e a vaidade e suas relações com a inveja. Não há exagero em dizer que todos esses traços de caráter se mostram habitualmente reunidos e, por isso, não é de estranhar que um ledor de almas, tendo descoberto um desses traços, possa declarar que os outros também existem” (ADLER, 1961, p. 220).

Psicólogo Clínico e Online (CRP 06/145929), formado há 16 anos, Mestre (UFSJ) e Doutor (UFJF), Instrutor de Mindfulness pela Unifesp. Como Professor no site Psicologia MSN venho ministrando dezenas de Cursos de Psicologia, através de textos e Vídeos em HD. Faça como centenas de alunos e aprenda psicologia através de Cursos em Vídeo e Ebooks! Loja de Vídeos e Ebooks. Você pode também agendar uma Sessão Online, Terapia Cognitivo Comportamental, Problemas de Relacionamentos, Orientação Profissional e Coaching de Carreira , fazer o Programa de 8 Semanas de Mindfulness Online. E não se esqueça de se inscrever em nosso Canal no Youtube! - no TikTok -, e Instagram! Email - psicologiamsn@gmail.com - Agendar - Whatsapp (11) 9 8415-6913