Olá amigos!
Como trabalho como psicólogo clínico já há alguns anos, penso que posso dizer alguma coisa sobre o significado das mães para as pessoas, neste dia do ano em que se comemora – comercialmente e, a seu modo, emocionalmente – o dia delas. Quando a pessoa vivencia um profundo processo de análise terapêutica, é até certo ponto inevitável que vá encontrar o que pensa e o que sente sobre a sua mãe.
Porém, é necessário fazer a diferença entre a mãe – ela mesma – e a imago da mãe. Isto significa que a mãe é uma pessoa como outra qualquer, com seus defeitos e virtudes, sonhos e desejos, medos e temores, reflexões e afetos. O que alguém pensa e sente da sua própria mãe, consciente e inconscientemente, é a imagem da mãe, a imago.
Talvez fique mais fácil entender este conceito se pensarmos em uma família, cuja mãe teve mais de um filho. Podemos pensar, para ficar mais fácil, em uma família grande como as do início do século XX: uma família com 7, 10 ou 13 filhos. Se investigarmos a fundo o que cada um dos filhos pensa sobre a sua mãe, veremos que a mãe não será a mesma, ou seja, a imagem que cada filho faz de sua mãe não é idêntica à imagem que seus irmãos e irmãs fazem.
E, por isso, no consultório de psicologia é preciso estar atento a esta diferença, que faz toda a diferença.
A mãe que eu não tive
Por mais distante que esteja a mãe, ela mesma, do filho ou filha nos dias atuais, a imago materna aparece e reaparece no consultório de psicologia por uma alusão, por um sonho, pela relação com uma amiga, pela relação amorosa que é dita, pensada, sentida.
Pela minha experiência, vejo que é muito comum o sentimento de não ter tido uma mãe, da mãe ausente, mas, mais do que isso, acontece de aparecer a ideia da mãe que poderia ter sido, como se diz: “a mãe que eu não tive”. Esta forma de pensar, toca, evidentemente os sentimentos mais profundos e normalmente leva um tempo até que a pessoa perceba o outro lado, sendo, entretanto, difícil que a pessoa consiga enxergar na mãe não a imagem que se tem dela, mas a mãe como ela é, como um ser humano à parte.
Nesse sentido, a ausência para ser sentida – a ausência da mãe ideal – não tem que ser a ausência física. Se trata da ausência de um carinho, de um afeto, falta de compreensão. Como disse, é preciso um longo caminho para dar voltas por entre esses sentimentos e passar para a fase seguinte, de aceitação, do que foi e do que não foi, e entender a individualidade de cada ser humano, inclusive da mãe.
É curioso como quando somos crianças, conhecemos as mães de nossos amigos e amigas não pelo nome, não é mesmo? Conhecemos as mães como a mãe do amigo tal, a mãe da amiga tal… como se a vida inteira daquela pessoa fosse ser a mãe de alguém. É curiosa também esta idealização da supermãe, da mãe divina, como se as mães não pudessem cometer erros, não fossem falhas ou imperfeitas.
No consultório, a ideia da “mãe que eu não tive” diz não da mãe, ela mesma, diz o que o indivíduo esperava de sua mãe ideal, da mãe que não é nem foi a mãe divina, a mãe sem mácula. Corre um tempo até que a pessoa perceba que a mãe real é perfeita ao seu modo.
Não sei se é verdade que cada povo tem o governo que merece e cada pessoa a família que merece. Em alguns casos, é difícil acreditar nesta teoria, em especial os casos da mãe realmente terrível, objetivamente terrível, como a mãe Medeia – a mãe que mata seus filhos por ter sido abandonada pelo pai. Mas, ao menos em minha experiência, estes casos extremos são mais raros (talvez pela realidade social e econômica que atendo) mas o mais comum é, quando vemos a imago de uma mãe maldosa, se tratar muito mais de uma fantasia do que da realidade.
Escrever um texto sobre a mãe que uma pessoa não teve, no dia das mães, pode ser um contrassenso. Seria interessante também falar sobre a rivalidade feminina, mãe e filha, que é excessivamente comum – mas este tema ficará para um próximo texto, se houver interesse.
A ideia de falar sobre este tema vem da importância de fazermos a diferença entre o que pensamos e sentimos sobre alguém (a mãe mas não só a mãe) e quem a pessoa é, nela e por ela mesma. Pessoas independentes de ti, como diria Fernando Pessoa. Pessoas independentes de ti… é então um texto de reflexão sobre o que vemos e ouvimos como psicólogos clínicos.
PS:
Apenas para salientar, eu, Felipe de Souza, tive a melhor mãe do mundo! Não existem palavras para dizer, por isso vou usar novamente as palavras do Fernando Pessoa (para o seu amigo Almada Negreiros): você não sabe como agradeço o fato de você existir! Obrigado mãe!
Rivalidade entre filha e mãe
Sou grata a Deus pela mãe que tive. Gostaria de tê-la novamente comigo. A minha mãe não foi a melhor mãe do mundo, mas foi a mãe mais generosa que alguém pode ter sido. E só por sua generosidade, valeu a pena ter tido como mãe. Deus a levou e ficou só a saudade. Eu queria a oportunidade de vê-la novamente.
Amei ler o texto “A mãe que eu não tive. ” Parabéns por seus vários trabalhos e por compartilhá-los!
Olá, Felipe! Muito bom o texto!
Que bom que a sua mãe é melhor mãe do mundo, por que a minha também é!rs
Mas vale a dica, Felipe, para as mulheres que são ou pretender ser mães: o que uma criança, ao meu ver, espera minimamente daquela que representa a divindade em pessoa é compreensão e sutileza no ensinar a vida cotidianamente. É a melhor representação do amor em atitudes e preparação de nós para o crescer, tão exigente.
Mas uma vez adorei o texto FELIPE. Sabe que estes dias, acredito que por conta do dia da mães, estive observando como agimos em relação a mãe..,não as vemos como seres humanos, mulheres, e engraçado esquecemos ate que são filhas..como nos filhos.. e me dei conta que nos mães tbem deixamos de ser filhas para sermos mães.. esposas..afinal esposa tem um pouco de mãe em relação ao marido rsrs, e nem percebemos muito isso, vamos trocando os papeis, e o que muda? estou ainda avaliando sabe? logico que hoje a mulher trabalha fora, tem ate independência em relação a sua família, mas acaba na realidade agregando mais funções. E digo mais analisando e observando, hoje fica ate mais fácil pois temos Facebook kkkk,pude ver através de declarações.. fotos… mensagens… enfim a importância desta figura materna em nossas vidas..e nos sem mesmo percebermos vamos ocupando este espaço tao importante, e necessário, cometemos erros, enganos,temos medo, mas tbem coragem, algumas protegendo, outras sem saber como proteger, nos sentindo sabedoras um pouco de tudo.. como se isso fosse possível…e outras fugindo.. por se sentirem ainda tao filhas, sem a minima condição de se sentirem mães. E uma coisa posso te dizer, somos todos universos, dentro de um universo, buscando.. vivendo… evoluindo e aprendendo sempre bjs.
Adorei sua colocação sobre a mãe. Sou mãe, mas tenho minhas características de pessoa. Acredito que a palavra mãe em alguns momentos torna-se um peso, Pois na maioria das vezes se funde com os anseios do outro(filho). Mãe cuidadora, mãe amiga, mãe conselheira, mãe cobrança, mãe culpada…e por aí vai! Só esquecemos de uma coisa Mãe uma pessoa e que tem direito de não só ser a mãe!
queria saber mais conteúdos sobre a psicologia social já li alguma coisa de silvia lane mais queria me aprofundar nesse estudo pois faço o curso de serviço social e isso me interessa muito .
Olá, Fernando!
Vou te falar uma coisa: Tenho mãe devo à ela a escolha de ter me dado a vida… Isso apenas, isso… Não devo carinho pois nunca o recebi,cuidados não sei nem o que é. Tive uma infância que aliás não tive. Não tenho vergonha de dizer minha mãe não faz falta na minha vida. Tenho tenho três filho uma adotei, e sou muito feliz. Era profundamente infeliz quando negava isso, quando achava que mãe era ” sagrada” que eu tinha a obrigação de ama-la. Hoje livre dessas obrigações te falo ela mora perto, não nos falamos ha meses e não me faz falta.
Olá Alberjane,
Obrigado por comentar!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá José!
Temos alguns textos sobre Psicologia Social, é só você pesquisar aqui no site, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Rosana!
Obrigado por comentar!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Regina,
Obrigado por comentar!
É verdade mesmo, não é? A mãe é sempre a mãe, poucas vezes é uma pessoa nela mesma, rsrs.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Marcos,
Obrigado por comentar, meu caro!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Miriam!
Obrigado por comentar querida!
Que bom que, nesse sentido, não temos o que reclamar não é mesmo?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Juliana!
Obrigado querida!
Fico muito feliz que tenha gostado!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Zípora!
Obrigado por comentar querida!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá!
Escreverei em breve sobre este assunto, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Nossa, esse texto é o máximo.. Chamou muito minha atenção, isso é verdade, a mãe perfeita é aquela que com o passar dos tempos se torna desnecessária..
Agradeço a Deus, pela mãezona que tive, ela é demais a amo muito… Faço das palavras dele meu agradecimento “Você não sabe como agradeço o fato de você existir! Obrigado mãe!”