Escrevo este texto a pedido de uma querida leitora, a qual me sugeriu o tema do lesbianismo. Entretanto, falarei em geral sobre a homossexualidade.
Falar de gays, lésbicas e simpatizantes é sempre um pouco complicado. Complicado porque muitas pessoas são preconceituosas. Imagine um pastor evangélico com a filha lésbica! Ou uma senhora católica com o filho gay!
Não é a toa que citei o preconceito religioso da homossexualidade.
A nossa tradição, a nossa história é grego-judaico-cristã. Evidentemente os romanos, ou latinos, também tem parte nela.
Os gregos deixaram o seu legado através da filosofia. Os judeus e os cristãos através da Bíblia de seus ritos e rituais. Interessante notar que o Novo Testamente foi escrito em grego…
Os gregos não eram preconceituosos com relação à relação homo-erótica, com as relações sexuais e amorosas entre pessoas do mesmo sexo. Dizem que Aristóteles iniciou sexualmente Alexandre, o Grande… ou seja, o amor entre homens era considerado por eles o amor mais sublime.
Entretanto, com o surgimento do Cristianismo, tudo isto é mudado. Toda relação que não seja especificamente voltada para a reprodução é tida como perversa ou como pecaminosa.
(Nesse sentido é que Freud falará que, se tudo o que não é voltado para a reprodução é perverso, um beijo na boca também é perverso).
Há, no Cristianismo, uma grande ênfase na castidade e no puritanismo. O puritanismo é muito presente nos Estados Unidos, onde por exemplo, a posição sexual conhecida como papai-mamãe é conhecida como a posição do missionário (missionary position).
Bem, voltando aos gregos, no diálogo de Platão conhecido como O Banquete, temos uma teoria muito interessante sobre o surgimento das tendências sexuais. Confira o Mito do Surgimento dos Sexos.
Em resumo, o mito diz que haviam antes 3 sexos: o sexo macho, o sexo fêmea e o sexo andrógino (literalmente em grego, homem-mulher). Como estes seres eram inteiros, eles eram muito fortes.
Certa vez, tentaram subir aos céus. Algo como o que foi tentado e descrito na Bíblia através do Mito da Torre de Babel.
Os deuses, liderados por Zeus, perceberam o que estava acontecendo e decidiram fazer algo. Depois de muito pensar, Zeus decidiu dividir cada um dos sexos em dois, em duas metades.
Assim, após o corte as metades de cada ser procuravam a cada metade que perdiam. No desenho 4, vemos que a metade homem buscava a outra metade homem. Neste caso, teríamos a homossexualidade masculina, os gays.
No desenho 5, vemos que a metade mulher buscava encontrar a sua outra metade, também mulher. Neste caso, teríamos a homossexualidade feminina, as lésbicas.
No desenho 6, vemos que a metade homem buscava encontrar a sua outra metade, que era mulher. Neste caso, teríamos a heterossexualidade, os casais heteros.
É deste modo que Aristófanes tentou explicar a tendência sexual de cada ser humano na atualidade.
Esta teoria apresenta-se como uma teoria que defende a origem da homossexualidade e da heterossexualidade como sendo biológicas. Ou seja, antes do nosso modo de ser, os corpos eram diferentes. Pela mudança que ocorreu, surgiram as diferenças, alguns seres buscam pessoas do mesmo sexo enquanto outros buscam pessoas do sexo oposto.
Outra teoria possível, é a que diz que a definição da tendência sexual não vem com o corpo mas sim através da vida de cada, da história de vida que cada um teve.
A teoria psicanalítica irá nesta direção. Entretanto, a decisão – ser gay ou não, ser lésbica ou não – não é propriamente uma decisão consciente. Envolve as relações de cada um em seu Complexo de Édipo.
Por exemplo, uma menina pode se identificar mais com o pai do que com a mãe. Neste caso, sua personalidade seria mais masculina do que feminina. Mas isto só será decisivo para o homossexualidade se o seu objeto de desejo foi como o do pai. Assim, ela será parecida com o pai e desejá o que o pai desejo, ou seja uma figura feminina.
Além disso, frustrações outras ao longo da vida podem mudar estas posições psíquicas. É o que é defendido no texto escrito por Freud, A psicogênese de um caso de homossexualismo em uma mulher.
A questão da homossexualidade é, como disse de início, muito complicada porque traz sempre à tona preconceitos, choques culturais e inter-pessoais.
Penso que a decisão recente que permite a união civil entre pessoas do mesmo sexo é correta por partir do princípio de que todos nós somos iguais perante a lei. Se somos iguais, porque tratar diferente alguns? No caso, os homossexuais?
Penso também que em muitos casos o sofrimento vivenciado interiormente, pelo preconceito social, pode ser indicativo da necessidade de realização de uma terapia com um psicólogo ou psicanalista.
Rever as posições tomadas, estar consciente de suas próprias questões é o que leva a se ultrapassar tudo.
legal o post,bem informaivo.
agora,meiz uma coisa, e aquela estória q uma psicológa do Rio acho, teriA "curado" homossexuais.procede? o q achas disto?
Olá querido leitor!
Eu acho que é uma questão bem preconceituosa falar de cura de homossexuais. Afinal, a homossexualidade é uma doença a ser curada?
Mas de qualquer forma, há aí uma questão importante: a tendência sexual de cada um é uma escolha que pode ser mudada?
Se esta fosse a demanda de atendimento, na clínica, penso que implicaria em anos de análise…
Muito legal!
Informativo e espero que tenha mais.
Bom e quanto a o outro comentário, quem tem que se curar é ela, dos seus infelizes preconceitos, como pode uma psicologa tenta algo assim e pior porque só estimula mais o preconceito de quem é contra a homossesualidade.
Sem palavras …
Não existe cura de homossexuais pois homossexualidade não é doença. O que pode-se fazer é hipnotizar, ou seja, reprimir o homossexual. Ele vai acreditar que é hétero, mas cedo ou tarde vai se dar conta de sua essência.
Colocar um pouco de lado o cristianismo é uma forma de enfrentar o preconceito e abrir os olhos.
Caro Felipe,tenho algo interessante pra contar…nasci bi-sexual,toda minha vida vivi assim num mundo de sofrimentos,angustiado,depressivo, sem vontade de viver.aos 15 anos tentei suicidio,pois eu não me aceitava e nem saberia falar desse assunto com meus pais…(que diga se de passagem,eram analfabetos…..a atração que eu sentia por mulheres também sentia por rapazes….hoje tenho 50 anos e PASMEM continuo olhando alguns rapazes diferente…..mais nunca mais,fui para a cama com alguém do mesmo sexo……há anos…..meus pais antes de morrerem me disseram que acompanhavam todos os meus sofrimentos,e que se eu tivesse feito uma opção diferente eles me amariam da mesma forma…..obs. Ninguém se torna gay…..nascemos diferentes.quem fala aqui é um senhor de 52 anos que até hoje sofre por ser DIFERENTE.
Olá Sebastião!
Obrigado por comentar!
Atenciosamente,
Felipe de Souza