Por muitas vezes, tanto os homens quanto as mulheres, tendem a justificar sua solidão por não encontrar alguém ou quando encontram relatam não conseguem viver um “amor”. Nessa inquietude da conquista, certa instabilidade gera uma busca pelo grande objeto do desejo no processo de “conquistar” que se distancia do encontro com a pessoa a ser conquistada.

Neste jogo de sedução, ao se alcançar a conquista é presente a monotonia caracterizando as relações rápidas e volúveis sem a existência do vínculo afetivo com o sentir de um “vazio” depois de expectativas frustrantes.

Na Psicologia, Jung coloca os efeitos do complexo materno que podem gerar distúrbios psíquicos, como o Don Juanismo caracterizado pela imagem da mãe como mulher perfeita, que não possui defeito e que está sempre de prontidão para atender os desejos do homem. Neste sentido, a figura materna presente e registrada na psique do homem tende a interferir cada vez  mais em suas relações e em suas paixões. Em seguida, a conquista passa ocupar um “lugar” aonde acontece esta comparação podendo ter como resultado o desaparecimento repentino da paixão que insere a ideia de uma relação vazia e desinteressante.

Diante desta experiência, a relação é interrompida por não conseguir firmar laços duradouros, devido a busca da perfeição em todas as mulheres que se aproximam, encontrando nas outras pessoas defeitos imaginários para justificar o término da relação. Por outro lado, quando houve uma relação saudável com a mãe, o fortalecimento inconsciente deste vínculo passa a ser duradouro refletindo na procura da imagem da mãe nas outras mulheres.

Outros fatores são observados no comportamento daqueles que apresentam a síndrome de Don Juan ou Don Juanismo, dentre eles temos o complexo de rejeição caracterizado também, pelo medo ou receio de estar amando. Notamos que, muitos homens apresentam dificuldades em se entregar ao amor de uma única mulher, com o receio inconsciente de abandono, e apresentam comportamentos voltados sempre no plano da conquista.

Assim, a conquista se torna algo excitante e interessante e, na medida em que se distancia da imagem da mãe, se torna frustrante e monótona. Também pode aparecer certo mal-estar ao perceber suas dificuldades no estabelecimento do vínculo e da necessidade da convivência responsável. É possível perceber esse abandono de relação como nova liberdade e desprendimento para iniciar outra conquista, onde sempre poderá estar presente o temor do envolvimento afetivo verdadeiro e a antecipação do sofrimento ao assumir um compromisso.

O Don Juanismo também se manifesta no comportamento como conseqüência do complexo de rejeição, proveniente da vivência do abandono paterno ou materno. É percebido o medo de nova decepção afetiva resultando na evitação da dor diminuindo as possibilidades do comprometimento e sentimento de amor.

A Síndrome de Don Juan causa sofrimento e a incapacidade de criar vínculos relacionais, provocados pelas vivências destes comportamentos e da sensação interna de vazio.

É possível e preciso a busca dos motivos geradores desta síndrome, através do autoconhecimento e de novas formas de relacionamentos, para que se possa encontrar a segurança e a confiança em si, facilitando a manutenção de relações mais saudáveis e duradouras.

Texto de autoria da Psicóloga Rosana Augusto. Conheça também seu site – www.rosanaaugusto.com

Psicóloga Clínica Conselheira Tutelar