A automutilação ou cutting, para a maior parte das pessoas, é algo difícil de entender. Porque alguém iria machucar a si mesmo? Em uma das primeiras vezes que encontrei uma criança que se machucava, eu observei um garoto batendo a cabeça contra o chão de concreto. Seus cuidadores imediatamente intervieram e o fizeram parar mas com apenas uma batida ele havia aberto um grande corte e estava sangrando muito.
O instinto das pessoas ao redor é o de proteger a criança e prevenir o pior mas será isto o melhor a longo prazo? Lovaas e Simmons (1969) discutiram um caso em que uma criança com autismo se machucava e notaram que a criança tinha este comportamento mais frequentemente quando ela recebia atenção logo após se machucar. Eles defenderam então a tese de que o comportamento de se machucar (ou automutilar) era mantido pelas coisas que as pessoas faziam para ele após ele emitir este comportamento. A solução, ao menos no início do tratamento, foi dar a ele acesso à atenção de um adulto e o resultado foi que o comportamento de se automutilar diminuiu.
Outro pioneiro no desenvolvimento de um tratamento foi Ted Carr (Carr, 1977). Foi ao redor desta data que os analistas do comportamento começaram a dizer que o problema comportamental na auto-mutilação era um problema de comunicação.
Em alguns casos parecia que o problema estava relacionado com a necessidade de mais atenção ou a fuga de alguma atividade desagradável. Também foi sugerido que algumas vezes a auto-mutilação poderia estar relacionada com as consequências sensórias produzidas pelo comportamento. Isto é, a pessoa poderia gostar da sensação ou talvez atenuar a dor que a pessoa estava experenciando. Apesar do fato de que uma série de hipóteses sobre os casos começaram a aparecer, uma coisa estava começando a ficar clara: a automutilação de pessoas diferentes possuíam causas diferentes. Ou seja, cada pessoa tinha um motivo diferente dos demais para se auto-mutilar.
Brian Iwata e seus colegas (1982/1994), no Instituto Kennedy Krieger Institute em Johns Hopkins, revolucionaram o tratamento da automutilação ao desenvolver um procedimento de avaliação, chamado de análise funcional, que ajudaram os psicólogos clínicos a identificar a causa da auto-mutilação. Eles confirmaram, de forma sistemática, era diferente para diferentes indivíduos. 95% das vezes uma causa específica pode ser encontrada. Os resultados da análise funcional com 150 pessoas demonstraram:
40% dos casos analisados – a causa tinha relação com a fuga de estímulos aversivos
26% dos casos analisados – a causa tinha relação com a atenção obtida
26% dos casos analisados – a causa tinha relação com as sensações provocadas pelo próprio ato
Mais de uma causa foi identificada em 5 % dos casos. Os outros casos não puderam ser interpretados. Com os anos, foram feitos cerca de 200 estudos das causas funcionais da auto-mutilação.
Existem duas implicações da pesquisa de Brian Iwata. Primeiro e mais improtante, identificar a causa funcional da auto-mutilação indica que uma outra resposta, um outro comportamento que produza a mesma consequência pode ser um tratamento eficaz. Na metade da década de 1980 e após, o foco do tratamento foi em desenvolver técnicas de treinamento para a comunicação. Muitos estudos indicaram que ao aprender outras formas de expressar, de comunicar os seus sentimentos, fez com que as pessoas que se automutilavam parassem com este comportamento. Alguns estudos mostraram que era possível produzir mudanças sem impor qualquer modificação no comportamento das pessoas que estavam ao redor do paciente com este sintoma. Mas outros estudos indicaram que a mudança das pessoas ao redor também poderia ser indicada.
O mais importante a ser observado é necessidade de uma análise atenta das causas funcionais do comportamento de se automutilar, ou seja, por qual motivo, porque a pessoa tem este comportamento? Como foi relatado acima, existem várias causas possíveis. Pesquisas posteriores mostraram que, comportamentos como birras e agressividade também possuíam causas variadas.
Com os anos foram desenvolvidas formas e técnicas menos intrusivas que mostraram ser muito mais eficazes para a o tratamento da auto-mutilação. Isto se deve à capacidade dos psicólogos clínicos de entenderam as causas reais do problema, bem como o entendimento por por parte do paciente de que ele poderia obter o que desejava com o comportamento de se auto-mutilar sem ter que se auto-mutilar. Em outras palavras, é possível conseguir atenção, sensações corporais de alívio, fugir de coisas aversivas ou desagradáveis sem ter que partir para a auto-mutilação.
Texto Original – Self-Harm or a Request For Help? Behavior analysts consider problem behavior to be communicative
Published on January 27, 2010 by Bill Ahearn, Ph.D., BCBA-D in A Radical Behaviorist
Tradução – Felipe de Souza
Boa noite Felipe,
Estávamos a dois dias desesperados pois nosso filho Felipe Souza junto com outros 5 colegas na classe cortaram seus braços com a lâmina de uma apontador de lápis e hoje o levamos a um psiquiatra infantil para entendermos o que está ocorrendo. Confesso que foi chocante saber que ele de 11 anos além de fazer isto consigo, incitou os demais a fazerem também. Como sabemos que em apenas 1 consulta não seria seria possível entender o porque dos motivos, ele vai iniciar um acompanhamento médico.
Ler esta matéria foi de grande valia para nós.
Olá Marcelo,
Sim, entendo a vossa preocupação. É realmente necessário dar a ele um acompanhamento. Fazer terapia com um profissional da psicologia é altamente indicado. Este tipo de comportamento aparece quando algo não está bem. E o psicólogo ou psicóloga vai conseguir identificar o problema e ajudá-lo a entender e a superá-lo. Outra causa possível é a internet. Muitos adolescentes fazem o mesmo, então acaba sendo para alguns, apenas uma imitação. De todo modo, procure sim ajuda. Na maior parte das vezes, o comportamento desaparece por completo.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Meu neto de um ano e nove meses primeiro tenta bater no avô ou avó, como não deixamos ele começa bater na sua cabeça ou bater a cabeça no chão. O que fazer com a criança nessa idade?
Olá Irene,
Procure um médico ou um psicólogo em sua cidade imediatamente para avaliar esta questão, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Felipe! Sou psicóloga e gostaria de saber em qual quadro do CID 10 vc classificaria o cutting? Obrigada.
Olá Thelma,
Enquadra-se no CID X84.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa Noite,a uma hora atras olhei para o braço da minha filha de 12 anos e vi muitos cortes,estou ainda em estado de choque,perguntei por que ela fez isso,e ela me respondeu que ficou triste por que presenciou uma discurçao minha com seu pai,mas nao teve gritos,foi mais um desentedimento esou apavorada oque devo fazer?obrigado
Olá Cassia,
Seria muito bom se você puder buscar a ajuda de um profissional da psicologia em sua cidade, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Felipe.
O que fazer para tentar convencer uma pessoa que pratica a automutilação a procurar tratamento ? Uma conhecida esta sofrendo deste problema e insiste em dizer que “nada nem ninguém” pode ajuda lá, apenas os cortes, pois “aliviam a dor”.
Até que ponto posso chegar sobre o assunto para tentar ajuda lá?
Obrigado.
Olá Felipe!
Este é um ponto sempre complicado.
A melhor forma seria conseguir levar a pessoa a fazer terapia com um profissional da psicologia, mostrando que há um sofrimento que pode ser tratado.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
a minha neta tem 7 anos;é inteligente, muito alegre e comunicativa, aparentemente feliz;de há algum tempo para cá,começou a arrancar as crostas de pequenas feridas e borbulhas, causando feridas e marcas no corpo; estamos preocupados;poderá ser o sintoma de algum transtorno emocional ou psicológico? Há casos de doença bipolar na família…
Obrigada pela ajuda
Olá Maria Regina,
Em princípio, não.
Mas é importante ter atenção no comportamento para ver em detalhes o que pode acontecer, ok?
Se notarem algum tipo de comportamento que a prejudique, vocês podem explicar para ela o que deve ser feito e o que não deve ser feito.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá, eu sou estudante de psicologia e preciso fazer um trabalho urgente… Gostaria que ele fosse sobre automutilação, você pode me sugerir um livro que fale do assunto??
Olá Alissandra,
Infelizmente não conheco bibliografia desta área para lhe indicar, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Bom dia!!! Minha filha sempre foi muito alegre, divertida, sarrista e saudável!!! Ela tem 13 anos….Do nada eu fiquei sabendo que ela se cortava e ficamos em choque total. Ela diz que não consegue evitar o desejo de se cortar. Foi criada em um ambiente de muito amor e carinho
Não sei o q fazer! Um psicólogo chegou s me dizer q ela tem uma tristeza profunda
Olá Michel, tudo bem?
Existe uma compreensão de que este tipo de comportamento está relacionado com a influência das novas mídias (especialmente a internet e as redes sociais como o tumblr). Mas a questão não é achar um culpado externo. No fundo, se trata de um tipo de sofrimento e de uma forma de lidar com ele. Por isso, o ideal é levá-la para fazer terapia com um psicólogo ou psicóloga de confiança.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa noite, sou estudante de psicologia e queria saber a relação da automutilação com pacientes com transtorno bipolar de bonderline, já que não consigo entender esse transtorno.
Olá Vanessa,
Veja aqui – https://psicologiamsn20220322.mystagingwebsite.com/2014/04/borderline-transtorno-de-personalidade-limitrofe.html
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá boa tarde. Me chamo Gleice, meu irmão tem 18 anos se chama Wesley e ele esta se cortando o braço dele. Ele não come, não dorme a noite, eu e mainha que colocamos a comida pra ele e ele não come quase nada. Alguem pode me da alguma orientação do que fazer?
Olá Gleice,
Neste caso, o indicado é que vocês o levam para fazer terapia com um profissional da psicologia, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
QUERIA UM CONSELHO,MINHA FILHA ARRANCA SEUS CABELOS ,ISTO É UM TIPO DE MUTILAÇÃO CONCORDA?ELA FAZ TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO E PSICOLÓGICO ,MAS NÃO FUNCIONA EM NADA ,ALGUMA SUGESTÃO?
Olá Daniele!
Este tipo de comportamento é chamado de tricotilomania. O tratamento é feito por psicólogo ou psiquiatra, ok?
Avalie se está havendo melhora, converse com os profissionais, e qualquer coisa, mude para outros.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Eu gostaria de perguntar algo.
Eu já me mutilei muito no passado ate causar lesão em um nervo do pulso, pois fazia cortes muito profundo!
Tem uns 2 anos que parei.
Mas até hoje me dá vontade de fazer isso, e a vontade de morrer nunca some, a 9 anos sofro dessa coisa e sempre achei que não precisasse de ajuda q poderia curar sozinho.
Tudo causado por uma desilusão amorosa em que eu me cortava para aliviar a dor e as vezes sangrar até morrer.
Mas as vezes me da tanta vontade ao ponto de sentir uma coceira violenta nos pulsos, eu os coço ate ferir ou reabrir um corte para aliviar a coceira!
Isso quer dizer algo?
Tenho 34 anos!
Olá Marcelo,
Neste caso é recomendável que você faça terapia com profissionais capacitados para te ajudar (psicólogos e médicos), ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
olá Felipe, eu tenho uma amiga, que significa muito para mim, e ela pratica a mais de dois
anos a automutilação, e eu queria muito poder ajuda-la, o que eu posso fazer ?
Olá Lucas,
O mais indicado é fazer terapia para que este comportamento seja superado, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Felipe,
Minha filha estar cortando os braços e diz que ñao quet viver mais o que eu faço ela tem 22anos.obrigada
Olá Elidiana!
Neste caso, é importante levá-la para fazer um tratamento com profissionais da psicologia e/ou psiquiatria.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Minha namorada si corta eu ainda nao sei o motivo ate onde eu sei num tem nada de errado com a vida dela como posso fazer pra ajudar ela!?
Olá Felipe eu sou um estudante do 2° ano do ensino médio e me interesso por essas causas , no caso tenho uma amiga que é muito comunicativa e aparentemente estrovertida, mas noto que ela se automutila constantemente , você acha que uma ocupação diminuiria automutilação ? uma nova “mania” tipo um esporte , ou algo do tipo ?
Olá Weslley!
É difícil dizer se sim ou se não, já que seria preciso investigar (individualmente) as causas e conseguir a superação delas.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Thalisson,
É muito importante indicar o tratamento com um psicólogo ou psiquiatra, ok?
E como alguém próximo, ter amor e compaixão e ajudar como possível.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Boa tarde descobri que a minha filha de 12 anos se corta nos braços e para além disso não faz as refeições na escola por se achar gorda não sei k fazer. Por favor ajudem me.
Vanessa,
Neste caso é útil levá-la para fazer terapia com um profissional da psicologia em sua cidade, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Chamo-me Jéssica tenho 13 anos notei em mim alterações de atitude quando dei por mim comecei a me cortar tomar comprimidos e o mais grave foi quando cortei o meu cabelo hoje riu-me e choro estou quase sempre triste há uns dias comecei a ter dores de cabeça muito fortes e como muito mas é como se não começe alguem me explica o que tenho?
-Euu Faço Automutilação
Olá Jéssica,
É necessário fazer uma avaliação médica e/ou psicológica. Peça a sua família para te levar em um profissional, ok.
Meus parabéns pela iniciativa em traduzir este belo texto, meu amigo Felipe. No entanto, tenho uma pequena dúvida…
Tenho uma pequena mania e, ultimamente me dei conta que trata-se de uma automutilação, que consiste em arrancar fios de cabelo da minha costeleta direita.
É um hábito extremamente desagradável, que rouba toda minha atenção e geralmente ocorre quando estou exercendo alguma tarefa chata ou quando estou muito ansioso.
Você teria alguma teoria ou solução para este simples trauma?
Forte abraço e obrigado desde já!
Olá Maicon!
Recomendo fazer psicoterapia comportamental. Vai te ajudar a solucionar esta questão. Abraços
olá tenho 41 anos, e as vezes tomo remedio pra ficar doente e não comparecer oas eventos de familia, será que preciso de acompanhamento psicologico?
Oi Rose,
Me parece que há sofrimento nesse processo. Sugiro que você procure sim um profissional da psicologia.
Abraços
já me cortei porque estava triste e ou com raiva… mas pare vi que não era bom para mim, eu estava tão solitária… mas não estou mais.