Olá amigos,

Há alguns dias publicamos aqui no site o texto sobre a terapia cognitivo-comportamental. Hoje gostaria de conversar com vocês sobre a história da terapia cognitiva, na medida em que o site já conta com diversos textos sobre a abordagem comportamental, mas não sobre a teoria e terapia cognitiva. Visando preencher esta lacuna, vamos começar pela história do desenvolvimento desta abordagem.

Veja também: Teoria Comportamental de Skinner e Watson

História da Terapia Cognitiva

A terapia cognitiva tem a sua origem, assim como a terapia comportamental, nos Estados Unidos. Foi primeiramente desenvolvida por Aaron T. Beck, na década de 1960. Este teórico e terapeuta, da Universidade da Pensilvânia, tinha como objetivo elaborar uma prática terapêutica que fosse breve, com uma estrutura de sessões determinada, com foco no momento presente.

No começo de sua criação, Beck tratou especificamente do problema da depressão, com o intuito de possibilitar ao paciente depressivo uma forma de modificar os problemas atuais, alterando os pensamentos, sentimentos e comportamentos considerados problemáticos, , ao invés de investigar o passado longínquo, a infância como meta principal.

Com o desenrolar do tempo, a terapia cognitiva foi sendo utilizada não só para casos de depressão, mas também para outras doenças mentais que o terapeuta encontra frequentemente em seu consultório como ansiedade, síndrome do pânico, fobia social, uso e abuso de substâncias (drogas), transtornos alimentares e problemas de relacionamento amoroso, estresse pós-traumático, transtornos de personalidade, dor crônica, hipocondriáse e esquizofrenia.

Embora tenha, portanto, extrapolado o objetivo inicial de Beck para o uso na depressão, a terapia cognitiva possui uma definição clara, independente do transtorno ou doença mental a ser tratada, a saber:

“Resumidamente, o modelo cognitivo propõe que o pensamento distorcido ou disfuncional (que influencia o humor e o comportamento do paciente) seja comum a todos os distúrbios psicológicos. A avaliação realista e a modificação no pensamento produzem uma melhora no humor e no comportamento. A melhora duradoura resulta da modificação das crenças disfuncionais básicas dos pacientes” (Judith Beck).

Linhas da Terapia Cognitiva

Tendo por base os pressupostos do modelo cognitivo, outros teóricos e terapeutas ao redor do mundo, desde a década de 1960, tem elaborado desdobramentos que são importantes e que podem ser consideradas linhas da terapia cognitiva. Os principais são:

– Albert Ellis: terapia racional-emotiva;

– Donald Meichenbaum: modificação cognitivo-comportamental;

– Arnold Lazarus: terapia multimodal;

Além destes, são dignos de nota os trabalhos realizados por Miachel Mahoney, Vittorio Guidano e Giovanni Liotti.

Características da Terapia Cognitiva

O sucesso da terapia cognitiva reside na sua formulação e eficácia. Fazendo referência aqui apenas à terapia cognitiva de Beck, sua filha, Judith Beck explicita: “Ela é singular no sentido de que é um sistema de psicoterapia com uma teoria da personalidade e da psicopatologia unificadas, apoiadas por evidências empíricas substanciais. Ela tem uma terapia operacionalizada com uma ampla gama de aplicações também apoiadas por dados empíricos, que são prontamente derivados da teoria” (Judith Beck).

Em outras palavras, a terapia cognitiva tem por pressuposto um modelo de personalidade e um modelo a respeito das doenças mentais (pensamentos e comportamentos disfuncionais) que estão interligados e sustentam a prática para a mudança comportamental efetiva através de técnicas que foram comprovadas empiricamente, ou seja, através de diversos testes nas universidades, em laboratórios, clínicas e consultórios.

De modo que a terapia cognitiva vem se mostrando importante para diversos tratamentos e, o mais relevante, para pessoas de todas as idades, classes sociais, origem cultural, renda e educação.

Por exemplo, desde a época de Freud que a psicanálise é considerada uma terapia das doenças mentais mais voltada para a elite econômica, não só pelo preço das sessões, como também pela duração do tratamento, que, não raro tem duração de anos. E, além disso, tanto Freud quanto Jung perceberam desde o início a dificuldade de analisar pacientes com pouca ou nenhuma educação.

Isto não é um problema, como vimos acima, para a terapia cognitiva, que apresenta resultados para pessoas com várias formações e histórias culturais e financeiras diferentes.

Apesar dos desdobramentos em linhas de atuação, a terapia cognitiva possui uma continuidade que se manteve em todas elas, a partir do fato de que com um modelo de personalidade e um modelo a respeito das doenças mentais, o terapeuta vai utilizar de todo o seu arcabouço de técnicas e ferramentas para modificar os pensamentos e sistemas de crenças do paciente, a fim de que ele consiga mudar.

Também podemos utilizar a psicanálise como um contraponto para entendermos as características fundamentais da terapia cognitiva. Enquanto a psicanálise é uma abordagem indireta, a terapia cognitiva é uma abordagem direta ou diretiva.

Se estudarmos a fundo a história da psicanálise, veremos que no início em que Freud utilizava a hipnose, a psicanálise poderia ser chamada de uma abordagem diretiva, pois era tarefa do psicanalista dar sugestões para o paciente (em estado hipnótico) para que ele mudasse ou tomasse consciência de seus sintomas. Com o fracasso da utilização da hipnose, Freud abandona este modelo e passa a utilizar a associação livre, na qual o paciente fala “livremente”, constituindo tarefa do psicanalista interpretar determinadas passagens da fala, para provocar ressignificações ou mudanças.

Ou seja, embora muitos psicanalistas sejam completamente incompetentes ao fazer uso desta técnica, ficando apenas em silêncio o tempo todo da sessão, o psicanalista tem sim uma função ativa ao utilizar a atenção flutuante e interpretar certos significantes do paciente, porém, ele nunca terá uma postura diretiva, dizendo sobre o que o paciente deve pensar, dizer ou fazer.

A terapia cognitiva, nesse sentido, trabalha em outras bases. Não é que o terapeuta cognitivo vá dizer o que o paciente deve pensar, dizer ou fazer, como se fosse ir até o terapeuta para obter conselhos. O que o terapeuta cognitivo faz é possibilitar ao paciente encontrar de forma bastante objetiva o seu problema comportamental no presente e, junto, o pensamento disfuncional ou problemático que está dificultando, impossibilitando ou paralisando a ação que irá transformar o problema e acabar com ele.

No livro de Judith Beck, podemos ler um exemplo claro de como isto funciona na prática. Ela descreve o caso clínico de uma paciente, de 18 anos, universitária e que foi diagnosticada com depressão (episódio depressivo maior). Seu problema atual – naquela sessão – era estar precisando de um trabalho para se manter na faculdade. Com os sintomas da depressão, ela repetia um pensamento que era disfuncional: “Eu não serei capaz de lidar com um emprego”.

Como podemos imaginar, se ela mantivesse esse pensamento não só não iria procurar emprego, como não iria encontrar, nem teria como se manter. Por isso, o foco da sessão foi modificar o pensamento disfuncional através de perguntas diretas que a fizeram repensar a crença limitante. Confrontando o pensamento com a realidade atual e com o passado da paciente, a terapeuta consegue chegar ao final da sessão com a modificação deste pensamento e com a melhora na disposição para procurar e encontrar um trabalho.

No próximo texto, falaremos mais sobre a terapia cognitiva através dos 10 princípios que a sustentam.

Psicólogo Clínico e Online (CRP 06/145929), formado há 16 anos, Mestre (UFSJ) e Doutor (UFJF), Instrutor de Mindfulness pela Unifesp. Como Professor no site Psicologia MSN venho ministrando dezenas de Cursos de Psicologia, através de textos e Vídeos em HD. Faça como centenas de alunos e aprenda psicologia através de Cursos em Vídeo e Ebooks! Loja de Vídeos e Ebooks. Você pode também agendar uma Sessão Online, Terapia Cognitivo Comportamental, Problemas de Relacionamentos, Orientação Profissional e Coaching de Carreira , fazer o Programa de 8 Semanas de Mindfulness Online. E não se esqueça de se inscrever em nosso Canal no Youtube! - no TikTok -, e Instagram! Email - psicologiamsn@gmail.com - Agendar - Whatsapp (11) 9 8415-6913