Como vocês devem saber, estou fazendo Doutorado na UFJF, no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Estudo Psicologia da Religião e vou escrever a minha tese sobre a obra de C. G. Jung.


Nesta última semana, estudamos um texto de Jung chamado: “Considerações teóricas sobre a natureza do psíquico”. Em alemão, o título é bem mais simples: Der Geist der Psychologie, o Espírito da Psicologia.


Neste texto, na página 191 do livro A Dinâmica do Inconsciente, Jung dá a sua definição de inconsciente:


O inconsciente retrata um estado de coisas extremamente fluido: tudo o que eu sei, mas em que não estou pensando no momento; tudo aquilo de que um dia eu estava consciente, mas de atualmente estou esquecido; tudo o que meus sentidos percebem, mas minha mente consciente não considera; tudo o que sinto, penso, recordo, desejo e faço involuntariamente e sem prestar atenção; todas as coisas futuras que se formam dentro de mim e somente mais tarde chegarão à consciência; tudo isto são conteúdos do inconsciente”.

Decidi passar a vocês este trecho pois é muito comum as pessoas não entenderem direito o que quer dizer a palavra inconsciente.


Em primeiro lugar, temos que considerar que existem muitos fatores em nossa mente, em nossa alma que não compreendemos, que não conhecemos. Coisas que realmente não sabemos que existem – mas que existem.


Os sonhos são os melhores exemplos. Passamos cerca de 30% de nossas vidas sonhando, sem que sejamos nós que controlemos o que sonhamos e como sonhamos. “Os sonhos são as palavras-guias da alma”, nos diz Jung. Eles nos determinam sem que saibamos o seu sentido. 


E o que cria os sonhos? A Psicanálise de Freud e a Psicologia Analítica de Jung vão dizer que é o Inconsciente, esta parte de nossa alma que influencia a nossa vida a partir de dentro.


O Inconsciente, nas palavras de Jung, é tudo aquilo que recebemos através dos sentidos, mas de que não estamos conscientes agora. Como possivelmente você não está consciente da sua orelha esquerda, até que eu diga orelha esquerda.


Também faz parte do conceito de inconsciente, tudo aquilo que em potência já possúimos mas que vamos desenvolver apenas no futuro. Temos ai tudo o que pode ser uma grande virtude, mas também tudo o que pode ser um fator moral a ser considerado, como a raiva, a tristeza, o medo…


Robert Johnson, um grande analista junguiano, nos diz que é mais fácil pensarmos no que temos de ruim (dentro do inconsciente) do que aquilo que temos de bom, de bem, de sagrado.


Afinal, imagine pensar que o seu coração possui todos os elementos que tornaram possivel a um ser humano ser considerado santo. Imagine: eu, um santo? Eu, uma pessoa nobre? Eu, uma pessoa amorosa?


Realmente, é mais fácil pensarmos no que temos de ruim: os sete pecado e os erros passados, a maldade ou a desconfiança, a incerteza ou a dúvida, a possibilidade de ser egoísta e ver apenas o próprio umbigo…


Evidentemente, o tema do inconsciente é muito vasto. Levamos anos e anos estudando qual é a definição de inconsciente. Pois para Freud, encontramos uma definição, para Jung encontramos outra, para Lacan ainda outra.


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