Separei especialmente para vocês, um trecho do Curso sobre Sonhos, para conversarmos um pouco aqui sobre o modo de interpretar os Sonhos de Jung e de sua Psicologia Analítica.

Os trechos são do Livro Vermelho.

Não estou utilizando aqui a versão traduzida para o português. A tradução abaixo é minha:

“Os sonhos são as palavras-guias da alma. Porque então eu não deveria amar os meus sonhos e fazer de suas imagens objetos da minha consideração durante o dia? Você pensa que o sonho é imbecíl e inábil. O que é bonito? O que é inábil? O que é hábil? O que é imbecíl? O espírito deste tempo é a sua medida, mas o espírito das profundezas o ultrapassa-o no começo e no fim.

O espírito das profundezas me ensinou ainda a considerar minhas ações e minhas decisões como sendo dependentes dos sonhos.

Os sonhos pavimentam o caminho para a vida, e eles determinam você sem que você compreenda a sua linguagem.

Alguém poderia gostar de aprender esta linguagem, mas quem pode aprendê-la e quem pode ensiná-la? A Universidade e os acadêmicos não são suficientes; há um conhecimento do coração que dá um insight mais profundo. O conhecimento do coração não está em nenhum livro e não pode ser encontrado na boca de nenhum professor, mas cresce de dentro de você como a semente verde cresce da terra escura. A academia pertence ao espírito do tempo, mas este espírito não pode captar o sonho, pois a alma está em todo o lugar aonde os acadêmicos não estão.

Mas como se pode obter este conhecimento do coração? Você pode obter este conhecimento apenas vivendo a sua vida completamente. Você vive sua vida completamente apenas se você viver aquilo que você nunca viveu, mas deixou para os outros viverem ou pensarem”.

Em nota de rodapé, lemos que em 1912 Jung argumentou que os conhecimentos acadêmicos era insuficientes para aqueles que querim se tornar “conhecedores da alma humana”. Para chegar a isto, a pessoa deveria “abandonar as ciências e retirar a beca de acadêmico, dizer adeus ao seu estudo e vagar com o coração humano pelo mundo, pelos horrores das prisões, pelos hospícios e hospitais, pelos bares e botecos, pelos bordéis e casas de apostas, através dos salões da alta sociedade, dos mercados de ações, dos encontros socialistas, pelas igrejas e extases das seitas, experienciar o amor, o ódio e a paixão em cada forma no próprio corpo”.

Jung diz claramente que atingimos muitas realizações nos sonhos. Conseguimos evoluir em pontos que estávamos parados e, as vezes, essa evolução nem é percebida diretamente pela consciência. Talvez alguém comente: – “Você está diferente!” ou talvez você mesmo perceba ao acordar uma mudança de atitude, quando tudo parece estar mudando.

Bem, esta mudança não é rápida, nem linear.

O processo se asselha mais à dar voltas em um círculo. Mas ao passarmos pelo mesmo ponto, da segunda vez, já não será como da primeira. Assim como na terceira vez não será mais como na segunda e deste modo vamos.

Esta forma é chamado por Jung de circuambulação. Dar voltas em um círculo.

“Os sonhos são as palavras-guias da alma”, nos diz Jung. São as palavras que guiam a alma na direção em que ela deve seguir.

Pense que esta direção não é dada pela sociedade, pelos pais, pela religião ou pelos valores compartilhados, enfim, pelas outras pessoas.

A sua direção é única – só cabe a você se descobrir e se conhecer. E os sonhos nos auxiliam neste processo.

O que Jung diz ser o Espírito do Tempo (Zeitgeist, em alemão) é justamente o que é compartilhado por todos: o que todos acreditam ser certo, justo, bom e belo em uma determinada época.

Ora, na época seguinte, digamos, daqui a cem anos, todos estes valores terão em sua maior parte mudado.

“O espírito deste tempo é a sua medida, mas o espírito das profundezas o ultrapassa-o no começo e no fim”.

O Espírito da Profundeza é o que se opõe ao Espírito do Tempo.

A Psicologia Analítica de Jung muitas vezes é chamada de Psicologia Profunda: a psicologia que estuda das profundezas da psique, da alma humana. Mas o que é esta profundeza?

No Livro Vermelho, entendemos que esta profundeza é o que nos une à todos os outros seres e à todas às outras épocas. Nesse sentido, temos influência do que se desenvolveu há muitos séculos atrás e, embora possa parecer incrível, do que ainda está por acontecer.

O Espírito da Profundeza, desta forma, não possui os limites do tempo-espaço do Espírito do (nosso) tempo. Ele o ultrapassa no começo e no fim.

Jung continua:

“O espírito das profundezas me ensinou ainda a considerar minhas ações e minhas decisões como sendo dependentes dos sonhos. Os sonhos pavimentam o caminho para a vida, e eles determinam você sem que você compreenda a sua linguagem”.

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