Baseado numa pesquisa realizada em 1996, o documentário Middle Sexes Redefining He and She (em tradução livre, O Sexo do Meio: Redefinindo Ele e Ela) exibido pela HBO constata uma realidade, no mínimo, curiosa: homofóbicos tem altas chances de serem gays enrustidos.

Realizada pela Universidade de Georgia, a pesquisa selecionou 64 universitários e os dividiu em dois grupos: o primeiro com rapazes que mostravam ser homofóbicos e o segundo grupo com indiferentes à orientação alheia. Em seguida, ambos os grupos tiveram que assistir a um filme gay.

Todos os rapazes foram ligados a aparelhos que medem o nível de excitação. E o resultado foi inesperado: o grupo dos homofóbicos mostraram níveis de excitação fora do normal. Mesmo com a constatação, eles foram unânimes na hora de admitir que não sentiram nada durante o filme.

Veja os detalhes da pesquisa no vídeo abaixo. Caso você queira ler a pesquisa, em inglês, clique aqui – Is Homophobia Associated With Homosexual Arousal?  A pesquisa do vídeo é esta –  e foi publicada pela APA, American Psychological Association, Associação Americana de Psicologia.

Gays Homofóbicos: Preconceito em dobro

Outro dia li um artigo que o psicólogo e terapeuta João Pedrosa escreveu para o site GLX, e achei bem interessante. Leia abaixo:

Por João Pedrosa

“O gay homofóbico ataca os homossexuais e a homossexualidade como forma de esconder sua verdadeira orientação.

É comum ouvirmos a afirmação de que o homofóbico é um gay enrustido. Não podemos generalizar ao afirmar que todo homofóbico seja um gay enrustido, mas parece que em muitos casos esta afirmação é verdadeira.

Quantas figuras públicas organizam cruzadas contra os homossexuais? Políticos, líderes religiosos, educadores, personalidades da mídia, jovens ligados aos grupos de direita e extrema-direita, dentre outros. São homofóbicos militantes ou de carteirinha.

Muitos homossexuais não vivenciam sua homossexualidade, mesmo que clandestinamente, com medo da punição social. Previne-se dos estímulos aversivos que são gerados pela punição à homossexualidade contra-agredindo os homossexuais. Esta contra-agressão é um comportamento de esquiva da sua própria homossexualidade. Estes são os homossexuais latentes. Rigidamente, a maioria, reprime sua homossexualidade ao extremo. Ligam-se a uma organização política, grupos reacionários ou religiosos que perseguem os homossexuais.

Para este fenômeno, nós psicólogos analistas do comportamento, usamos o termo fazer uma reação, que é quando uma pessoa se empenha num comportamento que é incompatível com o comportamento que tem consequências tanto reforçadoras [sinto atração e vontade] como aversivas [caso faça algo poderei ser descoberto e punido].

O exemplo a seguir ilustra bem este conceito: um alto comandante do exército do Rio de Janeiro era conhecido no quartel pela feroz perseguição aos homossexuais: declarações homofóbicas; piadas de mau gosto; isolamento dos possíveis gays, dentre outros. Até que um dia, uma conhecida revista brasileira publica que este militar foi surpreendido pela polícia com um rapaz dentro do seu carro numa rua deserta do subúrbio do Rio de Janeiro. Foi um estrondoso escândalo de caserna. Outro exemplo recente é a do pastor evangélico americano Ted Haggard, conhecido pela sua cruzada contra o casamento entre pessoas do mesmo gênero. Ele foi acusado de ter tido relações com um michê.

Fazer uma reação pode ser interpretado, também, como um comportamento que remove estímulos que tornam o comportamento punível provável (não farei sexo gay para não ser descoberto e punido). O comportamento de fazer uma reação funciona como autocontrole. Ao fazer uma reação a pessoa controla a tendência de praticar o ato homossexual, fazendo campanhas públicas contra os homossexuais. Agindo assim, é pouco provável que pratique o o que deseja e se sua campanha homofóbica ganha destaque e aprovação (é reforçada pela comunidade e mídia) a vontade de praticar será enfraquecida, mas não eliminada”.