A fim de ampliar a proposta inicial de Perls, Hefferline e Goodman (1951/1997) apresentada no livro Gestalt-terapia, o casal Polster & Polster escreveu um capítulo do livro Gestalt-terapia integrada sobre as fronteiras de contato.

            No capítulo 5, iniciam falando como compreendem o contato para a Gestalt-terapia (GT), afirmando que “é apenas pela função de contato que a percepção de nossas identidades pode se desenvolver plenamente” (p. 112) e que “a vida requer contato em todos os momentos e de muitas formas” (p. 113). Após isso trazem a descrição clássica do Gestalt-terapia de PHG:

“Basicamente, o contato é a consciêndia “de” e o comportamento ‘para” com as novidades assimiláveis, e a rejeição das novidades não assimiláveis. O que é difuso, sempre igual, ou indiferente não é um objeto de contato” (PHG, 1951/1997).

            O casal amplia ainda a compreensão de fronteira ao chamá-la de “fronteira do eu” sendo estas fronteiras “determinadas por toda a amplitude de experiências na vida e por suas capacidades internas (do ser humano) de assimilar a experiência nova ou intensificada” (p. 120). Didaticamente, dividiram a fronteira do eu em 5 outras fronteiras: fronteiras do corpo; fronteiras de valor; fronteiras de familiaridade; fronteiras expressivas; e fronteiras de exposição.

            Vale destacar que a proposta de compreensão das fronteiras em cinco não significa que elas estejam em “lugares” diferentes, mas sim que são formas específicas de compreender a fronteira de contato, ampliando e integrando o conhecimento proposto por PHG.

            Na sessão sobre fronteiras do corpo (p. 127), o casal é bem objetivo e traz exemplos de como compreendem essa fronteira, citam o caso de um homem que se dizia impotente, e não contatava partes abaixo do seu pescoço. De forma bem geral, essa fronteira diz respeito ao corpo físico, algumas partes de nossos corpos são nossas “favoritas” (p. 127), assim temos maior ou menor consciência destas.

            Quanto às fronteiras de valor (p. 129), citam o caso de um rapaz de dezesseis anos que possuía fronteiras de valores muito rígidas que estavam atrapalhando no seu desempenho escolar. Discorrem sobre a importância da ampliação dessas fronteiras de valores a fim de que seja possível ter uma vida mais flexível.

            As fronteiras de familiaridade (p. 130) falam sobre o que nos é comum e o que nos é estranho. Cita o caso de pessoas que limitaram-se, cristalizando-se num “eu-sou-como-sempre-fui-e-como-sempre-serei” (p. 131). O casal afirma que é importante ter esse conhecimento do que é familiar, uma vez que “o senso de estar privado de tudo o que é familiar é um vácuo que ameaça sugar tudo dentro do seu alcance”, contudo ressaltam a importância de permitir-se ir ao contato, buscar o novo.

            No que compete às fronteiras expressivas (p. 132), Polster & Polster falam sobre as formas como nos expressamos no mundo. Afirmam que desde o começo da vida as pessoas são reprimidas, introjetam vários “nãos” e que com o passar dos anos, vão se expressando de uma forma menos fluída. Citam dois exemplos para clarificar suas ideias, em um deles falam sobre uma mulher de 21 anos que, por conta da profissão de modelo, acabou mantendo a voz e a aparência de uma adolescente, sem se desenvolver como uma adulta.

            A quinta e última fronteira, é a fronteira de exposição (p. 134), discutindo sobre as formas como as pessoas se expõem ou temem se expor. Durante a sessão os autores destacam os ganhos da psicoterapia por garantir um sigilo diante do que é exposto no processo psicoterapêutico. Trazem como exemplo a história de Irene, que começa a narrar uma experiência de forma fantasiosa, a fim de evitar exposição, porém ao final do relato aceita a realidade e chora ao narrar os fatos vividos.

            Finalizando, Polster & Polster destacam que “existe uma inter-relação considerável entre as diversas formas de fronteiras do eu” (p.134), deixando claro que não estão separando fronteiras, mas ampliando a compreensão acerca destas.

Referências

 PERLS, F.; HEFFERLINE, R.; GOODMAN. P. Gestalt-Terapia. 2. ed. São Paulo: Summus, 1997. (Obra original publicada em 1951)

 POLSTER, E. & POLSTER, M. Gestalt-terapia integrada. São Paulo: Summus. 2001. (Obra original publicada em 1973)

Outras informações: Visite o site do Grupo de Estudos em Gestalt-Terapia (GEGT/Belém) – www.gegtbelem.com.br