Lavo louça todos os dias. E é impressionante como se pode aprender coisas, lavando louça. Afinal, é algo que quase ninguém gosta de fazer. E é justamente nisso que podemos aprender.
Nunca teremos na vida apenas o que gostamos. Mas em nossa sociedade, vemos como há uma busca desenfreada por prazer imediato.
As relações amorosas, por exemplo, se tornaram rápidas, fugidias, efêmeras, passageiras… qualquer desconforto ou problema, qualquer briga ou desentendimento e as relações acabam. É o que o sociólogo Zygmunt Baumam descreve em seu livro Amor líquido. Recomendo a leitura.
Existe um termo que não é usado muito em português (mas é comum em inglês) que se chama resiliência – em poucas palavras: a capacidade de suportar aquilo que não gostamos, as frustrações, as dificuldades, os problemas.
E a melhor forma para suportar as pequenas coisas desagradáveis é desenvolver a paciência. Diz o provérbio que sorrindo, conseguimos duplicar as nossas capacidades.
Ficar estressado, irritado ou impaciente com uma situação incômoda, afinal, não vai resolver geralmente a situação. Assim como a preocupação não resolve um problema.
E o que é paciência?
Paciência é uma virtude a ser cultivada. O exemplo mais comum, entre nós, é respirar fundo 10 vezes, contando:
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Paciência é a virtude de saber que os outros podem errar. Que eu posso errar. Que o mundo pode parecer errado às vezes. Mas continuamos acreditando que pode melhor. Esperamos e fazemos o possível para que melhore.
Um mestre zen certa vez disse para o seu discípulo:
– “Você é perfeito… e ainda pode melhorar!”
Paciência é este carinho, de ver no outro o potencial não desenvolvido, a capacidade de mudar.
Eu nunca pensei que lavar louça pudesse me ensinar algo. Aprendi que não podemos ter sempre o que queremos, na hora que queremos. E vou aprendendo a ser uma pessoa mais paciente.
Texto: Felipe de Souza
Psicologia MSN.com
Felipe, gostei muito do seu texto por me identificar com ele em 3 aspectos. Um deles é o de não gostar de lavar louças. O outro é de ver no ato de fazer o que não gosta uma oportunidade para desenvolver a resiliência. Agora o principal mesmo é a oportunidade de aprender. Já aprendi muito nos momentos em que me deparei com a pia cheia de louças e precisei lavá-las. Minhas reflexões buscavam respostas às perguntas: por que não gosto de lavar louças? Por que quando cozinho, lavar louças é mais fácil do que se outra pessoa tiver cozinhado? Será que não gostar de “sujar” minhas mãos com gordura é algum tipo de TOC? Minha estratégia passou a ser de lavar 10 peças. Lavo 10, paro. Volto depois, lavo outras 10…risos. No final das contas, sei que o problema não é a louça. São outras coisas que tenho para resolver e que, por não somar nada na solução de outras pendências, gera a sensação de energia gasta em vão, criando esse “bloqueio mental”. Parabéns pelo trabalho. Abs!