Relato das sessões do filme Gênio Indomável

Na primeira sessão o professor Tom e seu assistente conversam com Shaun (Terapeuta) sobre Will, dizendo que ele é esperto e é bom ficar esperto com ele. Quando Will entra sala e senta e Shaun pede para os terceiros se retirarem da sala. Mostra aí uma conduta profissional em estabelecer o vinculo com Will. Porém ao começar a sessão Will acaba sendo resistente a perguntas do terapeuta e sempre devolvendo elas no qual o terapeuta respondia, assim, aparenta uma conversa não terapêutica e sim uma conversa de senso comum.

Quando Will se levanta para olhar o quadro pintado por Shaun, começa a fazer uma análise do quadro. E diz que Vicent Van Gogh influenciou:

Will: Poderia ser você.

Shaun: Como assim?

Will: Podia estar no meio de uma enorme tempestade… o céu desabando, ondas quebrando

no seu barco, os remos partindo. Você mija nas calças, procura o porto, faz tudo para escapar. Como se tornar psicólogo.

Shaun: Acertou. Agora, deixe-me fazer meu trabalho.

Will: Ou casou com a mulher errada.

Shaun: Cuidado com o que diz. Já chega, amigo.

Will: Foi isso, não foi? Casou com a mulher errada? O que houve? Ela o deixou? Trepou com outro?

Shaun perde o controle e segura Will pelo pescoço e diz: Se desrespeitar minha mulher

de novo, acabo com você. Acabo com você. Entendeu bem? Acabou o tempo.

Segunda sessão

Na segunda sessão Shaun decide sair do setting terapeuta clinico e leva-lo num parque.

Will: O que é isso? Um momento íntimo entre amigos? Bonito. Você tem tesão por cisne? É um fetiche? Quer falar disso?

Shaun: Pensei no que disse outro dia sobre meu quadro. Passei metade da noite acordado. Até que me toquei de algo… e caí num sono profundo. E não pensei mais nisso. Sabe o que foi?

Will: Não.

Shaun: Você é só um garoto. Não sabe o que está falando.

Will: Obrigado.

Shaun: Tudo bem.

Shaun: Já saiu de Boston?

Will: Não.

Shaun: Se te perguntar sobre arte, me dirá tudo escrito sobre o tema. Michelangelo… sabe muito sobre ele: Sua obra, aspirações políticas… ele e o papa, tendências sexuais, tudo. Mas não pode falar do cheiro da Capela Sistina. Nunca esteve lá, nem olhou aquele teto lindo. Nunca o viu. Se perguntar sobre mulheres, me dará uma lista das favoritas. Já deve ter transado algumas vezes mas não sabe o que é acordar ao lado de uma mulher e se sentir realmente feliz. É um garoto sofrido. Se perguntar sobre a guerra, vai me citar Shakespeare… “Outra vez ao mar, amigos…” Mas não conhece a guerra. Nunca teve a cabeça de seu melhor amigo no colo… e viu seu último suspiro, pedindo ajuda. Se perguntar sobre o amor, citará um soneto… mas nunca olhou uma mulher e se sentiu vulnerável. Alguém que o entendesse com um olhar como se Deus tivesse posto um anjo na Terra só pra você para salvá-lo do inferno. E sem saber como ser o anjo dela como amá-la e apoiá-la pra sempre, em tudo no câncer. Não sabe o que é dormir sentado num hospital por dois meses porque só o horário de visitas não é suficiente. Não sabe nada de perda. Porque ela só ocorre quando ama algo mais que a si próprio. Duvido que já tenha amado alguém assim. Olho pra você, e não vejo um homem inteligente e confiante. Só um garoto convencido e assustado. Mas você é um gênio, é inegável. Ninguém entenderia sua complexidade. Mas acha que me conhece por um quadro e disseca minha vida. Você é órfão, não é? Acha que sei de como sofreu, como se sente, quem você é… porque li “Oliver Twist”? Você se resume a isso? Pessoalmente, estou cagando pra isso, porque… tudo que me diz eu poderia ler em livros. A menos que me conte sobre você, quem você é. Isso me fascinaria. Isso, sim. Mas não quer fazer isso, não é? Morre de medo do que poderia dizer. Você que sabe.

Terceira sessão

Na terceira sessão: Ficaram em silencio a sessão toda.

Ao sairem da sala, o terapeuta conversa com o professor, que diz:

_ “Vocês ficaram lá dentro quase uma hora, e não falaram nada?”

_ “Não!”

_ “Porque ele não disse nada?”

_ “Para mostrar que não precisa falar se não quiser.”

_ “Qual é!? Está brincando de ‘sério’ com seu vizinho?”

_ “Quase isso. E eu não posso falar primeiro.”

Quarta sessão

Na quarta sessão: Ficaram em silencio quase a sessão toda e Will decide contar uma história:

Uma vez, eu estava sentado num avião e o piloto anunciou “Voaremos a 35 mil pés” etc.,

e esqueceu o microfone ligado. Aí ele fala para o co-piloto “Tudo que eu queria agora

era uma chupeta e um café”. A comissária corre pra avisar que o microfone está aberto…

e um passageiro no fundo diz: “Não esquece o café”.

Shaun: Já esteve num avião?

Will: Não, é uma piada. Fica melhor na primeira pessoa.

Shaun: É verdade.

Já fiz sexo, sabe.

Shaun: É mesmo? Que bom.

– Muitas vezes.

Shaun: Muitas vezes?

– Tive um encontro outro dia.

Shaun: Como foi?

– Bom.

Shaun: Vai vê-la de novo?

– Não sei.

Shaun: Por que não?

– Não liguei mais pra ela.

Shaun: Que amador você é.

– Sei o que faço.

Não se preocupe. Sei o que estou fazendo. Mas ela é linda, inteligente, divertida e diferente das outras.

Shaun: – Então ligue pra ela, Romeu.

Por quê? Pra descobrir que não é tão inteligente, que é chata? Ela é perfeita agora. Eu não estragaria isso.

Shaun: Talvez esteja perfeito pra você e não queira estragar isso. Isso é super filosofia. Assim, poderia viver a vida toda sem se relacionar com ninguém. Minha mulher peidava ao ficar nervosa. Idiossincrasias, peidava dormindo. Desculpe por falar nisso. Uma noite, até acordou o cachorro. Ela acordou e disse: “Foi você?” E eu: “Foi”. Não pude contar.

Will: Ela mesma se acordou?

Shaun: Deus! Faz dois anos que ela morreu, é disso que me lembro. Coisas maravilhosas e bobas como essa. É disso que sinto mais falta. As pequenas idiossincrasias que só eu conhecia. Era o que a fazia minha mulher. Ela sabia tudo de mim também todos meus pecadilhos. Chamam isso de imperfeições mas não são. São as coisas boas. Nós escolhemos quem deixamos entrar em nossa vida.

Você não é perfeito, amigo. E quer saber mais? Nem essa garota que conheceu.

A questão é se são perfeitos um para o outro. Esse é o segredo. Isto é intimidade. Pode saber muita coisa, mas só vai descobrir tentando. Não vai aprender com um velho como eu. Mesmo que soubesse, não diria a você. Por que não? Já disse todo o resto, ora!

Will: Você fala mais que todos os outros analistas.

Shaun: Eu ensino, mas não disse que sabia fazer.

Will: Pensa em casar de novo?

Shaun: Minha mulher morreu.

Will: Por isso, eu disse “de novo”.

Shaun: Ela morreu.

Will: É uma super filosofia. Assim, poderia viver a vida toda sem se relacionar com ninguém.

Shaun: Acabou o tempo.

 Quinta sessão

Will: Li seu livro ontem.

Shaun: Então foi você.

Will: Ainda atende veteranos?

Shaun: Não.

Will: Por que não?

Shaun: Desde que minha mulher adoeceu.

Will: Já se perguntou como seria sua vida se não a tivesse conhecido?

Shaun: Se seria melhor sem ela?

Will: Não quis dizer isso.

Shaun: Tudo bem.

Shaun: É uma pergunta importante. As crises nos acordam para as coisas boas que não percebemos.

Will: Alguma vez se arrependeu?

Shaun: Pela dor que sinto agora?

Shaun: Me arrependo de muita coisa, mas de nenhum dia ao lado dela.

Will: Quando descobriu que era a mulher da sua vida?

Shaun: Em 21 de outubro de 1975.

Will: Lembra do dia exato?

Shaun: Era o sexto jogo do campeonato, o maior da história dos Red Sox. Eu e meus amigos dormimos na fila para comprar entradas.

Will: E conseguiu?

Shaun: No dia, estávamos num bar… esperando a hora do jogo, e ela entrou. Um jogo incrível. No oitavo tempo, Carbo empata, 6 a 6. Foi a12. No fim do 12°,era a vez de Carlton Fisk, Pudge. Ele se prepara com aquela pose engraçada. E rebate. “Uma bola alta por cima da lateral esquerda!” 35 mil pessoas de pé gritando para a bola. Fisk acena pra ela, como louco: “Sai, sai!” E ela acerta a trave! Ele vai à loucura… e 35 mil fãs invadem o gramado. – Ele dispara! – “Saiam da frente!”

Will: E você tinha entrada! Invadiu o campo?

Shaun: Não, eu não estava lá.

Will: Como?

Shaun: Estava com minha futura esposa.

Will: Perdeu essa jogada… …por uma desconhecida?

Shaun: Devia tê-la visto. Era demais!

Will: E daí?

Shaun: Ela iluminava o lugar.

Will: Podia ser Helena de Tróia! O sexto jogo!

– Como seus amigos deixaram?

Shaun: Não tiveram escolha.

Will: O que você disse?

Shaun: Dei-Ihes a entrada e disse… “Desculpem, mas tenho de ver uma garota”.

Will: Disse: “Tenho de ver uma garota”?

Will: E eles deixaram?

Shaun: Viram que era sério.

Will: Está me gozando?

Shaun: Não estou. Por isso, não estamos falando de uma garota com quem me arrependo de não ter falado. Não me arrependo dos 18 anos casados com Nancy nem dos 6 anos sem clinicar, quando ela adoeceu. Nem do último, quando piorou. Nem de ter perdido aquele jogo. Isso é arrependimento.

(Pausa)

Will: Teria sido legal ver o jogo.

Shaun: Não sabia o que Pudge faria.

Sexta sessão

Will conta sobre a sua proposta de emprego para trabalhar com o governo, mas não aceita.

Will: Uma pergunta difícil, mas tentarei responder. Digamos que me deem um código que ninguém conseguiu decifrar. Eu tento, consigo e fico feliz por ter feito um bom trabalho.

Mas é a localização de rebeldes na África ou no Oriente Médio e a posição deles é bombardeada. 1.500 pessoas que nunca vi morrem. Os políticos dizem: “Mandem os fuzileiros”. Não estão nem aí não é o filho deles mesmo. Eles nem serviram… pois eram da Guarda Nacional. Será um garoto de Southie tomando estilhaços na bunda. Ele volta… e a fábrica onde trabalhava mudou para o tal país e o cara que o feriu agora ganha 15 centavos sem folgas. E ele descobre que só foi pra lá fazer com que o governo vendesse óleo a um preço justo. As companhias de petróleo usam a crise pra aumentar o preço do combustível um belo ganho pra eles, mas que não ajuda meu amigo. Não há pressa em trazer o óleo, e o marinheiro alcoólatra toma umas e brinca no meio dos icebergs. Ele bate em um, o óleo vaza e polui todo o Atlântico Norte. Meu amigo desempregado vai a pé procurar emprego sofrendo porque os estilhaços deram hemorroidas. E morre de fome, porque os restaurantes só servem filhote de bacalhau com óleo lubrificante. O que acho? Vou esperar aparecer algo melhor. Enquanto isso, por que não mato meu amigo… e emprego o inimigo, aumento a gasolina, jogo uma bomba mato uma foca, fumo haxixe e entro para a Guarda Nacional? Podia virar presidente.

Shaun: Você se sente sozinho?

Will: Como?

Shaun: Tem uma alma gêmea?

Will: Defina isso.

Shaun: Alguém que o desafie.

Will: Chuckie.

Shaun: Ele é família. Se deixaria atropelar por você.

Shaun: Falo de alguém que entenda a vida, que toque sua alma.

Will: Tenho…

Shaun: Quem?

Will: Tenho vários.

Shaun: Cite.

Will: Shakespeare, Nietzsche, Frost,

O’Connor, Kant, Pope, Locke…

Shaun: Bom, todos mortos.

Will: Não para mim.

Shaun: Não dialoga com eles. Não pode interagir com eles.- Não sem um ressuscitador.

É disso que estou falando.Nunca se relacionará se tiver medo do primeiro passo, pois sempre encara o futuro de modo negativo.

Will: Está do lado do professor?

Shaun: Não comece.

Will: Eu não queria o emprego.

Shaun: Não falo do emprego. Você pode fazer o que quiser, não tem limitações. O que desperta seu interesse? O que você quer? Pedreiros trabalham a vida toda para dar aos filhos a chance que você tem.

Will: Não pedi nada.

Shaun: Nasceu com isso. Não se omita.

Will: Omitir? Algo errado em ser pedreiro?

Shaun: Nada.

Will: Nada. Estou construindo algo.

Shaun: Sim. Meu pai era pedreiro. Se matou pra me dar educação.

Will: É uma profissão honrada.

Will: Qual é o problema em consertar carros? Estaria ajudando alguém.

Shaun: É honrado.

Will: Claro que é.

Shaun: É honrado viajar 40 minutos de trem para que os estudantes tenham o chão e as lixeiras limpos. Isso é trabalho.

Will: Isso mesmo.

Shaun: E é honrado. Foi por isso que pegou o emprego, pela honra. Só uma pergunta. Você podia ser servente em qualquer lugar. Por que na universidade de maior prestígio do mundo? Por que provar fórmulas que só uma ou duas pessoas poderiam e depois negar? Não vejo muita honra nisso.

Shaun: O que você realmente quer?

Will: Quero ser pastor.

Shaun: Mesmo?

Will: Ir pra Nashua, ter uma terra e cuidar de ovelhas.

Shaun: Faça isso.

Will: O quê?

Shaun: Se quer se masturbar, vá fazer isso em casa.

Will: Está me expulsando?

Shaun: Caia fora.

Will: O tempo não acabou. Não vou sair!

Shaun: Está desperdiçando meu tempo.

Will: Achei que fôssemos amigos.

Shaun: Chega de brincadeira.

Will: Por que está me pondo pra fora?

Shaun: Quer me passar sermão sobre a vida, seu derrotado de merda?

Will: O que te interessa?

Shaun: Trabalhar com você.

Will: Quer falar de alma gêmea? Cadê a sua?

Shaun: Morreu.

Will: Exato. Ela morreu. Você desiste e vai embora?

Shaun: Ao menos, joguei uma rodada.

Will: Jogou. E perdeu feio.

Tem gente que perde uma mas tem coragem de continuar.

Shaun: Olhe pra mim.

Will: O que quer fazer?

Shaun: Você e suas besteiras. Fala besteira para todos. Faço uma pergunta simples, e não dá uma resposta porque você não sabe. Até mais, pastor.

Sétima sessão

Will chega atrasado e acaba vendo a discussão entre o professor e o terapeuta.

Shaun: Há muita coisa antiga entre mim e ele. Não é com você.

Will: O que é isso?

Shaun: Sua pasta. Tenho de dar ao juiz uma avaliação.

Não vai me reprovar, vai? O que diz aí?

Shaun: Quer ler?

– Por quê?

– Já teve experiência com isso?

Shaun: 20 anos atendendo já vi muita merda.

– Quis dizer se já teve experiência com isso?

Shaun: Pessoalmente? Tive. Não é muito bom. Meu pai era alcoólatra, um bêbado violento. Um dia ele se envolveu com um problema com alguém e deixou a gente, eu fiquei com minha mãe e meu irmão. Interessante que ela continuou a usar a aliança.

Will: Eu lembro quando ele chegava sentava a mesa tirava os sapatos.

Shaun: E você resolveu fazer alguma coisa pra ele?

Will: Para que fosse arranjado.

Shaun: Arranjado para que?

Will: Para acabar com ele só isso.

Shaun: Seu pai é adotivo?

Will: É. Então como vai ser Will tem distúrbio de vínculo? Medo do abandono? Por isso…

…terminei com Skylar?

– Eu não sabia.

– Foi isso.

Shaun: Quer falar disso? Não sei grande coisa…mas vê isso? É tudo uma merda.

Tudo isso aqui não é sua culpa.

Eu sei.

Olhe pra mim, filho.

Shaun: A culpa não é sua. (Várias vezes, até ele começar a chorar) Shaun dá continência e abraça Will enquanto chora.

Oitava sessão

Shaun: Qual escolheu?

Will: O da McNeil. Um dos que o professor arranjou. Ainda não contei a ele mas fui lá e falei com meu novo chefe. Pareceu um cara legal.

Shaun: É isso que quer?

Will: Acho que sim.

Shaun: Que bom. Parabéns.

Will: Obrigado.

Shaun: Acabou o tempo.

Will: Então é tudo? Encerramos?

Shaun: É tudo. Acabamos. É um homem livre.

Will: Só queria dizer que…

Shaun: De nada.

Will: Espero que a gente ainda se fale.

Shaun: Eu também. Vou viajar, mas checarei as mensagens na secretária eletrônica na faculdade. Tome. Ligue, e retorno em seguida. Decidi apostar outra vez e tentar novas cartas. Siga seu coração, e tudo ficará bem.

Will: Obrigado, Sean.

Shaun: Obrigado, Will.

Eles se abraçam.

Will: Isso é proibido na relação médico-paciente?

Shaun: Só se pegar na minha bunda.

Cuide-se.

Will: Você também.

Shaun: Boa sorte, filho.

Análise do Gênio Indomável na visão da Psicoterapia Breve de Fiorini

Na primeira sessão foi possível identificar o núcleo de conflito do terapeuta em relação a sua esposa, acaba, portanto contratransferindo. Mas podemos sugerir a hipótese nessa primeira sessão que o quadro no Will fala a respeito de Shaun, na verdade seria uma projeção dele mesmo. Referindo ao sua angústia de não saber o que quer e nem para onde ir. Tendo um referencial do conflito de base de Will relacionado ao abandono.

Segunda sessão Shaun reflete sobre sua contratransferência e decide conversar com Will fora do setting terapêutico com o objetivo de dizer o que realmente pensa sobre Will, ativando assim suas funções egoicas como terapeuta e de Will como paciente. Permitindo assim uma modificação no comportamento de Will, sobre sua vida.

Na terceira sessão Shaun percebe que Will não se envolve nos relacionamentos e por isso focaliza no tema, abrindo campo para entender melhor a dinâmica de Will. E começa a dizer sobre sua vida pessoal para Will. Aqui discordamos da intenção do terapeuta poderia ter dado exemplo de outra pessoa, não se referindo a ele mesmo, pois acaba perdendo a postura terapêutica adequada. Tanto que após ele dizer que Will tem a filosofia de não relacionar com você, no final da sessão volta para o terapeuta o mesmo discurso pelo fato de não se relacionar com outra mulher após a morte de sua esposa.

Quarta sessão é possível ver que o foco se estabelece novamente em relacionamento amoroso, pelo qual Shaun fala de como foi seu primeiro encontro em que preferiu ficar com a mulher ao invés de assistir o jogo com os amigos. Após ele dizer isso, Will pergunta o que os amigos disseram, e Shaun responde que eles entenderam, Will em sua realidade jamais poderia ter uma atitudes dessas.

Já na quinta sessão. Will começa com um longo discurso da entrevista de emprego que teve com o governo, criticando o fato de governo, políticos, fazerem coisas para beneficio próprio e prejudicando quem eles quiserem sem se importarem por isso. Após o discurso Shaun pergunta se ele se sente sozinho, e pergunta quem são os amigos, e sua alma gêmea e critica o fato de Will ser inteligente e viver como servente. E Will responde que gostaria ser pastor, e Shaun acaba encerrando a sessão por sua brincadeira.

Na penúltima sessão Will chega atrasado, e o Shaun fala que precisa escrever uma relatório dele para juiz e fala sobre o pai alcoolista que teve, Will também comenta do pai adotivo que teve. Ao começar a fazer perguntas sobre o pai Will desvia o assunto perguntado sobre o que tinha na ficha, “tem distúrbio de vínculo? Medo do abandono? Por isso que terminei com a Skylar?” E Shaun, diz que a culpa não é dele, fica repetindo várias vezes, até atingir seu sentimento de culpa e acaba por chorar e abraçar o terapeuta.

Nas funções egoicas por parte do paciente Will, é importante destacar e analisar. a) Funções egoicas básicas: Podemos dizer que Will tem um medo de ser abandonado seja por amigos, ou por sua namorada. B) nas funções defensivas, ele neutraliza suas ansiedades através da negação de sua inteligência e responsabilidade, evitando assim ser uma gênio de matemática, funcionário do governo, . c) Nas funções integradoras Will demonstra que tem que se reorganizar suas relações com o mundo, tendo que mudar seus hábitos, emprego e atitudades. Nesse ponto é nítido observar o quanto o terapeuta Shaun deu suporte para que fortalece o ego.

REFERENCIAS:

FIORINI, Hector. Teoria e técnica de psicoterapias. Ed. Martins Fontes, 2004

Psicólogo Clínico e Organizacional (CRP 06/119079), Abordagem Junguiana. Atendimento Online e Presencial (Itapeva-SP).