Muitas pessoas se interessam pelos conhecimentos da psicologia e vejo todos os dias que muita gente gostaria de fazer a faculdade de psicologia. Neste texto, vou falar sobre os motivos para se fazer e para não se fazer a faculdade, inclusive o que me levou a passar 4 anos e meio em São João del-Rey, na UFSJ, como estudante do curso.

É muito comum nas primeiras aulas da faculdade os professores perguntarem aos calouros o porque de terem escolhido ingressar para aquela disciplina ao invés de ter escolhido entre outras centenas de oportunidades. No caso da psicologia, é frequente vermos respostas como:

“- Eu adoro ouvir meus amigos e dar conselhos”.

“- Sou um bom ouvinte (ou uma boa ouvinte)”.

“- Gosto de ajudar os outros e na psicologia vou poder ter conhecimentos para ajudar de forma profissional”.

-“Quero me conhecer e vejo nesta faculdade a oportunidade de me conhecer melhor”.

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Todas estas respostas são válidas, mas na minha opinião podem trazer consequências negativas. Por exemplo, a última resposta é estranha. Se a pessoa quer se conhecer, não é melhor – e mais barato e rápido – fazer terapia do que ficar 5 anos estudando teorias e práticas psicológicas?

Claro que todos nós somos livres para escolher e os motivos de cada um são particulares e individuais. No meu caso, sempre gostei de estudar e ainda mais de estudar matérias como história, filosofia, literatura e, com o tempo, comecei a ler livros de autores como Freud e Jung. Embora as divisões das ciências sejam até certo ponto arbitrárias – é sempre importante lembrar sobre a necessidade da interdisciplinaridade – eu fiquei confuso na época do vestibular porque queria cursar todas as faculdades de humanas. Fazendo uma seleção mais apurada vi que realmente o melhor curso para mim era a psicologia.

Sempre fui mais introvertido do que extrovertido e isto responde também uma dúvida que já recebi. O profissional da psicologia precisa ser extrovertido e falar muito? Não, não precisa. O que um profissional precisa é encontrar o seu ergon, sua missão de vida, seu caminho, no sentido que os antigos davam à vocação, o que eu sou chamado a fazer nesta vida.

Quando se tem 17, 18 anos descobrir este “chamado” nem sempre é algo simples ou fácil, porém é necessário buscar mais informações e é por isto que escrevo este texto. Espero poder contribuir para ajudar quem quer ou tem interesse na faculdade mas não sabe muito bem se seria a melhor escolha. Então vamos lá:

Se você quer fazer psicologia para se conhecer, talvez seja melhor repensar. Procure um psicólogo ou psicóloga clínica e faça terapia ou Orientação Profissional.

Se você tem muitos amigos e todos adoram contar seus problemas para ti, fazer a faculdade para trabalhar com clínica pode ser uma boa opção sim. Caso você não tenha muitos recursos financeiros ou uma faculdade de psicologia próxima, uma outra opção é fazer cursos de terapia. Existem vários cursos disponíveis no mercado, como terapia corporal, holística, transpessoal, medicina oriental, homeopatia, etc.

A profissão de terapeuta (ver CBO 3221 do Ministério do Trabalho) é diferente da profissão de psicólogo clínico. Sendo que quem é terapeuta não tem que prestar contas para o Conselho Federal de Psicologia. Desde que a pessoa se atualize e faça Cursos menores que sejam renomados, pode vir a ser um excelente profissional – e, para ficar claro – pode ser psicoterapeuta sem ser psicólogo ou psicóloga.

Mas é importante notar que é preciso estudar bastante e indicar um profissional mais capacitado em casos de transtornos mentais mais sérios ou que precisem de psicoterapia, análise ou farmacologia.

Conheça também – Curso de Psicoterapia

Outra ideia é fazer um curso de psicanálise e ser psicanalista ao invés de ser psicólogo ou psicoterapeuta, a pessoa será psicanalista e, do mesmo modo, poderá atender pacientes em seu consultório particular.

Curso de Psicanálise

Na verdade, existe muita controvérsia sobre como ser um psicanalista, já que não existe uma faculdade de psicanálise. Falo mais neste texto aqui – Psicologia ou Psicanálise

É importante ressaltar que a profissão do psicólogo é extremamente ampla e não se resume apenas a ter um consultório. Podemos trabalhar em diversos locais, alguns ligados diretamente à área da saúde como hospitais, clínicas de recuperação, mas podemos ter também trabalhos relacionados com a educação (e mais perto nesse sentido da pedagogia) ou então trabalhar em empresas ou industrias (mais perto da faculdade de administração).

Poucas pessoas entram na faculdade de psicologia tendo por objetivo trabalhar com empresas. Na minha experiência é algo raro, mas acontece. Normalmente quem tem interesse de trabalhar nesta área, geralmente vai para os cursos de Administração ou Economia e, mais recentemente, para tecnólogo em Recursos Humanos. A grande – e única diferença – é que o psicólogo pode aplicar testes psicológicos enquanto um administrador ou outro profissional não pode.

Quando me formei na faculdade, em 2006, trabalhei com Recursos Humanos fazendo processos seletivos para pequenas, médias e grandes empresas. Embora seja um trabalho muito bom e que nos ensina muito sobre avaliação psicológica senti que não era o campo que gostaria de investir minha carreira. Imediatamente então reabri meu consultório e desde lá trabalho como psicólogo clínico e online.

É comum as pessoas associarem o psicólogo com o psicólogo clínico pois esta é a imagem que vemos em filmes, novelas e séries. Mas antes de se decidir por cursar – ou não cursar – a faculdade de psicologia faz-se necessário coletar o máximo possível de informações e, já com todos os dados em mãos, avaliar se aquela pode ser a melhor escolha entre todas as possibilidades que temos.

Atenção! Amigos, existem mais de 1.000 (mil!) comentários abaixo. Adoro responder a todos, mas em muitos tenho que repetir o que já disse. Portanto, leia também os comentários dos outros leitores, ok? Pois provavelmente a sua dúvida será muito semelhante aos dos demais.

E, em especial, leiam as 10 dúvidas mais comuns e as minhas respostas sobre a faculdade de psicologia e a carreira

Atenciosamente,

Felipe de Souza