Nascido em Oak Park, Illinois, EUA, em 8 de janeiro de 1902, Carl Ramsom Rogers era o antepenúltimo de 6 irmãos de uma família protestante, no qual os valores religiosos e tradicionais (fundamentalistas), juntamente com o incentivo ao trabalho duro, eram amplamente cultivados.
Aos 12 anos, Rogers e sua família mudaram-se para uma fazenda onde ele passou a se interessar por agricultura e ciências naturais. Posteriormente, na Universidade, Rogers se dedicaria, inicialmente, ao aprofundamento em ciências físicas e biológicas, entrando no curso de Agronomia.
Em 1922, em viagem à China, abre-se à outras opiniões mais liberais e à diversificação de suas ideias. Logo após graduar-se em História na Universidade de Winsconsin, em 1924, passou a frequentar o Seminário Teológico Unido, em Nova Iorque, onde recebeu uma visão liberal da religião.
Transferindo-se para o Teacher’s College da Universidade de Colúmbia, teve seu primeiro contato com a Psicologia. Nesta mesma Universidade obteve seu título de Mestre, em 1928, e Doutor, em 1931. Suas primeiras experiências clínicas, ainda baseadas na tradição comportamentalista e psicanalítica – a última exercendo maior influência – foram feitas como interno do Instituo de Aconselhamento Infantil.
Neste local, Rogers sentiu a forte ruptura entre o pensamento especulativo freudiano e o mecanismo medidor e estatístico do comportamentalismo. Após receber seu título de Doutor, Rogers passou a fazer parte da equipe da Rochester Center, do qual passaria a ser diretor. No decorrer de sua carreira, foi eleito presidente da APA (Associação Psicológica Americana) por duas vezes e indicado ao prêmio Nobel da Paz em 1987, dias antes de sua morte em 4 de fevereiro.
Rogers foi de fundamental importância por introduzir o conceito atual de psicólogo, pois este trabalho era, até então, realizado somente por psiquiatras; ele também insere o uso da palavra cliente ao invés de paciente. Além disso, sua diferente visão das posições neo-comportamentalistas e neo-freudianas vem a formar a chamada Terceira Força, o Humanismo, que tinha como idéias principais:
– ênfase na experiência consciente,
– a crença na integralidade da natureza e da conduta do ser humano,
– a concentração no livre-arbítrio,
– na espontaneidade e no poder de criação do indivíduo;
– e o estudo de tudo o que possa ter relevância para a condição humana.
Durante o trabalho ativo com clientes, ele adquiriu novas formas de pensar a prática psicoterapêutica que o liberaram da forte amarra acadêmica e conceitual existente no ensino e na prática da psicologia.
Rogers também elaborou importantes conceitos a respeito das terapias em grupo, tendo seus conceitos aplicados à área educacional até o presente.
Falar de sua “Terapia centrada na Pessoa/ no Cliente”, na qual é de fundamental importãncia a ênfase na experiência atual, relacionada ao material trazido pelo cliente no momento do encontro terapêutico, é falar do que é ligado à totalidade da experiência subjetiva vivenciada, o que se liga, igualmente aos sentimentos mais íntimos.
A Terapia Centrada no Cliente se refere ao que se é imediatamente sentido e que é implicitamemente significativo para o sentimento que o sujeito experimenta ao ter uma experiência. O terapeuta, assim, age como um facilitador e um espelho para os sentimentos e pensamentos do cliente, que passa a tomar mais consciência e contato com seu material vivencial, “percebendo” aspectos de sua personalidade e de seus comportamentos que lhe escapavam anteriormente.
Daí, o cliente, auxiliado pela ajuda terapêutica, acaba por modificar ou amadurecer o conceito que tem de si e, consequentemente, a reavaliar suas estratégias de vida e visão de mundo. No fundo, todo o processo, em seu andamento, é fruto da ação do próprio cliente, de sua imersão no processo terapêutico e de seu grau de investimento no mesmo. Por isto o nome: “Abordagem centrada no Cliente ou na Pessoa”.
Os principais aspectos da abordagem rogeriana são:
– atenção ao impulso sutil, mas sempre existente, em direção ao crescimento, à saúde e ao ajustamento, pois a terapia nada mais é que a ajuda para a libertação do cliente em sua busca natural para o crescimento e o desenvolvimento normais;
– maior ênfase aos aspectos afetivos e existenciais, que são muito mais potentes que os intelectuais;
– maior ênfase ao material trazido pelo cliente e à sua situação imediata do que ao passado;
– grande ênfase no relacionamento terapêutico em si mesmo, que constitui um tipo de entidade orgânica que se forma a partir do encontro entre o terapeuta e o cliente e que, em si, contribui para a experiência de crescimento de ambos, cliente e terapeuta.
Olá, muito bom seu texto, esclareceu algumas dúvidas que estava tendo em relação a fundamentação, desta perspectiva de Rogers que foca no cliente, no que ele trás consigo, e como deve-se olhar para esta situação… Obrigada *_*
Boa noite, Gostaria de saber quais seriam as referências bibliográficas desse texto. Obrigado!
Tornar-se Pessoa é o livro de referência para começar a estudar Rogers.
quero saber mais sobre a vida de carl rogers vou fazer uma apresentaçao na faculadade…
Gostei muito desse texto, mesmo curto, foi muito util…
Ola professor Felipe,
gostaria de me aprofundar mais nessa abordagem de Rogers.
Pensei em algum curso de aprimoramento ou especialização. Você indica algum aqui na cidade de SP?
obrigada
Adriana
Adriana, infelizmente não. Estamos criando um Curso sobre o Tornar-se Pessoa (online).