Supersticioso, eu? Imagina…


Uma das definições de superstição pelo dicionário Michaelis é:


Presságio infundado ou vão que se tira de acidentes ou circunstâncias meramente fortuitas.


Acho que não há como não se identificar com este tema. Quantos de nós não já ouviram ou mesmo acreditam que passar debaixo de escadas traz má sorte? E que uma vassoura atrás da porta expulsa visitas indesejadas? Ou ainda que o pobre do gatinho preto, se cruzar nosso caminho, nos trará azar?


Quem também não já deu os famosos pulinhos na virada do ano e depois disse: “ah, eu não sou supersticioso, mas vai que funciona, né?”. Ou então proferiu a famosa frase “isso só acontece comigo”, em tom enfático, após um evento desagradável?


Essas são algumas das superstições difundidas na nossa sociedade. O que muita gente não sabe é que a psicologia comportamental se ocupa, também, do estudo do comportamento supersticioso.


O comportamento supersticioso ocorre quando uma resposta é contígua a um determinado estímulo. Isso significa que não há uma relação de continuidade entre tal estímulo e tal resposta.


Facilitando. O que acontece é que atribuímos a um determinado estímulo de nosso ambiente uma resposta que nada tem a ver com o mesmo.

Com a vassoura atrás da porta, por exemplo. Alguém já contou o tempo que leva para essa “mágica” dar certo? Será que a visita não vai embora simplesmente porque já iria embora?

Talvez possamos até pensar por outro caminho. Se um determinado indivíduo coloca a vassoura atrás da porta para expulsar uma visita é porque já está cansado da mesma, portanto, pode começar a emitir comportamentos como bocejar, responder sem muita empolgação, não dar continuidade ao assunto da conversa etc. E, agindo assim, provavelmente a visita irá embora mais cedo. Concordam?

O que acontece é que este mesmo indivíduo que colocou a vassoura atrás da porta também emitiu outros comportamentos, mesmo que não se dê conta. Porém, quando a visita vai embora, este atribui o fato a simples vassoura atrás da porta. Curioso, né?

Existem vários experimentos realizados em laboratório que demonstram a instalação e a manutenção desses comportamentos supersticiosos até mesmo em animais. Basta procurar em qualquer buscador online que eles serão encontrados!

Enfim, eu não acho que ser supersticioso seja um problema desde que isso não atrapalhe a nossa vida cotidiana. E, cá entre nós, quem não for que atire a primeira pedra! Porém é bom não contar somente com a sorte para alcançar o que queremos.

Algumas vezes pensar um pouco sobre quais as reais relações de causa e efeito que controlam o nosso comportamento pode ser a chave para mudanças! 

Texto: Lázaro Castro