A Entrevista Clínica
A entrevista clínica possui sempre como objetivo final a intervenção terapêutica. O cliente ou paciente apresentará um comportamento do qual quer se ver livre dele. Assim uma análise detalhada da história comportamental deste deve ser realizada sempre sob o enfoque de uma intervenção que vise o seu bem-estar.
Assim, a entrevista visa o estabelecimento de uma interação especial, onde o terapeuta possui um lugar privilegiado da escuta, sendo que desta forma, poderá contribuir para amenizar os problemas de uma determinada pessoa.
Entrevista x Observação direta.
Tanto a entrevista como a observação direta possuem suas limitações. Hayes propõe a divisão do comportamento humano em três categorias:
1) Respostas motoras : Observação direta
2) Respostas Cognitivo – verbais : Relatos verbais: Entrevista
3) Respostas fisico – emocionais : Medidas fisiologicas e relatos verbais
1.2- A entrevista clínica inicial
Esta é de extrema importância no que diz respeito na formação das primeiras impressões do cliente e do terapeuta. É crucial no sentido de também ser através dela que elaboramos nossas primeiras hipóteses diagnósticas.
Elas podem ser de dois tipos:
Triagem: Verificar se o cliente deverá ou não fazer psicoterapia.
Terapêutica: O profissional dará imediata continuidade ao tratamento.O primeiro objetivo é interacional, ou seja, através dela o terapeuta procurará estabelecer uma relação de confiabilidade com o cliente. É de extrema importância também, que o terapeuta procure através dela motivar o cliente para o início do tratamento. O segundo já diz respeito à coleta dos dados. É válido ressaltar que este objetivo não deve atrapalhar em nada a interação já estabelecida de forma preliminar.
Modelo ou estrutura de entrevista
Haynes (1978) propõe que, até um levantamento de todas as possíveis áreas problema, a entrevista seja aberta, o mesmo deve ocorrer sempre que se introduzir um assunto novo. De início pode ser necessário usar alguma técnica para baixar a ansiedade do cliente. Para Balau (1980) – E.C.I possui quatro etapas: “ etapa principal”, “ queixa livre”, “ queixa dirigida” e “encerramento”. Para KEEFE (1980) deve-se iniciar procurando informações gerais, posteriormente os dados são operacionalizados.
A entrevista inicial pode ser melhor analisada se subdividida em três etapas:
1) Introdução: Rapport.
2) Desenvolvimento:
Quando deve ser conhecido o problema ou problemas do cliente através de dados que permitam uma análise geral e preliminar dos mesmos. Portanto é aconselhável que se tenha uma sequência na qual os assuntos possam ser tratados, pois não se deve nunca induzir o cliente a qualquer resposta nem lhe pedir detalhes. Evita-se apenas que o cliente se desvie do motivo pelo qual procurou tratamento. Num segundo momento, quando o cliente já expôs amplamente seu problema, o terapeuta usará de estratégias mais diretivas para obter dados mais específicos e precisos
3) Encerramento: Pode-se encerrar uma E.C.I através dos seguintes passos:
Dar pistas ao cliente de tempo está se acabando;
Evitar a introdução de assuntos novos e/ou que gerem perturbação emocional;
Verificar se o cliente não está com dúvidas importantes;
Deixar muito claro ao cliente qual será seu encaminhamento, dali em diante.
Habilidades de entrevistarAlgumas estratégias são necessárias para se obter dados de interesse e desenvolver a entrevista dentro de sua estrutura. Estas podem variar dependendo das características do terapeuta e do paciente. As técnicas se referem as habilidades e comportamentos utilizados pelo terapeuta. Algumas destas habilidades são:EMPATIA
- Atitudes ou conjunto de sentimentos positivos que o terapeuta apresenta ao cliente.
- Autenticidade, sinceridade, genuinidade, honestidade, etc…
- Fazer transparecer os sentimentos através de comportamentos verbais e não verbais.
- Ser empático: ser reforçador.
- Aceitar o outro sem preconceitos.
- Empatia: comportamentos encobertos
COMPORTAMENTOS NÃO VERBAIS
- Relacionados ao tom de voz, expressão facial, postura, etc…
- Respostas não verbais adequadas à entrevista clínica.
- Estar de acordo com a especificidade de cada caso.
PERGUNTAS
- As perguntas devem ser únicas.
- A quantidade deve ser controlada.
- Esperar a resposta do cliente.
- Devem se relacionar aos objetivos da entrevista.
- Evitar os “por quê”.
- Utilizar bem as questões abertas e fechadas.
- Abertas: fazer o cliente falar.
- Fechadas: esclarecimento sobre alguma coisa que não ficou clara.
PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO E COMPLEMENTAÇÃO
- Pequena interrupção para esclarecimentos: pergunta fechada.
- Pode também ser sugerido para o final da entrevista.
OPERACIONALIZAÇÃO DA INFORMAÇÀO
- Habilidade introduzida pelos terapeutas comportamentais: valorização da informação.
- Ajudar o cliente no relato das informações: evitar equívocos.
- Operacionalização: garantir a comunicação.
- Descrição do problema de forma objetiva.
- Análise comportamental: descrição sistemática dos comportamentos apresentados.
- Aproximar o cliente da linguagem comportamental.
PARAFRASEAR
- Repetição por parte do terapeuta de frases ditas pelo cliente.
- Pode-se admitir alterações nesta repetição desde que o conteúdo permaneça o mesmo.
REFLEXÃO DE SENTIMENTOS
- Descrição dos sentimentos do cliente.
- Facilita o cliente a identificar seus sentimentos: relevância terapêutica.
- Conteúdo afetivo.
SUMARIZAÇÃO OU RESUMO:
- Apresentar uma síntese das principais informações;
- Verificar possíveis erros no entendimento;
- O cliente revê a sua fala e acrescenta outros dados;
- Utilizar em casos de muita informação ou indícios de equívoco por parte do terapeuta;
- Resumir partes da entrevista durante seu desenvolvimento;
- Indispensável no final da entrevista.
O TERAPEUTA É QUEM CONTROLA A ENTREVISTA:Seqüência:
- Manutenção da qualidade e fluxo da interação;
- Reciprocidade;
- Intervenções e redirecionamento: transições e timing;
- Seqüências possíveis:
1. fala contínua do cliente com colocações pertinentes por parte do terapeuta.2. Intervenção do terapeuta para redirecionar o cliente a assuntos relevantes.OUTRAS HABILIDADES:
- Facilitação da comunicação;
- Interpretação;
- Uso do silêncio;
- Reforçamento diferencial.
As habilidades supracitadas não são todas as habilidades relevantes para o ensino da entrevista clínica. São as mais freqüentemente citadas e mais tradicionais.Habilidades inevitáveis:
- Sentimentos em relação ao cliente;
- Respostas não verbais;
- Intervenções verbais e perguntas;
- Interação.
Habilidades optativas:
- Parafraseado;
- Sumarização;
- Reflexão de sentimentos.
BALLEWEG (1990), alerta que a maior causa de fracasso em psicoterapia é uma avaliação inadequada. E enfatiza habilidades específicas de coleta de dados:
- Sumarização;
- Operacionalização especificação das queixas;
- Formas de perguntar;
- Definição do que perguntar.
Observações importantes:
- Necessidade de auto-conhecimento;
- Contingências que eliciam ansiedade:
- Aprendizagem deve incluir habilidades para controlá-las.
- A presença da ansiedade pode interferir amplamente no desempenho das demais habilidades esperadas de um bom entrevistador.
Gostaria das referências, para pesquisar mais sobre o assunto. Tens? Haynes, Balau, Keefe…
Olá Plínio,
Infelizmente não tenho.
Este foi um trabalho que fiz há anos na época da graduação, ok?
Na época não anotei as referências.
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Gostei imenso do conteúdo sobre entrevista clínica psicologia, foi exposta de forma simples e fácil compreensão.
Amei essa página é muito interessante pro meu curso!