Olá amigos!
Em muitos e muitos casos a arte antecipa a ciência. Existe uma frase que tem ficado muito conhecida de Millor Fernandes que diz: “Eu sofro de mimfobia. Eu tenho medo de mim mesmo e me enfrento todo dia”.
Evidentemente, mimfobia não é uma doença mental listada no DSM-5 ou CID-10. Quando digo que a arte antecipa a ciência não quero dizer que a ideia da mimfobia do Millor estará um dia nestes manuais diagnósticos, mas sim que a ideia descreve muito bem um tipo de sintoma que encontramos no consultório.
Sim, porque nem sempre se trata de um problema de relacionamento. Nem sempre é o que Sartre dizia – também brilhantemente – “o inferno são os outros”. Acontece com relativa frequência de o problema ser interno. Mimfobia: o medo de ser de um jeito. O medo de ser diferente. O medo de se impor, de dizer não. O medo de escolher o próprio caminho, ter força para enfrentar as críticas e superar os obstáculos, imaginários ou não.
A frase do Millor me fez pensar muito. Será que isso existe? Se sim, como reconhecer? Será que você sofre de mimfobia? Será que todos sofremos?
O que é mimfobia?
Como disse, mimfobia não é uma doença mental. É uma criação poética de um artista brasileiro fantástico. Mas, como em última instância as doenças são conceitos e como os conceitos tem que se forjados e se modificam com o passar dos séculos, podemos nos dar a liberdade de pensar uma doença (criada) como a mimfobia.
Psicologicamente, existe uma diferença significativas entre medo (ou fobia) e ansiedade. Enquanto o medo é um sentimento de apreensão que tem um objeto específico, a ansiedade é inespecífico. Por exemplo, alguém pode ter medo de cobras. É um sentimento que tem um objeto específico: cobras.
No caso da mmimfobia, teríamos também um objeto específico: mim-mesmo. É o que significaria ter medo de si mesmo? O que este objeto, interno e intangível, e por isso diferente de um objeto extrerno visível como uma cobra, poderia causar de medo?
Tipos de Mimfobia
Como toda classificação, temos a sensação de maior clareza com enumerações ou distinções em grupo. Assim como há Transtorno Bipolar 1 e Transtorno Bipolar 2 e sem outra especificação, poderíamos imaginar tipos de mimfobia.
Millor diz: “me enfrento todo dia”. De modo que podemos pensar em tipos de enfrentamento de si mesmo para delinear distinções, além das clássicas diferenciações de intensidade entre leve, moderada e grave.
Mimfobia por limitações imaginárias
Seria aquele tipo que teme a si mesmo porque não acredita em suas próprias potencialidades. Paralisa, quando deveria agir. E, em meio à paralisação, imagina que não é capaz, não será capaz, nem agora, nem depois.
Mimfobia por descontroles emocionais
Seria um tipo que temeria a si mesmo pela probabilidade de agir de maneira equivocada, seja moralmente ou disciplinariamente. Enfim, medo de se descontrolar, de perder as estribeiras, de dizer ou gritar o que não de pode dizer nem gritar, medo de fazer o que se sonha escondido ou se esconde de si mesmo.
Mimfobia por culpa indefinida
Existe um tipo de culpa da mais leve à mais pesada que não é facilmente reconhecível. Alguém que tivesse este tipo de culpa se sente culpado mas não sabe exatamente por qual motivo. Pode se sentir culpa por ter derramado ou leite ou por haver guerra e fome no mundo. De todo jeito, a culpa está ali, embora o motivo, o real motivo, seja desconhecido, a sensação de dever (no sentido de ter um débito, algo a pagar) nunca larga o sujeito.
Conclusão
É claro que este é um texto que não se pretende sério, apesar de que verdades sobre estados mentais e emocionais tenham sido ditas. A seu modo, é igualmente uma licença poética – seguindo Millor – para descrever um aspecto da humanidade.
Enquanto uns tem medo do outro (da fobia social à paranoia persecutória), outros teriam – e tem – medo de si mesmo. Medo de não ser capaz e não conseguir. Medo de perder o centro e fazer bobegens ou loucuras. Medo de ter feito algo errado e ser punido por um acontecimento futuro em uma esquina qualquer.
Continuo pensando… será que existem outros tipos de mimfobia? Será que existe uma forma de superar o medo de si mesmo? Será que um dia vão catalogar uma doença parecida, levantar estatisticas e muito antes criar um medicamento revolucionário para combater este mal?
Muito legal!
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Olá Cleide!
Fico feliz que esteja gostando!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Eu acabei de descobrir q sofro disso