Estou lendo atualmente um livro muito interessante de PNL, Programação Neuro-Linguísitca. O título do livro é Mind-lines, lines for changing minds. Não consegui descobrir ainda se há alguma tradução para o português. Uma tradução do título seria: Linhas da mente: linhas para mudar a mente.

Este livro explica de forma simples o que é difícil explicar: como nós construímos um sentido ou significado sobre as coisas, sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre nós mesmos.

Existe um exemplo, dado pelo autor, Michael Hall que é ótimo.

Imagine o pai chegando em casa, sentindo-se cansado depois de um longo dia de trabalho. Ele entra na sala e vê seu filho adolescente deitado no sofá assistindo TV. O que este pai diz para si mesmo? O que ele pensa ao entrar em casa e ver seu filho?

Ele pode pensar que seu filho é um preguiçoso e poderia estar estudando, trabalhando, lavando a louça. Mas, por outro lado, se pensarmos bem, ele bem que poderia pensar: graças a Deus meu filho tem a possibilidade de descansar e ter o conforto que eu não tive quando tinha a idade dele.

São duas visões, dois pensamentos completamente diferentes, não é mesmo? Um lhe dá satisfação de poder proporcionar para o filho um bem estar que ele mesmo não teve. O outro posicionamento provavelmente lhe dará raiva e descontentamento.

As duas visões são chamadas em PNL de frame (perspectiva ou contexto). Dependendo da perspectiva o sentido do que o pai vê será um – a preguiça – ou será outro – o bem estar do filho.

A palavra frame em inglês dá a ideia também de quadro de referencia ou moldura. Vendo a cena em sua frente, podemos colocar diferentes molduras. O que acontece realmente, no caso do exemplo, é muito simples: um rapaz vendo TV. A única coisa real é isso. Entretanto, o pai pode colocar a moldura da preguiça, do descanso, do bem estar, da felicidade e assim por diante.

Lembro agora também, embora seja outra área, de um exemplo dado pelo psicanalista francês Jacques Lacan. Um menino recebe um leve tapa no rosto. Por alguns segundos (até descobrir a moldura que deve colocar) não sabe se chora ou se ri. Pois, tanto poderia ser uma bronca, um xingamento como também poderia ser um elogio, como quem diz: ê rapaz! Muito bom!

Até colocarmos o quadro de referências (que, em geral, não percebemos) o que existe são apenas fatos, que poderiam ser descritos objetivamente. Uma mão deu três tapas em minha face. Um garoto está sentado vendo tv.

Mudar o quadro de referencias é chamado em PNL de ressignificação, ou seja, significar novamente, mudar o nosso quadro de referências. Pode parecer algo simples ou banal. Mas dependendo do nível em que é feita esta ressignificação, pode mudar uma vida inteira.

Como exemplos, podemos pensar em:

a) uma pessoa pensa que ganhar dinheiro é sujo. Se ela mudar esse significado, se ela ressignificar, poderá ser muito mais fácil para ela ganhar dinheiro.

b) uma pessoa que passou a vida inteira vivendo para ganhar dinheiro. Depois de anos e anos, ela ressignifica: sai da cidade grande e vai morar no campo, e passa a ganhar muito menos.

As duas pessoas ressignificaram. As duas pessoas escolheram um caminho melhor para elas mesmas. Falarei mais sobre este assunto e como temos muitas maneiras, simples e práticas, para mudarmos o modo como vemos as coisas, para deixarmos de lado um quadro de referencias e adotarmos outro. Enfim, para ressignificarmos o que nos limita e causa sofrimento. A fim de que possamos encontrar caminhos melhores para seguir.