Existem, na Psicologia, diversas correntes teóricas que visam compreender o desenvolvimento humano. Por exemplo, para Mussen e cols. (1995), “desenvolvimento é definido como mudanças nas estruturas físicas e neurológicas, cognitivas e comportamentais que emergem de maneira ordenada e são relativamente duradoras”.

Outra perspectiva do desenvolvimento humano é a Interacionista, a qual foi desenvolvida por Jean Piaget, epistemólogo suíço que viveu de 1896 a 1980, tendo contribuindo com diversas produções para a compreensão acerca do desenvolvimento cognitivo humano, que será discutida adiante.

O núcleo da teoria piagetiana diz respeito a uma preocupação com a gênese do conhecimento, o qual surgiria não a partir de uma perspectiva unilateral, sujeito – objeto (racionalismo) ou objeto – sujeito (empirismo), mas sim em uma interação entre este ser e o mundo em que vive. Haveria, pois, uma construção conjunta de sujeito, sendo a aprendizagem e o desenvolvimento causas e consequências deste processo.

Este interacionismo pode ser pensado a partir dos conceitos de acomodação, assimilação e equilibração, ilustrado abaixo:

 

Assimilação

         +                                  –> Adaptação

Acomodação

                   Ilustração 1: esquema simples da teoria psicogenética de Piaget

            A acomodação é a ação do objeto sobre o sujeito, quando novas demandas surgem para o sujeito se relacionar com o objeto, são impostas modificações às estruturas já existentes. Enquanto que na assimilação ha incorporação do elemento novo às estruturas já existentes no sujeito. Ambas combinadas proporcionam a equilibração, termo utilizado preferencialmente para não trazer a ideia de equilíbrio como algo estático e finalizado, que significa que o sujeito alcançou uma adaptação a uma nova situação em um dado momento. Quando surgem novas demandas, outro processo de assimilação-acomodação inicia, buscando novamente a equilibração.

            Piaget (1964) pensou o desenvolvimento como uma forma de equilibração progressiva, em que há uma passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado de maior equilíbrio.

            E este desenvolvimento humano foi pensado, por ele, em três estágios:

1) sensório motor, de 0 a 24 meses;

2) pré-operatório (por volta de 2 a 7 anos);

3) operatório, subdivido em dois, concreto (por volta de 7 a 11 anos) e formal (de 12 anos em diante).

Apesar da proposta dos estágios de Piaget trazer um viés universal destas fases, em Psicologia precisamos considerar a vivência individual em cada uma delas. Existem características pessoais que podem alterar tanto o tempo e a duração em que passaremos por elas, bem como a forma como vivenciaremos estes momentos e como isto ressoará em nossa vida adulta. Assim, a teoria generaliza e nos orienta, mas é preciso compreender a subjetividade como um dado que nos compõe enquanto seres humanos.

Referências

MUSSEN, P.H.; CONGER, J. J.; KAGAN, J. E.; HUSTON, A. C. Desenvolvimento e personalidade da criança. Ed. Harper , 3ª. ed. São Paulo, 1995.

PIAGET, J. Os seis estudos de psicologia. Editora Forense Universitária, 2ª ed. Rio de Janeiro,1987.