Olá amigos!
Pão duro, para quem não sabe, é aquela pessoa que prefere comer o pão velho, duro, ao invés de comprar um pão novo. Não que o gosto seja pelo pão duro, o motivo é financeiro, ou seja, para economizar. É uma imagem perfeita para uma pessoa avarenta. A avareza, um dos sete pecados capitais, é uma palavra que veio para nós através do latim avaritia, e possui os seguintes significados de apego demasiado e sórdido ao dinheiro; desejo imoderado de adquirir e acumular riquezas, mesquinhez, sovinice.
Como tudo na vida, podemos falar de graus ou níveis de intensidade, indo do grau zero – um total desapego material – ao grau máximo: uma total incapacidade de se livrar dos objetos adquiridos.
Este tema é caro à psicologia pois pode representar um sintoma importante na estrutura psíquica descrita pela psicanálise: a neurose obsessiva. O vocabulário de psicanálise de Laplanche e Pontalis define a neurose obsessiva como: “Classe de neuroses definidas por Freud e que constituem um dos principais quadros da clínica psicanalítica. Na forma mais típica, o conflito psíquico exprime-se por sintomas chamados compulsivos (ideias obsedeantes, compulsão a realizar atos indesejáveis, luta contra estes pensamentos e estas tendências, ritos conjuratórios, etc) e por um modo de pensar caracterizado particularmente por ruminação mental, dúvida, escrúpulos, e que leva a inibições do pensamento e da ação”.
Isto não quer dizer que uma pessoa avarenta seja neurótica obsessiva. A ligação feita por mim, aqui, é apenas uma justificativa para o estudo desta forma de encarar a vida, que pode, em certo sentido ser risível ou conduzir à pena.
1° Forma: Como é o seu modo de pensar sobre o dinheiro?
Há um tempo atrás escrevi este texto – Psicologia e Prosperidade – sobre o que cada pessoa pode pensar sobre ter ou não ter dinheiro. Evidente que a prosperidade é mais ampla que ter grana ou não, porém, o objetivo foi mostrar alguns aspectos do que podemos chamar de psicologia do dinheiro.
No caso da avareza, da pão-durice, o pensamento central é de que haverá falta de recursos ou bens, de que é necessário se precaver, de que é preciso ter cuidado e guardar para uma emergência. Com esta desculpa, muitas e muitas pessoas acabam levando uma vida mesquinha e, como veremos, isto as afasta das demais.
Por exemplo, um pai pode ter que pagar uma pensão alimentícia. A pensão alimentícia será estipulada por um juiz e será compulsória. Muitos pais, então, serão impelidos a pagar, com o risco de irem presos. Embora o cálculo do valor mensal seja justo (levantado por critérios da justiça), é muito comum vermos pais reclamando de ter que pagar a pensão. Ora, a pensão como o próprio nome já diz é para alimentos. Nada impede que além da pensão, o pai contribua com outros aspectos do cuidado de seu filho ou filha, não é mesmo?
Este é um exemplo de como, no fundo, se trata da crença de que se a pessoa doar (para um filho!), não terá para si. Na verdade, sempre se trata de egoísmo.
2° Forma: Como se sente sobre o que tem?
Em um universo capitalista, é frequente vermos o consumo excessivo. Como diversos autores da psicologia e da psicanálise já apontaram, o capitalismo se baseia na demanda do consumidor, instigada pelo sentimento de falta, de vazio, de incompletude. O marketing sabe disso e cria campanhas para mostrar – de uma forma ou de outra – como você se sentirá melhor tendo aquele produto, não apenas pelo benefício imediato, mas pelo sentimento de ser melhor que o vizinho ou para ser mais desejável para os outros ou para ter status. Enfim, a lógica reside na falta.
Assim, a pessoa é capaz de comprar um carro de 100.000 reais (que não vale nem 25.000 fora do Brasil) para se sentir melhor e é incapaz de doar uma cesta básica por mês.
3° Forma: Como você se comporta?
Um dia a tarde, em que estava de férias, estava passando pelos canais da TV aberta e no ar estava um programa de auditório, daqueles em que o objetivo é criar um barraco entre os participantes. O tema era o mesmo deste texto e, ao final, depois de diversos depoimentos de convidados que conviviam com avarentos, a psicóloga fez uma síntese que achei brilhante: “Ao invés de economizar papel higiênico, porque você não usa esta energia para ganhar mais?”
Foi uma ressignificação perfeita para um participante que tinha o hábito de reclamar para a esposa e para os filhos sobre a quantidade de uso do papel higiênico. Ora, economizar papel higiênico não vai fazer ninguém mais rico, certo? Porque não mudar então o foco e se preocupar mais em encontrar novas fontes de renda?
Para concluir, gostaria de indicar um vídeo: O que você pensa quando vê um mendigo? e o pensamento de sabedoria de Kalil Gibran: “O dinheiro é como um instrumento de cordas; quem não o sabe usar convenientemente só fará ouvir música discordante. O dinheiro é como o amor; mata lenta e penosamente quem o retém e estimula quem o volta para seus semelhantes”.
Não sei se é bom ou ruim, mas,descobri que não sou nem um pouco pão dura.. hahah
Olá Sarah,
Me parece bom! hehehe
Também temos este texto – Quer ter mais dinheiro? Aprenda a poupar
É importante lembrar que ter uma poupança é sempre interessante e não deve ser confundido com avareza.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Eu sou preocupado com gastos e sempre proponho pensar no “amanha”; ate por q ninguem curtindo a vida deseja despedi-se dela no dia seguinte.E estando nela, irar precisar de recursos financeiro pra se manter. No entanto alimento essa tese devido a falta de dinheiro. Mas sempre gostaria de poder ter mais um pouco pra ajudar os demais no que fosse possivel.
Olá Domingos,
Muito interessante seu comentário. Me fez lembrar de uma história que ouvi, na qual a recomendação neste caso seria “doar para ter mais para doar”. Quer dizer, o medo de perder pode fazer com que a pessoa fique mais avarenta. Enquanto que ao doar e ajudar, faz com que as condições vão melhorando, até porque ao ajudar também somos ajudados.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Tenho mais de R$ 200.000 investidos no banco e ganho cerca de R$ 10.000 por mês, daqui a um ano, vou ter R$ 300.000 no banco e não consigo gastar dinheiro. Até hoje ando a pé e de ônibus. Descobri que sou extremamente avarento, mas não consigo e também não quero mudar.
Eu amo mais o dinheiro do que qualquer outra coisa. Tenho 30 anos e até hoje não me casei porque não quero despesas, já dispensei várias mulheres em minha vida e não me arrependo, já me apaixonei várias vezes, mas sempre depois me afastei delas e logo a paixão passou e as esqueci, não me arrependo.
Sinto-me um vencedor por ter me livrado de todas as amarras da vida que me fariam gastar dinheiro. Podem dizer que minha avareza é um defeito, mas sou feliz com ela e ela me livrou de muitos mal negócios por aí.
Sobre carro, já tive várias tentações em comprar um, mas quando chegava perto de fechar negócio, desistia porque, no fundo, sei que os carros não valem o preço que cobram. Nos EUA, Europa ou qualquer parte do mundo onde exista pessoas inteligentes, as montadoras vendem seus carros a preços justos pois, se não, não vendem, somente aqui no Brasil que as montadoras conseguem vender bananas a preço de ouro. Minha avareza me salvou dos péssimos negócios dos carros. Prefiro ônibus mesmo, se faltar ônibus, vou de bicicleta (agora São Paulo está cheio de ciclovias hehehe).
Parabéns pelo belo artigo.
oi, li dois textos e ainda nao sei dizer se sou economica ou avarenta.
como diferenciar o economico do avarento?
Olá Suzi!
Podemos dizer que a pessoa econômica é aquela que guarda com um objetivo e pensa bem de antes de gastar. Porém, para atingir os seus objetivos ou quando precisa, paga o que tem que pagar. Já a pessoa avarenta representa mais um tipo de personalidade, na qual não se gasta com medo de perder, de não ter ou por egoísmo mesmo.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Axo que meu pai e pao duro nao gosta de gastar isso tem cura e psicologico? Todo mundo sofre agente conversa mas parece que ele nao ouve prefere ficar doente e diz que nunca tem dinheiro para comprar remédio